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Brasília

Treinador comenta morte de atleta do DF: “Desolador”

Lucas foi surpreendido por uma maré na Praia de Itaparica. Antes de desaparecer, o jovem, que pedia ajuda em semáforos para praticar taekwondo, salvou a vida de três pessoas

Willian Matos

11/02/2020 13h30

A morte do atleta de taekwondo Lucas Alves Leite, 19 anos, pegou de surpresa a equipe do atleta. Treinado pelo mestre Andreison Siqueira Gomes, o jovem desapareceu no mar da Praia de Itaparica, em Vila Velha-ES, na última sexta-feira (7) e foi encontrado sem vida na tarde de segunda (10). Sobre a morte, Andreison resumiu: “Desolador”.

Lucas viajou com a equipe para Vila Velha para acompanhar um sobrinho que iria participar do Grand Slam de Taekwondo, realizado entre 8 e 10 de fevereiro. Na sexta-feira (7), no fim da tarde, a equipe quis conhecer a Praia de Itaparica. “Quando nós chegamos, tava tudo muito calmo. Eu até cheguei a comentar que estava mais tranquilo que as praias do Rio de Janeiro”, relata Andreison, à reportagem do Jornal de Brasília.

Com a calmaria, Lucas e mais dois garotos decidiram conhecer o mar. “O Lucas chegou, entregou a camiseta para uma pessoa da equipe, pediu para que segurassem o celular e o cordão, e correu para a água. Eles estavam na beirada, mas as crianças foram se distanciando”, conta o treinador.

Pouco tempo depois, uma maré surpreendeu Lucas, os garotos, e o pai deles. “O Pedro, pai das crianças, percebeu que eles foram se distanciando e saiu correndo para poder alertar, dar uma bronca. Só que nesse meio-tempo a maré virou, e aí aconteceu tudo muito rápido. Os meninos começaram a se afogar.

“O Lucas ajudou. O Pedro foi tentando ajudar, mas começou se afogar, e o Lucas saiu empurrando tudo mundo, e aí desapareceu de repente”, explica Andreison.

“O mais impressionante é que ele não gritou, não se desesperou, foi o único que manteve a calma o tempo todo.”

Lucas (ao meio, de camiseta azul-escura) viajou para acompanhar o sobrinho, mas também fazia parte da equipe. Foi a última aparição do jovem. Foto: Reprodução

Notícia à família

Após o desaparecimento e o desespero que acometeu o treinador e a equipe, Andreison conta que teve de dar a notícia à família de Lucas. O jovem morava há alguns anos com a irmã no Pedregal, bairro do Novo Gama-GO; a mãe vive em Brazlândia.

“Foi muito difícil, viu. Mas aí a gente dividiu a tarefa. Eu comuniquei à irmã, e um pai de um atleta meu comunicou à mãe ela. Foi muito complicado. É desolador”, lamenta o mestre.

O reconhecimento de Lucas foi feito de forma informal, mas será realizado formalmente nesta terça (11) pelo treinador. “O corpo foi encontrado no final da tarde desta segunda-feira (7), próximo onde aconteceu a tragédia. Foi reconhecido de forma informal pelo pai de um dos meus alunos, mas ele me enviou as fotos e procede: realmente é o Lucas. O reconhecimento formal vai ser feito por mim aqui em Vitória-ES”, explica Andreison. “A equipe toda já retornou para Brasília. Só eu permaneço na cidade para fazer o reconhecimento e providenciar o translado”, completou.

https://www.instagram.com/p/B8aUuYfpBcx/

Trabalho em semáforos

Andreison lembra que, assim como os outros garotos da equipe, Lucas batalhava bastante para conseguir recursos para competir, viajar e se manter no time. “Era meu atleta desde 2016. A gente sempre correu atrás de dinheiro pra competir. Estávamos fazendo trabalho nos semáforos há alguns anos.”

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