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Brasília

Estudantes fazem manifestação contra bloqueios orçamentários do Governo Federal

A manifestação ocorreu pela manhã na Galeria dos Estados, com uma caminhada até o Ministério da Educação

Redação Jornal de Brasília

18/10/2022 15h30

Foto: Gabriel de Sousa/Jornal de Brasília

Gabriel de Sousa
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Como forma de se opor às ameaças de bloqueios orçamentários por parte do Governo Federal, estudantes e professores realizam uma manifestação em prol da “defesa” das universidades e institutos federais. O ato começou por volta das 9h desta terça-feira (18), na Galeria dos Estados, e terminou no fim da manhã após uma caminhada empreendida até o Museu Nacional e o Ministério da Educação (MEC).

A manifestação ocorreu 13 dias após as universidades e institutos federais do país denunciarem que R$ 328 milhões dos seus recursos haviam sido bloqueados pelo Governo Federal. Os estudantes montaram cartazes e entoaram cantos contrários a estas políticas orçamentárias, como “tira essa tesoura da mão, e investe na educação” e “defenda a educação pública”.

No último dia 5, em uma nota enviada ao Jornal de Brasília, a pasta explicou que a acusação de bloqueio orçamentário era, na verdade, um “cronograma de limitação de movimentação de empenho” cuja duração se estenderia até o mês de novembro. Segundo o MEC, os estornos correspondiam a 5,8% das despesas discricionárias de cada unidade de ensino.

Dois dias depois, no dia 7, o ministro da Educação, Victor Godoy, afirmou que o orçamento das instituições de ensino seria liberado, o que reacendeu nos estudantes a ideia de um bloqueio de recursos. Apesar da ação do Governo Federal, os movimentos estudantis decidiram manter o ato que já estava marcado há duas semanas, e realizaram as manifestações em várias cidades do país.

Ao todo, foram 75 atos em 21 estados realizados nesta terça (18), além do que aconteceu pela manhã no Distrito Federal. Em São Paulo, as manifestações ocorreram na Avenida Paulista, enquanto que no Rio de Janeiro, o encontro ocorreu na frente da Igreja da Candelária. Em Goiânia, o evento foi realizado na Praça Universitária.

Desgastar o presidente

Segundo o manifestante Edson Victor, que é membro do Diretório Central dos Estudantes da Universidade de Brasília (DCE/UnB), além de exigir um maior respeito às contas da educação pública, a manifestação de ontem também serviu como forma de “desgastar” o presidente Jair Bolsonaro (PL), que está em busca da sua reeleição no mais alto cargo da República.

“Nesta reta final de segundo turno das eleições, é fundamental que a gente use todo esse período de desgaste que a gente fez com o governo, como os atos e manifestações de 2021, para desgastar mais ainda o Bolsonaro”, explica o manifestante.

Victor afirma que deseja que o próximo presidente que assumir o Planalto deve realizar uma série de medidas que poderão, em sua análise, beneficiar os universitários e secundaristas do Brasil. Edson defende a revogação do teto de gastos para a Educação e exige que sejam feitos maiores investimentos nas instituições. Para que as demandas se tornem realidade, ele observa que os estudantes devem sempre estar ativos em atos de rua: “Se a gente ficar em casa descansando, nada muda”.

O líder estudantil analisou com positividade a atuação dos estudantes de Brasília, que mesmo após a decisão do MEC de cancelar o bloqueio orçamentário, manteve a decisão de se manifestar contra as ações do Governo Federal. “A gente não aceita migalhas de nada. Voltar atrás em um confisco não significa que a gente vai ficar parado, significa que a gente tem que continuar se mobilizando e continuar lutando. Somente com a luta, todos os cortes serão revertidos”, conclui.

Da sala de aula para a informalidade

Uma das professoras que estiveram presentes na manifestação realizada na Galeria dos Estados foi Andréia Lemos. A docente, porém, não foi ao ato na intenção de se expressar como integrante da categoria, e sim para vender águas, pois desistiu da carreira educacional há 10 anos. “Desisti de dar aula por conta da falta de apoio. Os alunos de segundo grau, hoje em dia, são complicados. Além disso, também tem os pais que não te valorizam”, diz.

Lemos conta que “cansou” da vida de professora após “sentir na pele” o desgaste sofrido pela categoria. Segundo ela, as remunerações não são equivalentes aos esforços dos profissionais. Segundo ela, os educadores são os que mais sofrem com adoecimentos psicológicos, não recebendo o apoio necessário para o cuidado com a saúde mental.

“A educação não é valorizada no Brasil. Você acha que os políticos querem que a gente estude e que a gente tenha conhecimento? Não, porque a gente vai correr atrás dos nossos direitos”, indaga a ex-professora.

Andréia, que agora sobrevive graças à venda de garrafinhas de água em manifestações que ocorrem no Plano Piloto, observa que os estudantes e professores não podem desistir de realizar as suas manifestações. “Eles podem retroceder novamente e fazer o mesmo que estão fazendo com os enfermeiros. Na cabeça desses ministros, da noite para o dia eles só querem os benefícios deles. Ganham 40, 50, 60 mil e não querem dar o mínimo para os professores”, afirma.

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