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Brasília

Entenda diferenças entre a dengue clássica e a grave

A dengue grave é o estágio mais avançado da doença e pode levar à morte

Redação Jornal de Brasília

22/03/2024 7h08

Foto: Shammiknr/Pixabay

Por Júlia Lopes, Juliana Sousa e Maria Beatriz Giusti
Agência de Notícias CEUB

Vômito, dor abdominal, desmaios, manchas vermelhas na pele e sangramentos são os principais sintomas de risco da dengue grave, conhecida como “dengue hemorrágica”, expressão que não é mais utilizada por profissionais de saúde.

A dengue grave é o estágio mais avançado da doença e pode levar à morte. Em caso de algum sintoma de risco, é preciso procurar atendimento médico de urgência, alertam especialistas.

Segundo a hematologista Juliana Painkow, o vírus da dengue, como qualquer infecção, atinge o sangue. A diferença é que a reação inflamatória é mais agravada.

“O vírus altera os padrões de coagulação, ou seja, há perdas de fluídos do plasma, diminui a circulação das plaquetas, o que pode provocar hemorragias preocupantes para o paciente.”

O infectologista Rafael Nogueira explica que a classificação da dengue mudou, antes era chamada de dengue hemorrágica, agora o vírus é classificado em quatro estágios: A, B, C e D.

Confusão de sintomas


Nos primeiros estágios, é comum que os pacientes confundam com outras doenças, o que pode agravar o estado de saúde.

“O que importa é que as pessoas que tiverem diagnóstico de dengue, caso sintam sangramento, desmaio, dor abdominal e vômitos persistentes, procurem com rapidez o serviço de saúde”, afirma o infectologista.

Os sintomas principais da dengue clássica podem variar entre os pacientes, mas os mais comuns são as dores musculares, febre alta, dor atrás dos olhos e na cabeça.

Já nos estágios mais avançados podem começar a surgir manchas vermelhas no corpo, dores abdominais, vômitos, desmaios e hemorragias graves que, em casos raros, uma transfusão de sangue precisará ser realizada. Neste caso, o paciente deve procurar a unidade de saúde mais próxima.

Recontaminação


A instrutora de pilates Diângela Krich, de 28 anos, passou duas vezes pela dengue em apenas 1 ano e viu seus familiares também adoecerem ao mesmo tempo.

Diângela relata que sua mãe, Eva Barbosa, de 49 anos, foi a que ficou pior. “Minha mãe não conseguia nem levantar da cama. A gente fica com medo de evoluir para o estágio mais grave e ter complicações, mas conseguimos prevenir com o tratamento certo”, diz.

Segundo especialistas, o tratamento se baseia nos sintomas de cada pessoa. Na maioria dos casos, o paciente deve retornar para casa, ficar em repouso total e se hidratar com diferentes líquidos, como soro, água, água de coco, entre outros, até que se encontre melhor da doença.

Os profissionais de saúde ressaltam também que, em casos de sintomas relacionados à dengue grave, pacientes devem retornar imediatamente ao hospital para uma melhor avaliação clínica e uma mudança de tratamento.

Doação de sangue


Neste mês, a Anvisa e o Ministério da Saúde emitiram uma nota técnica que informava os novos critérios técnicos para triagem de doadores de sangue, durante a endemia de dengue.

Devido aos riscos de transmissão do vírus por transfusão sanguínea, os profissionais da saúde devem se atentar aos seguintes critérios:

  • Pessoas que tiveram dengue comum devem aguardar 30 dias após a recuperação completa.
  • Pessoas que tiveram dengue hemorrágica (dengue grave) devem aguardar 180 dias após a recuperação completa.
  • Pessoas que tiveram contato sexual com pessoas que tiveram dengue nos últimos 30 dias deverão aguardar 30 dias após o último contato sexual.
  • Pessoas que tomaram a vacina contra a dengue devem aguardar 30 dias após a vacinação.
  • Em consequência disso, a Fundação Hemocentro de Brasília relata uma diminuição de doações sanguíneas desde o período pré-carnaval.

“Desde o período Pré-Carnaval, estamos estagnados na média de 130 bolsas por dia. E o alto número de casos de dengue (juntamente com o aumento de casos de COVID-19) diminui a quantidade de pessoas aptas a doar sangue, uma vez que a dengue clássica inabilita a doação de sangue por 30 dias.”

Apesar de raros, o infectologista Rafael Nogueira alerta sobre a necessidade de transfusão de sangue em pessoas com dengue grave. “Dependendo do quadro clínico do paciente, é recomendado uma transfusão, mas em quadros gerais não há essa necessidade”.

“Estoques precisam aumentar”


Segundo a gerente de captação, Kelly Barbi, do Registro e Orientação de Doadores da Fundação Hemocentro de Brasília, mesmo que durante o período atual de epidemia da dengue não houve casos de desabastecimento, os estoques ainda precisam aumentar.

“Nenhum paciente deixou de receber sangue durante esse período. Porém, para garantirmos um estoque seguro a longo prazo, precisamos chegar a meta de 180 doações diárias.”

Doador frequente, Wanderson Mourão, orientador educacional, de 25 anos, fez sua parte: “Eu queria ajudar de algum jeito. Eu comecei porque faço concurso e me ajuda a fazer a isenção do pagamento, mas acabei pegando gosto”.

Mourão ainda ressalta a necessidade da empatia durante a doação de sangue.

“Se colocar na situação de alguém que esteja precisando de sangue e assim, você estando saudável, pode não precisar, mas um dia pode ser você, né?”.

Wanderson Mourao. Foto: Juliana Sousa

Juvenal de Lima Junior é auxiliar de manutenção e também procurou ajudar.

“Eu vi no jornal que estavam precisando de banco de sangue e aproveitei para ir antes do trabalho (…) não tem sofrimento e é tranquilo, você fica lá relaxando por enquanto eles tiram o sangue e é bom para salvar uma vida, é 5 minutos no máximo.” Juvenal, que doou pela primeira vez, ainda completa sobre a experiência: “você está dando vida para alguém e isso é muito satisfatório.”

Juvenal de Lima. Foto: Juliana Sousa

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