Fundada pela estudante de comunicação organizacional Ísis Gabriela, de 25 anos, a rede de apoio “Casa das Travestis” utiliza dinheiro obtido por meio de doações, vendas de rifas e do próprio salário de sua fundadora para prestar suporte para mulheres transexuais no Distrito Federal, constantemente expostas a condições de desemprego, apoio familiar e violência. Cerca de 15 mulheres recebem ajuda da rede que oferece cestas básicas, capacitação profissional e mais recentemente apoio médico. Mas diante de dificuldades econômicas, Ísis alerta que cresce a necessidade de apoio externo.
Ísis conta que a própria origem da rede de apoio surgiu por dificuldades econômicas sofridas por ela, que por conta do abandono familiar que passou a sofrer após se assumir transexual, precisou contar apenas com sua bolsa de estágio para se sustentar. Em busca de um novo lar, juntou-se uma amiga que passava pela mesma situação, que dividiram as despesas em um apartamento no Guará.
Ao conseguir um teto, Ísis percebeu que outras pessoas passavam pela mesma dificuldade que ela. “Quando eu vim morar aqui, outras pessoas do nosso círculo também estavam passando por situações assim. Então a gente começou a dar abrigo em todos os sentidos. Não só abrigo no sentido de moradia, como também fornecendo cestas básicas e dividindo [os custos] com quem aceitasse ajudar, e espalhando a ideia para fortalecer o círculo”, relata.
Com o tempo, sua rede ganhou visibilidade, passando também a ajudar a promover iniciativas de terceiros no combate à transfobia e, mais recentemente, oferecendo ajuda médica para mulheres trans. “Dois médicos se sensibilizaram e decidiram ajudar nos oferecendo ajuda médica. Uma das médicas inclusive é especialista em saúde trans. Ela era do Ambulatório Trans de Goiânia e se ofereceu para nos dar atendimento médico”, conta a estudante.
Um mutirão foi organizado para que os médicos pudessem atuar. Na primeira vez a rede sequer possuía um local para que as consultas fossem realizadas, com o quarto da própria Ísis sendo utilizado como consultório e a sala de estar de sua casa servindo de sala de espera. “Mesmo com todas as dificuldades, acabou dando certo, e a médica conseguiu atender oito meninas naquele dia”, recorda.
Outro mutirão está sendo organizado para prestar atendimento semelhante, previsto para acontecer na quinta-feira. “Conseguimos uma parceria com o espaço do Batalhão das Artes, em Taguatinga, para que a gente possa atender com mais dignidade e também separar a questão do meu lar com o projeto”, comemora a universitária.
Busca por parcerias
Desde que iniciou seus projetos em busca do fornecimento de apoio para a comunidade trans, Ísis as doações e venda de rifas foram a principal fonte de renda de sua rede. Mas ainda assim, os recursos obtidos muitas vezes não são suficientes para garantir esses projetos. Um exemplo da necessidade por maior apoio de terceiros surgiu após a primeira rodada de atendimentos médicos. “As meninas precisam de uma bateria de exames para cada uma, mas alguns são praticamente impossíveis de conseguir vaga pelo Sistema Único de Saúde, e no serviço privado é muito caro. Estamos procurando ajuda agora para conseguir fornecer em clínicas sociais”.
Ísis acredita que o sucesso da “Casa das Travestis” requer parcerias fixas para a manutenção e criação de projetos de apoio. “O nosso objetivo hoje é conseguir parceiros, principalmente empresas que se coloquem à disposição para ajudar. Ajudar nesse sentido de manter o projeto muito mais como uma rede de apoio do que como uma organização não governamental, pois no fim somos nós por nós”, explica.
A estudante oferece seu número de telefone e whatsapp para empresas que queiram fazer contato, que é (61) 99973-3356. O mesmo número é também a sua chave pix, para aqueles que queiram fazer doações ao seu projeto.
