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Brasília

Projeto de alunos da UnB busca diminuir as barreiras de acessibilidade para as pessoas com deficiência

Divulgado no dia 21, data em que é relembrada a luta das PCD’s, um coletivo da UnB procura abrir mais portas para esse público

Redação Jornal de Brasília

21/09/2021 5h00

Atualizada 20/09/2021 18h30

Gabriel de Sousa
[email protected]

Nesta terça-feira (21), está sendo comemorado o Dia Nacional da Luta das Pessoas com Deficiência, data que busca conscientizar a população brasileira sobre a importância do respeito às pessoas com necessidades especiais. Neste dia 21, foi divulgado por alunos da Universidade de Brasília (UnB), a campanha “UnB Acessível: Somos iguais na diferença”. O projeto foi criado pela Diretoria de Acessibilidade da Universidade de Brasília, (DACES/UnB), e tem como objetivo informar os outros frequentadores da instituição sobre as diversas deficiências e habilidades específicas, com o intuito de abrir mais portas para este público e desta forma diminuir o preconceito das pessoas sobre o tema.

O Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, foi instituído por lei em 2005. Segundo os seus criadores, é uma data que busca orientar a população brasileira sobre os direitos da população que possui necessidades especiais. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) a deficiência é quando um corpo com impedimentos de longo prazo físicos, sensoriais, mentais ou intelectuais, interagem com um espaço que não é acessível à eles.

Buscando aumentar a acessibilidade destes locais, será feito a publicação de conteúdos educativos e informativos, desde a divulgação de obras e relatos de intelectuais que falam sobre as necessidades especiais. Além disso, o projeto divulgará uma série de dicas para professores, que serão instruídos a tornarem as suas aulas acessíveis para todos os alunos. 

De acordo com Sinara Pollum Zardo, diretora da Diretoria de Acessibilidade da Universidade de Brasília (DACES/UnB), o intuito é usar a comunicação interna como ferramenta de propagação de alternativas que eliminem as barreiras para este público. “Nós esperamos mobilizar a comunidade acadêmica, e orientá-la acerca dos direitos das pessoas com deficiência. A nossa idéia é avançar no processo de eliminação das barreiras relacionadas ao preconceito e a discriminação”, afirma.

Além da Diretoria, o projeto contará também com a participação de um grupo de estudantes da UnB que possuem algum tipo de deficiência. Eles irão desenvolver os planejamentos de melhorias para o acesso das pessoas com deficiência. “Os estudantes estão com um diálogo constante com a gente neste trabalho, e fizeram propostas para que a gente pensasse alternativas de formação da comunidade acadêmica e de informação sobre as questões relacionadas à deficiência e a acessibilidade”, conta Sinara.

Uma das estudantes que estão participando do projeto é Millena Silva de Moraes, estudante de direito de 22 anos, e que possui deficiência motora e intelectual. Antes de se tornar universitária, foi estudante do Centro Educacional 15 de Ceilândia, localizado na Expansão do Setor “O”. Em 2018, ela se tornou a primeira pessoa com deficiência múltipla e oriunda de uma escola pública a vir se tornar aluna na Universidade de Brasília (UnB).

Millena também é integrante da gestão do Centro Acadêmico de Direito (CADir/UnB), que é organizado por estudantes da universidade. De acordo com ela, na sua chegada em 2018, poucas pautas sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência existiam, o que a motivou a se tornar uma voz presente na sua faculdade. “Quando eu entrei aqui, a pauta de acessibilidade não estava sendo debatida, por isso, eu entrei no Centro Acadêmico. Agora, nós estamos revolucionando todo esse espaço compartilhando a nossa vivência”, conta.

Quando a universitária estudava nas escolas de ensino básico da Ceilândia, ela alega ter sofrido diversos preconceitos, tanto por parte dos colegas quanto dos professores. Agora, segundo a sua mãe, Millena é uma “referência” na rua em que mora, e motivadora do seu orgulho, devido ao fato da sua filha estar estudando em uma universidade federal.

Outro estudante com necessidades especiais que está participando do projeto é Felipe Garret, de 21 anos, e que também cursa direito na Universidade de Brasília (UnB). Felipe possui deficiência visual, e relembra que isso prejudicou bastante a sua alfabetização. “Quando criança, eu tinha muita dificuldade para ser alfabetizado, porque quando a professora do maternal escrevia as letras no quadro, eu não conseguia ler”, afirma.

Agora, o jovem diz estar feliz com a campanha que a UnB está promovendo, e observa que o dia 21 de setembro deve ser usado também para relembrar casos de estudantes com deficiência que estão presentes nas universidades. “As nossas histórias de vida não devem ser tratadas com tristeza, mas sim com felicidade. Outras pessoas irão vir com os projetos de acessibilidade que nós estamos fazendo, e será uma coisa democrática para todo mundo”, observa Felipe.

Para a diretora da Diretoria de Acessibilidade da UnB, duas medidas que podem facilitar o ingresso de pessoas com deficiência no ensino superior público são o fortalecimento da  política de cotas e a ampliação das oportunidades de participação da discussão dos seus direitos básicos e afirmativos. “A ideia do nosso projeto tem que ser aplicada não só no mês de setembro, mas sim de forma permanente. A partir do estudo, do debate sobre a legislação, das histórias de vida e do pensamento dos estudantes, nós podemos propor melhorias”, explica.

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