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Brasília

Idosas na Ceilândia fazem curso de modelo e elevam autoestima

Projeto social gratuito realizado no Sesc chamado GMV Fashion Show procura resgatar autoestima de pessoas idosas e incentivar a habilidade de socialização

Redação Jornal de Brasília

06/10/2023 15h02

Foto: Ayumi Watanabe

Ayumi Watanabe, Yan Vittor e Natalia Francescutti
Jornal de Brasília/Agência Ceub

Enfileiradas, as modelos sobem em um palco imaginário, colocam a mão na cintura e esbanjam charme. A atividade é uma novidade para elas, essas mulheres com mais de 60 anos de idade.

Um projeto social gratuito realizado no Sesc, na Ceilândia (a maior região administrativa do Distrito Federal), chamado GMV Fashion Show procura resgatar autoestima de pessoas idosas e incentivar a habilidade de socialização.

A participante do curso Neusa Rosa de 71 anos, afirma que o curso de modelo tem sido uma oportunidade para crescer e desenvolver como pessoa.

“Eu me sinto maravilhada. Está sendo uma ótima experiência. Estou me sentindo muito radiante e, com um professor maravilhoso desses, eu estou conseguindo ultrapassar a minha timidez”, ressalta Neuza.

O projeto de mais de 23 anos consiste em promover a elegância, a confiança, elevar a autoestima, mudanças comportamentais, além de habituar os bons modos e a etiqueta no dia a dia das idosas.

O professor Leonardo Romanzeira, ex-Mister Brasil e gerontólogo, que é idealizador do projeto, pensou no curso por conta da paixão que sentia pela terceira idade a partir de experiências bem sucedidas com alunas mais velhas.

O professor diz que não há recompensa maior do que o sorriso das idosas. Confira abaixo trecho em que ele se emociona ao tratar do curso. “Ver a evolução e o brilho no olhar delas é algo muito satisfatório e recompensador”, afirma o professor.

Momento da passarela

Com diversas temáticas, as aulas trazem abordagens para superar os medos e inseguranças que, em muitas vezes, são disfarçados, principalmente pela ideia de maturidade imposta pela sociedade. As idosas têm um evento marcado para dezembro, um desfile de conclusão do curso.

O professor diz que as aulas de modelo vão além de ensaiar para a atividade. Foto: Ayumi Watanabe

A postura, o uso das mãos, técnicas de passarela, expressão corporal e facial, técnica teatral e de passarela e outros atributos fazem parte das aulas.

“Muitas delas pensam que envelhecer é se entregar ao tempo e elas resgatam uma vida que muitas delas não sabiam que tinham”, diz o professor.

O profissional diz que as aulas vão além dos assuntos de modelo. Ele incentiva a elas se integrarem e falarem sobre outros aspectos da vida e, assim, se sentirem mais confortáveis.

Apesar de nunca ter tido nenhuma experiência no mundo da moda, Neusa Rosa, por exemplo, avalia que realiza um sonho. Ela mantém a expectativa de até entrar no mercado de trabalho.

Interação

A neuropsicóloga Juliana Gebrim, que tem idosos entre os pacientes, entende que um curso de moda pode ser uma excelente opção para promover a socialização e oferecer uma atividade enriquecedora para as idosas.

Além de aprenderem novas habilidades e conhecimentos, eles têm a oportunidade de interagir com outras pessoas, compartilhar experiências e criar laços sociais significativos.

Idosas ensaiam para apresentação programada para dezembro. Foto: Ayumi Watanabe

“A socialização e a manutenção de uma rotina são aspectos importantes para a saúde mental e o bem-estar dos idosos. Participar de um curso de moda pode proporcionar diversos benefícios para os idosos. Essa interação social pode ajudar a combater o isolamento e a solidão, problemas que são comuns nessa fase da vida”.

Outra modelo, Conceição Pereira, de 76 anos, relata que a alegria de participar está desde um simples “bom dia”, até o caminhar com classe e falar.

Um pulo de felicidade

Como o curso promovido é aberto ao público, o número de interessados foi acima do número de inscrições.

“Eu não achei que seria sorteada. Quando soube que havia sido escolhida, dei um pulo de felicidade”.
Ela entende que seus objetivos e expectativas vão além da atividade de modelo. Tem finalidades que podem ser consideradas mais simples, mas de um valor inquantificável.

“Gostaria de passar tudo isso para a minha família. Dizer a eles que é muito bom e mostrar o que eu aprendi. Isso pra mim vai ser uma experiência maravilhosa. Quero falar para as pessoas que compartilham deste mesmo sonho, que elas sigam este ramo e deixem que siga a vida” .

Confira abaixo entrevista com Conceição Pereira:

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