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Após 12 anos, Valdir Oliveira se despede do Sebrae-DF: “Sensação de missão cumprida”

Em entrevista ao JBr, Valdir comemorou conquistas, relembrou sua jornada à frente do Sebrae e trouxe expectativas para o futuro

Redação Jornal de Brasília

27/12/2022 7h05

Foto: Breno Esaki/Jornal de Brasília/Cedoc

Elisa Costa
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Em clima de despedida, o superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do DF (Sebrae-DF), Valdir Oliveira, deu entrevista ao Jornal de Brasília e explicou como se sente ao deixar a instituição, que a partir do próximo ano será liderada por Rose Rainha. Na oportunidade, ele também comemorou suas conquistas, contou sobre a importância do trabalho que realizou ao longo de mais de uma década dentro do órgão e suas expectativas para o futuro.

Como se sente deixando a superintendência do Sebrae-DF?

Eu estou encerrando esse ciclo no Sebrae do Distrito Federal após 12 anos envolvido na condução dos trabalhos e tivemos resultados maravilhosos, mas acho que o ciclo chegou ao fim. É muito importante a oxigenação das instituições, eu entendo isso, principalmente quando a imagem da instituição começa a se confundir com a imagem do líder e vice-versa. Eu acho que estava na hora de fechar o ciclo e agora vou seguir outros projetos. No primeiro instante vou descansar, mas quero seguir projetos que ainda estão sendo definidos.

O que planeja para o futuro?

Tem uma música do Fernando Brant, que se chama Encontros e Despedidas, essa música coloca que o mesmo trem que chega na estação é o que parte para uma nova jornada. O meu trem chegou na estação do Sebrae-DF e esse ciclo agora chegou ao fim, mas não quer dizer que a gente não faça novas viagens. Tem uma pessoa que foi muito importante na minha vida, uma pessoa pública, que foi o ex-governador Rodrigo Rollemberg, um grande amigo. Quando ele me convidou para ser secretário do Desenvolvimento Econômico ele usou uma frase que nunca esqueci: “Quem não vive para servir não serve para viver”. Brasília me deu uma família, bons amigos, uma formação profissional e a oportunidade de realizar muitos sonhos, chegou a hora de retribuir para Brasília tudo que ela me deu. Quero que Brasília continue sonhando, para que eu possa brigar pelos sonhos de Brasília onde eu estiver. Vou continuar servindo as pessoas porque esse é o melhor caminho para construir nossa própria felicidade.

Quais foram as suas principais conquistas enquanto esteve à frente do Sebrae-DF?

A grande transformação que me deixou muito feliz foi a ampliação do nosso atendimento. Em 2011, quando cheguei ao Sebrae, a gente fazia em torno de 25 mil atendimentos de CNPJs distintos. Em 2022 eu saio do Sebrae que hoje atende cerca de 90 mil CNPJs, ou seja, é quase o triplo do número anterior. Esse número para mim é muito marcante, porque saio com a sensação de consolidar um Sebrae diferente do que eu peguei. Saio com a sensação de que nós ampliamos e fizemos um trabalho mais próximo dos pequenos empreendedores, com a condição de atender ainda mais pessoas. Saio com a sensação de missão cumprida, porque foram anos de transformações que trazem esses números que nos orgulham muito.

Na sua visão, porque é tão importante apoiar nossos pequenos empreendedores?

Quando a gente fala de pequenos empreendedores, estamos falando, no último ano de 2021, daqueles que foram responsáveis por mais de 70% dos empregos gerados na cidade. Não há o que falar sobre desenvolvimento, retomada, distribuição de renda e geração de emprego se não for através dos pequenos empreendedores. Essa pandemia trouxe um empobrecimento do Brasil, então nós tivemos em grande escala a volta da fome, um impacto no desemprego, as empresas fechando – empresas de 50 anos de história que fecharam as portas. Essa retomada da nossa economia não pode ser feita aumentando essa concentração, ela precisa ser feita com uma distribuição de renda e geração de empregos. Isso só é possível através de pequenos negócios. A importância de dar foco às micro e pequenas empresas é na verdade o caminho para o desenvolvimento que o Distrito Federal e o Brasil precisa.

Com o novo governo Lula e mais quatro anos de Ibaneis, o que pode mudar no Sebrae?

Acho que não vai mudar muita coisa. O Sebrae tem uma máquina, uma estrutura muito bem trabalhada e bem adaptada para fazer o suporte aos pequenos empreendedores, e estamos preparados para atuar independente dos governos. Eu acredito que o governo Ibaneis se manteve muito próximo do Sebrae nessa gestão que se encerra e vai continuar muito próximo, seguramente com a nova gestão de 2023 a 2026, e isso vai dar uma sinergia entre o trabalho do governo e o trabalho da instituição. Quem ganha com isso são os empreendedores. A nova superintendente Rose Rainha tem um alinhamento muito forte com o governador Ibaneis Rocha, e a sua diretoria também. Isso vai favorecer uma conexão que certamente vai trazer benefícios.

Com relação a números, quais te chamam mais a atenção?

Infelizmente não temos a informação de quantos receberam o acesso à crédito, porque é uma atuação que vem dos bancos e o Sebrae opera de uma forma que não temos essa governança. Contudo, nos últimos quatro anos, tivemos números muito bons. Fizemos mais de meio milhão de atendimentos e 650 mil horas de consultoria contratadas, em sua maioria de forma gratuita. No momento de maior dificuldade dos empreendedores nós conseguimos oferecer um suporte de consultoria que vai desde o diagnóstico empresarial até a sua transformação digital, aproveitando as oportunidades que os canais digitais têm para que eles possam se alinhar ao novo mercado. Tivemos também, mesmo com a pandemia, 150 mil capacitações, que é um número expressivo, quase em sua totalidade de forma gratuita.

Como o Sebrae atua com as crianças e jovens da nossa capital?

Durante esses anos não tivemos foco apenas nos empreendedores que estão em atividade, mas olhamos também para a próxima geração, para o futuro. Não adianta cuidar das empresas hoje e deixar essa próxima geração sem esse despertar da vocação empreendedora, porque só assim nós teremos o empreendedorismo na nossa matriz de desenvolvimento, como um ponto forte. Nós fomos até crianças e jovens de escolas públicas, muitas delas em situação de vulnerabilidade social, principalmente pela condição de suas famílias que enfrentaram a questão sanitária e econômica. O Sebrae foi até as escolas e conseguimos fazer esse despertar da vocação empreendedora, atuando com 450 mil capacitações para esse público. Estamos preparando ali, naquele momento, a Brasília do futuro.

E como ocorreram essas capacitações?

Quando você junta a imaturidade com a desesperança, é um perigo para uma vulnerabilidade social, crime, e nós despertamos a esperança nessas crianças e jovens levando empresários de sucesso que puderam contar suas histórias e inspirar elas, fazendo trabalho de contra-turno. Temos um projeto muito bom, o Jovens Empreendedores Primeiros Passos, JEPP, onde eles passam alguns meses em cima de uma metodologia que desperta o empreendedorismo e finalizam seus trabalhos com uma feira nas escolas públicas onde eles produzem, vendem e decidem o que farão com o dinheiro. Tudo isso é trazer esperança e apoiar essas famílias que são vítimas da crise econômica. O Sebrae-DF fez nos últimos quatro anos um papel muito maior do que apoiar, nós ajudamos a nossa sociedade.

Como o cidadão pode fazer uma consultoria no Sebrae-DF?

É muito simples. Primeiro você tem que fazer um atendimento, e você pode fazer através do nosso portal on-line ou da Central 0800 570 0800, e esse atendimento que muitas vezes você faz de forma virtual você pode ter acesso ao escopo de consultorias que são ofertadas. Mas é importante uma boa conversa com nossos técnicos para que se faça um pré-diagnóstico e direcionamento para a real necessidade do cidadão. Todo esse acesso é de forma gratuita, e dá para fazer presencialmente também, aqui na sede do Sebrae-DF, no SIA, no ponto da Asa Norte ou de Taguatinga. Para os cursos é a mesma coisa, inclusive, temos muitos cursos em formato EaD, na nossa plataforma de ensino à distância. Lá você consegue fazer seu cadastro, baixar seu curso e ter acesso ao conteúdo.

Mesmo com a sua saída, o que você pode nos contar sobre os planos do Sebrae-DF para 2023?

De acordo com a nova superintendente, Rose Rainha, a intenção é aproximar mais ainda o nosso serviço do público brasiliense e manter o foco na educação empreendedora. Tenho certeza que a nova diretoria vai trazer coisas novas e importantes para a atuação do Sebrae-DF, novos direcionamentos. Essa mudança vai ser muito importante para os nossos empreendedores e para a instituição também, porque todo dia é um aprendizado. Lidar com economia é assim, porque todo dia a economia muda. Todo dia esse aprendizado bate à porta, e essa nova gestão vai trazer novas formas de atender os pequenos empreendedores que continuará sendo a grande missão do Sebrae. Tenho certeza de que vão conseguir até mesmo ampliar os números que nós conquistamos.

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