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Brasília

No DF, 16,6% terão mais de 60 anos até 2030; “nem sonho com aposentadoria”, diz diarista

O levantamento ainda, projeta um aumento da população nessa faixa etária também no ano de 2025 (daqui a três anos), que será de 13,8%

Geovanna Bispo

13/10/2022 18h03

Foto: Agência Brasil

Ana Flávia Caldeira e Luís Felipe Saliba
(Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB)

A diarista Evanisa Gomes, de 52 anos de idade, começou a trabalhar quando tinha apenas 8 anos. Ela fazia o papel de cuidadora de uma senhora. Além de “cuidar”, lavava as fraldas e fazia a comida dela. Sonha em se aposentar? “Não. Hoje em dia a gente não se aposenta. Eles tinham que mudar é a previdência no país. As pessoas que votaram pela reforma da previdência não deviam receber votos. Eles não têm mãe nem mãe, né?”

Em 2030, 16,6% da população brasilense, como será o caso de Evanise, será composta por pessoas com mais de 60 anos de idade. Esse dado é da pesquisa realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Há dois anos, essa porcentagem era de 11,3%. O levantamento ainda, projeta um aumento da população nessa faixa etária também no ano de 2025 (daqui a três anos), que será de 13,8%.

A Codeplan comparou que, em 2020 o índice de envelhecimento na capital era de 57,5%, o previsto para 2030 é que esta porcentagem aumente para 95%. “Isso significa que, a cada 100 jovens (0 a 14 anos), existirão 95 idosos (60 anos ou mais), aumentando a idade média da população, que passará de 33,4 anos em 2020 para 37,5 ao final da década”, apontou a empresa.

Mercado de trabalho

A mudança no perfil demográfico pode fazer também que mais idosos continuem no mercado de trabalho, uma vez que as aposentadorias não dão conta dos gastos necessários também para pessoas com mais de 60 anos.

Já Marcelo Bologrande, com 85 anos de idade e aposentado, ainda precisa inteirar o orçamento da casa porque o salário mínimo não é o suficiente. “Não foi boa a reforma da previdência. Não é como na Espanha em que você interou 65 e já está aposentado. Precisa provar que pagou ou não pagou”

Hoje em dia muitos brasileiros precisam continuar trabalhando após a idade de se aposentar por inúmeros motivos, dentre eles a necessidade de complementar a renda. Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), sete em cada 10 idosos (70%), dos 612 entrevistados, estão aposentados. Desses 70%, 21% ainda trabalha, o maior motivo relatado é o fato da aposentadoria não ser o bastante para cobrir suas despesas.

Nove em cada dez (91%) idosos contribuem financeiramente com o orçamento, sendo que 43% são os principais responsáveis pelo sustento da casa, demonstrando o quão fundamental os idosos ainda são na dinâmica familiar. Mesmo tendo a necessidade de cobrir as suas despesas, muitos dos idosos entrevistados têm orgulho em se manter produtivos e manter sua independência.

De acordo com um relatório publicado pela ONU em 2019, a idade média de uma pessoa na America Latina saiu de 18 anos em 1950 para 33 anos 2022, seguindo essa tendência haverá o dobro de pessoas de 65 anos em relação a pessoas de menos de 4 anos. Esse característica demográfica da população ocorre devido a redução nas taxas de mortalidade e natalidade, ou seja, as pessoas estão vivendo mais e menos pessoas estão nascendo.

O envelhecimento da população deve ser enxergado não como um problema, mas como um triunfo, é a culminação dos avanços tecnológicos do último século, em termos de medicina, indústria, saneamento básico. Com o envelhecimento é necessário que mudemos a nossa visão como sociedade sobre o envelhecimento, focando em garantir qualidade de vida à crescente população idosa no Brasil.

Nove em cada dez (91%) idosos contribuem financeiramente com o orçamento, sendo que 43% são os principais responsáveis pelo sustento da casa, demonstrando o quão fundamental os idosos ainda são na dinâmica familiar.

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