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Brasília

Realidade da capoeira no DF é assunto de debate

Homenagem a mestres capoeiristas têm como maior objetivo aumentar a visibilidade da prática marginalizada

Lucas Neiva

26/08/2021 8h08

Foto: Vitor Mendonca/Jornal de Brasilia

A realidade enfrentada por praticantes da capoeira em Brasília, no Brasil e no mundo foi o principal tópico de debate promovido em sessão solene em homenagem aos mestres capoeiristas na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). A cerimônia presidida pelo deputado distrital Reginaldo Sardinha (Avante) contou com a presença do secretário de cultura Bartolomeu Rodrigues.

De acordo com Reginaldo Sardinha, a homenagem tem por objetivo aproximar os mestres capoeiristas do poder público, aumentando a visibilidade da prática que reúne dança, música e artes marciais. “A capoeira é uma das mais belas demonstrações da expressão da nossa cultura, reconhecida como patrimônio cultural do Brasil e da humanidade”, declarou. O deputado acrescenta que um de seus objetivos enquanto parlamentar é estabelecer o reconhecimento oficial da capoeira como esporte.

O mestre capoeirista Pedro Telles de Araújo destaca a importância de dar visibilidade à capoeira, tendo em vista o grande número de praticantes da atividade. “Depois do futebol, é o esporte mais praticado no mundo, mas não é visto, não é reconhecido. Em qualquer lugar que você vai no Brasil você encontra um capoeirista, um professor, um mestre”, afirma.

“Não é fácil ser capoeirista, mas é apaixonante”, declarou o Mestre Foca, que destacou o impacto da capoeira sobre a sociedade, em especial n o DF. “(A capoeira) se tornou uma ferramenta socioeducativa. Uma ferramenta cultural, educacional, com um peso muito grande na sociedade brasileira e também na sociedade mundial. São muitos grupos, muitas instituições, muitos mestres fazendo um trabalho fantástico de inclusão social, de divulgação da língua portuguesa, de abraçar os pontos turísticos e espaços de ocupação da nossa cidade, levando entretenimento, alegria e muita energia com o toque do berimbau”, diz.

“Engloba diversas artes”

A ideia de classificar a capoeira como esporte não agradou a todos. Para o Mestre Brucutu, essa possibilidade limita suas formas de ação na sociedade. “A capoeira é uma arte que engloba várias outras artes. Ela já é reconhecida faz tempo dentro desse conflito se é esporte ou se é cultura. Ela não é só esporte ou só cultura. Ela tem inclusive uma necessidade do caráter pedagógico. É também uma ferramenta terapêutica. Precisamos de reconhecimento também nessas outras vertentes”, pontua. O capoeirista teme que, uma vez classificada como esporte, a capoeira acabe institucionalizada e perca sua pluralidade.

O Mestre Esquisito aproveitou a oportunidade para refletir sobre a discriminação sofrida por praticantes da capoeira ao longo da história brasileira. “Nós capoeiristas somos produto de uma cultura de combate à desigualdade, à escravidão, à justiça, à falta de cidadania, à falta de respeito. E basicamente a gente enfrentou isso. Nós passamos séculos e séculos sendo acusados de sermos marginais. Mas a capoeira nunca foi marginal, e sim marginalizada”, declarou.

Bartolomeu Rodrigues destaca que cerimônias como a da CLDF são necessárias para alcançar os objetivos de sua gestão na Secretaria de Cultura. “Temos tido uma preocupação muito grande com esses movimentos que antes não estavam sendo contemplados pela ação do Estado. Já penso em fazermos um catálogo dos grupos e mestres capoeiristas no Distrito Federal”, concluiu.

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