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Brasília

Práticas ambientalmente sustentáveis se tornam mais comuns no DF

Levantamento mostra que maioria do público atendido desenvolve atividades agrícolas que respeitam nascentes e áreas de preservação permanente

Mayra Dias

13/06/2022 17h22

Foto: Divulgação

“As práticas sustentáveis, a médio e longo prazo, são bastante satisfatórias, não só do ponto de vista econômico, como também ambiental e social”, observa o gerente do Escritório Especializado em Agroecologia e Produção Orgânica (Esorg) da Emater DF, Daniel Oliveira. De acordo com um levantamento realizado pela instituição, mais de 5 mil agricultores atendidos pela Emater no DF exercem atividades ambientalmente sustentáveis. Quase três mil adotam práticas preservacionistas, pouco mais de mil estão em transição agroecológica, 644 utilizam essas duas ações e 420 são de base agroecológica.

De acordo com Rogério Dias, engenheiro agrônomo e presidente do Instituto Brasil Orgânico, tais números representam o início de uma caminha rumo um novo modelo. “O século XX vai ficar marcado na história como o século que distorceu a lógica. Até o final do século XIX, a nossa agricultura era menos agressiva, e agora com todos os efeitos negativos da industrialização,estamos tentando reverter isso”, defende o especialista. Ele explica que, até então, o principal foco era um retorno rápido, voltado única e exclusivamente para a produção em massa, e isso trouxe inúmeros malefícios para a sociedade.

Práticas preservacionistas são atividades agrícolas que respeitam a natureza já existente, como nascentes e áreas de preservação permanente. A transição agroecológica inclui atividades de intervenção para preservação ou recuperação do ambiente, como a utilização de barreiras naturais entre as lavouras. A base agroecológica conta com utilização de produtos e práticas naturais para o cultivo, sem a adoção de ações degradantes. “Temos que ter em mente que o solo é um meio vivo, e ele é a base de tudo”, pondera Rogério. “Quando temos práticas que mantém sua cobertura, seja ela morta ou viva, estamos garantido sua perenidade”, acrescentou o profissional, mencionando que um solo saudável gera plantas saudáveis.

De acordo com o Plano Plurianual (PPA) de 2019 da Emater, a meta é aumentar a produção sustentável em 20% até 2023, objetivo que já foi superado no ano passado. Segundo Daniel Oliveira, com a alta de preços dos insumos convencionais, a tendência é que os agricultores encontrem soluções alternativas que tragam resultados. “Se nós não tivermos essas práticas, incentivamos catástrofes naturais. Se a zona rural é maltratada, a área urbana também sofre esses efeitos através de alagamentos, enchentes, etc, pois tudo isso é reflexo de uma má utilização do solo”, destaca o engenheiro agrônomo.

Proprietários de uma chácara de pouco mais de 7 hectares no Núcleo Rural Taquara, região de Planaltina, o casal Gabriel Pereira de Deus e Júlia Selau Verdum produzem frutas, hortaliças, grãos e raízes que são cultivados em sistema agroflorestal, com certificação orgânica. “Procuramos manter a propriedade em um sistema parecido ao máximo com o natural, com plantios consorciados”, explicam.

De acordo com Gabriel, que é formado em biologia, sua propriedade recebe estudantes de ciências agrárias do Instituto Federal de Brasília (IFB) e da Upis – Faculdades Integradas. “Estamos sempre aprendendo, fazendo experiências novas e estudando bastante para encontrar novas fórmulas sadias de produção de alimentos”, completa.

Como ele explica, por todo o território, as folhas secas que caem das bananeiras e demais árvores da chácara permanecem no chão. “Dessa forma, elas nutrem o solo, conservando as características naturais. É preciso deixar o solo rico, já que as plantas retiram dele os principais nutrientes para sua sobrevivência”, menciona Gabriel, que conta ainda que utiliza pouca irrigação. “Usando apenas a chuva, ainda assim conseguimos bons resultados. Existem vários estudos que provam a viabilidade do sistema agroflorestal”, diz. De acordo com Daniel Oliveira, de forma geral, a agricultura está indo para esse lado, “do equilíbrio, da sustentabilidade, da melhoria da vida no planeta”, expõe o gerente.

Gabriel e a companheira dizem acreditar no futuro da agricultura orgânica. “É um sistema que traz felicidade para todos: produtores, trabalhadores e consumidores. Consigo vender o que cultivo por bons preços e ofereço um alimento de qualidade”.

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