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Brasília

Família de jovem que morreu de raiva humana acredita que ele se infectou na UnB

Isso porque, durante os 24 dias em que esteve internada em observação, a gata não apresentou qualquer sinal de que estivesse doente

Geovanna Bispo

03/08/2022 16h56

Foto: Agência Brasil

A família do jovem que faleceu em decorrência de raiva humana entrou com uma notícia de fato no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), onde questiona as ações e estratégias adotadas pela Vigilância Ambiental sobre casos de raiva na capital.

Segundo a defesa da família, ao contrário do que foi inicialmente noticiado pela Secretaria de Saúde, de que o jovem de 18 anos teria sido infectado por uma gata recém adotada, na verdade, ele teria sido arranhado por um dos animais que vivem e rondam a Universidade de Brasília (UnB).

Isso porque, durante os 24 dias em que esteve internada em observação, a gata não apresentou qualquer sinal de que estivesse doente. ” A partir de exames e avaliação diária, atestou que desde a sua admissão a filhote se encontra sadia, com comportamento normal, ativa e sem apresentar qualquer intercorrência clínica, quadro que se mantém até a presente data”, explica a família.

Ainda de acordo com a defesa, o jovem não frequentava qualquer ambiente rural ou silvestre, onde pudesse ter sido infectado. Sobrando, assim, apenas a hipótese de que ele teria sido infectado nas dependências da UnB.

O homem teria ingressado na universidade no dia 6 de junho e sido internado na rede particular de saúde pela doença no dia 20. “É notório que a universidade possui diversos animais errantes em suas dependências, entre eles gatos e morcegos, situação que pode ter sido agravada pela pandemia e lockdown, pelo abandono, ausência de vacinação, descontrole da população pela reprodução, além da ausência de alimentos, antes fornecidos pelos alunos e frequentadores”, continua o comunicado.

Segundo exame enviado à Secretaria de Saúde, o vetor de transmissão do vírus detectado foi a variante 3, originária de uma única espécie de morcego hematófago. “Há relatos de testemunhas que presenciaram que a vítima, apaixonada por gatos, tentou contato com os animais que ficam espalhados pelo campus e, especificamente, em 08/06/2022, um gato, nas intermediações do ICC Central, com comportamentos estranhos, chamou a atenção do jovem”, diz a defesa.

De acordo com a médica infectologista Ana Helena Germoglio, caso um segundo animal, como um cachorro ou gato, tenha contato com um morcego contaminado, ele pode infectar um humano.

Ainda assim, a família afirma que nada foi feito sobre a investigação dos animais do local. Em nota, o MPDFT informou que as investigações ainda estão em fase inicial. “A Promotoria requisitará informações à Vigilância Ambiental e à Secretaria de Saúde e depois avaliará as medidas cabíveis.”

Segundo a Secretaria de Saúde, no caso do jovem, as investigações tiveram como base as informações passadas pela própria família do jovem. “Foram tomadas medidas preventivas com familiares – vacinação daqueles que supostamente tiveram contato com o animal contaminado; vacinação de animais num raio de 15 km da residência do jovem infectado; além do alerta e adoção de medidas preventivas em locais de possível contato dele com o vírus”, explica.

Primeiro caso em 44 anos

Com isso, a secretaria intensificou as medidas de foco e controle animal, como a antecipação da vacinação antirrábica animal em áreas urbanas e rurais. Até a esta quarta-feira (03), a SES havia vacinado mais de 135 mil gatos e cachorros.

Ainda segundo a médica infectologista, a raiva é uma doença infecciosa aguda. “Ela é invariavelmente fatal, com pouquíssimos casos no mundo que sobreviveram a essa doença”, explica a especialista.

No DF, o único caso de raiva humana foi registrado em 1978. O último em cães foi em 2000 e em gatos em 2001. No geral, o vírus rábico circula em quirópteros, bovinos, equídeos e outros animais.

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