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Brasília

‘Empregos Verdes’ correspondem por apenas 8,3% dos empregos no DF

Os dados são da pesquisa ‘Mapa do Emprego Verde’, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan)

Evellyn Luchetta

22/03/2022 9h00

Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Os chamados ‘Empregos Verdes’ ainda são uma parcela baixa do total de empregos no Distrito Federal. Apenas 8,3% do total pertencem à categoria que responde por vagas em empresas que produzem bens ou prestam serviços que beneficiem o meio ambiente ou conservam recursos naturais. Os dados são da pesquisa ‘Mapa do Emprego Verde’, realizada pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).

Apesar de ser uma parcela baixa em relação ao total, a capital federal não está tão por baixo quando comparada à visão nacional. O norte é a região com o índice mais baixo: 7,5%. Enquanto o Sudeste desponta na frente com 9,6%.

Já quando o assunto é gênero, infelizmente, as mulheres perdem em todos os cenários. Quando estão diante de empregos verdes, o grupo feminino corresponde à 37,3% do total, enquanto homens estão em 62,7% das vagas. Em empregos não-verdes o cenário é o mesmo, porém, um pouco mais promissor. Mulheres têm 46,1% dos cargos e homens 53,9% deles.

A pesquisa da Codeplan mostra que mulheres ainda ocupam menos espaços que homens, os dados fazem jus a uma pesquisa realizada pelo Boletim da Mulher no Mercado de Trabalho do Distrito Federal. Ela mostra que, apesar de avançar no mercado de trabalho, mulheres ainda têm menos oportunidades que homens.

A intenção do estudo foi analisar o mercado de trabalho verde e seu potencial de crescimento no Distrito Federal. Além de buscar políticas públicas que orientem no sentido de reduzir o desemprego; aumentar sustentabilidade econômica; oferecer qualidade ambiental e de vida da população. O cenário também vale para empregos nos quais as obrigações dos trabalhadores envolvem tornar os processos de produção do estabelecimento mais ecológicos ou usar menos recursos naturais.

Um recorte que o Boletim não faz, mas o Mapa da Codeplan, sim, é o de raça. Nos dados, pretos, indígenas e amarelos são os que tem menos oportunidades. Em empregos verdes, a população parda ocupa mais espaço: 58,2%. Seguida por brancos, com 34,9%, pretos com 5,4%, amarelos com 0,9% e, por fim, indígenas, com 0,5%. Em empregos não-verdes os númenos são parecidos. Pardos ocupam 53,5% das vagas, brancos têm 39,0%, pretos com 5,9%, amarelos com 1,2% e indígenas com 0,4%

No quesito escolaridade, candidatos com o ensino médio completo e superior incompleto ocupam mais cargos, 48,40% e 41,60%, respectivamente. Quem tem o ensino superior completo e pós-graduação também desponta na frente, com 36,13% e 36,97%. Fundamental completo e médio incompleto têm menos expressividade, com 10,59% e 14,21%, seguidos de pessoas sem instrução e fundamental incompleto, com 4,88% e 7,22%.

Para o brasiliense que se interessa por empregos verdes, o melhor lugar para buscar uma oportunidade é em Brazlândia, que corresponde por 23% das vagas, logo após vem a Candangolândia, com 16% e o Guará, com 13%. As oportunidades são ocupadas por pessoas de 14 a 19 anos com 18,9% dos empregos, 19 a 59 anos com 8,0% dos empregos e 59 a 79 anos com 9,0% dos empregos

O rendimento médio de quem trabalha nesses locais foi cotado em R$ 4,781, 14,8% inferior ao não-verde (R$ 5.612). Uma massa salarial de R$ 404 milhões. As maiores expansões da área estão nas atividades de apoio à educação: 3.507,9% e educação profissional de nível tecnológico: 2.022,2%. As maiores quedas são da edição integrada à impressão de livros: -78,7% e regulação das atividades de saúde, educação, serviços culturais e outros serviços sociais: -90,2%. A contagem corresponde ao período de 2009 a 2019.

Estabelecimentos vegetarianos, veganos ou flexitaranos

O mapa da Codeplan também compreende esse tipo de local que, apesar de não ser discriminado pelo código 56 (alimentação) da CNAE 2.0, é importante para a economia verde por a pecuária ser uma grande consumidora de água e emissora de GEE.

Desde 2013, a SVB já certificou 3.050 produtos como veganos (sem ingredientes de origem animal) o que garante segurança à cadeia de insumos e publicidade aos consumidores estritos. No DF, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lista 131 estabelecimentos. Destes, a pesquisa identificou 43 empreendimentos, que somam 351 empregados formais em 2019.

Quase a totalidade é empregada em estabelecimentos da divisão CNAE 56 – Alimentação (94,9%). A maioria é mulher (67%) e a metade tem menos de 29 anos (50,4%). Já no quesito raça, 45,3% têm cor preta ou parda e 75,5% têm ensino médio completo. A renda média nominal é de R$ 1.632,14 (Valor corrente de 2019) e 55,5% dos estabelecimentos estão localizados na Asa Norte; 37,7% na Asa Sul; e 4,7% na Octogonal.

Coleta seletiva de resíduos sólidos urbanos

Essa é uma função típica do “emprego verde”, mas a maioria dos trabalhadores, mesmo associada a uma cooperativa de catadores de materiais recicláveis, não tem vínculo formal. Somente 24 cooperativas têm contrato com o Sistema de Limpeza Urbana (SLU) do DF, o que totaliza 1.071 catadores associados (60 na coleta seletiva e 1.011 na triagem).

Uma amostra de 60 coletores e selecionadores de materiais recicláveis entrevistados pela PED/CODEPLAN mostrou que:

  • Maioria é homem (63,3%);
  • Quase totalidade sabe ler e escrever (93,3%), mas a maioria dos alfabetizados têm somente o ensino fundamental regular (68,3%);
  • Maioria é conta-própria / autônoma (65%) e 11,7% é sócio de cooperativa;
  • Cerca de 60% declararam receber recursos de algum programa governamental (Bolsa família, BPC-LOAS);
  • Renda média nominal é de R$ 1.142,4 (Valor corrente de 2019).

Turismo rural e ecoturismo

O turismo rural é o conjunto de atividades turísticas desenvolvidas no meio rural. Já o ecoturismo ou turismo ecológico utiliza o patrimônio natural e cultural de forma sustentável e incentiva sua conservação e consciência ambiental. Além dos diversos parques e atrativos naturais, Brasília também apresenta iniciativas urbanas sustentáveis, como a Camelo Bike Tour, agência de cicloturismo urbano.

A Ruraltur lista 46 empreendimentos, dos quais a pesquisa identificou 14, que contabilizam 172 empregados formais em 2019:

  • 57,6% é empregada em Hotéis e similares (CNAE 55.10-8)
  • Maioria é homem (59,9%);
  • Metade tem menos de 35 anos (50,6%);
  • 73,8% têm cor preta ou parda;
  • 52,3% têm ensino médio completo;
  • Remuneração média nominal é de R$ 1.457,72 (Valor corrente de 2019).

Comércio varejista de artigos usados

São caracterizados por negócios de roupas de segunda mão, impulsionados pelo avanço tecnológico, pela atração de produtos de qualidade com preço mais barato e pela crescente consciência ambiental. Considerados pilares da economia circular por minimizarem a poluição e os resíduos e promoverem a circulação de materiais e produtos.

Tem uma tendência de crescimento do mercado global de segunda mão a uma taxa anual composta de 15% a 20% nos próximos cinco anos (BCG, 7 mil indivíduos em 6 países). O comércio varejista de artigos usados (CNAE 47.85-7) contava com 42 estabelecimentos no DF em 2019, dos quais foram identificados 184 vínculos ativos (RAIS/ME):

  • Maioria é mulher (61,4%);
  • Metade tem menos de 31 anos (52,7%);
  • 52,7% têm cor preta ou parda;
  • 72,8% têm ensino médio completo;
  • Remuneração média nominal é de R$ 1.414,94 (Valor corrente de 2019).

Agroecologia e agricultura orgânica

As classes da CNAE 2.0 relativas à “agricultura, pecuária e serviços relacionados” não distinguem as atividades orgânicas O sistema orgânico mantém a sustentabilidade econômica e ecológica, sem utilizar materiais sintéticos ou organismos geneticamente modificados e de radiações ionizantes.

Em 2021, a EMATER-DF atendeu 1.018 propriedades rurais orgânicas e 1.142 propriedades agroecológicas, por meio da Assistência Técnica e Extensão Rural (ATER). O DF possui 263 registros de produtor orgânico no Cadastro Nacional de produtores orgânicos (CNPO/MAPA), o que corresponde a cerca de 300 agricultores:

  • Metade dos registros de produtor orgânico no MAPA se refere a propriedades rurais localizadas nos limites territoriais de Brasília; 13,3% em Brazlândia; e 10,6% em Planaltina;
  • 45% são certificados como OPAC; 39% como OCS (agricultura familiar); e 16% por certificadora.
  • 37,3% são representados pela OPAC Cerrado; 13,7% pela IBD certificações; e 10,3% pela Associação dos trabalhadores rurais da agricultura familiar da fazenda chapadinha (ASTRAF).

*Com informações da Codeplan

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