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Brasília

DF registra queda de mais de 60% nos casos de dengue

Os números mais recentes da Secretaria de Saúde trazem boas notícias, mas não deixam de lado a necessidade de combater a disseminação do mosquito

Elisa Costa

10/07/2023 17h40

Foto: Sandro Araújo, da Agência Saúde-DF

De acordo com os dados do último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), a capital federal registra 30.258 casos suspeitos de dengue em 2023, dos quais 23.074 são prováveis. Com isso, foi possível observar uma redução de 63,4% no número de casos prováveis em residentes do DF, neste mês de julho, comparado ao mesmo período do ano passado, quando a capital contabilizava 59.289 casos e passava por uma epidemia. Segundo o mais recente Levantamento Rápido de Índice de Infestação, a classificação é de baixo risco, marcando 0,5%.

Os profissionais da SES explicaram aos jornalistas que o resultado veio do trabalho diário que os agentes de vigilância realizam nas regiões administrativas da capital federal, que inclui o monitoramento e tomada de estratégias específicas. Outro fator é que o DF passa pelo seu período de estiagem, o que dificulta a proliferação do mosquito transmissor, o aedes aegypti. Mesmo assim, é preciso manter os cuidados para evitar a contaminação pela dengue. “Precisamos permanecer atentos para que, quando chegar o período chuvoso, os índices não alcancem níveis críticos”, contou o diretor de Vigilância Ambiental, Jadir Costa Filho.

O vírus da dengue costuma atingir mais pessoas do sexo feminino, com 56,6% dos casos registrados, enquanto o grupo etário com maior incidência de casos prováveis é o de 80 anos ou mais, com 1,2 mil casos por 100 mil habitantes, seguido pelo grupo de 20 a 29 anos e pelo de 15 a 19 anos. Fatores de risco podem contribuir para um quadro grave da doença, como idade, comorbidades e infecções secundárias. A SES ainda ressalta que as regiões com mais incidências de casos são Ceilândia, Samambaia, Planaltina, Brazlândia e São Sebastião.

Em 2023, até o dia primeiro de julho, a SES monitorou as cepas do vírus e analisou 980 amostras de PCR para dengue, com 139 amostras reagentes, sendo que 118 desse número foram identificadas como o subtipo DENV-1 e 21 amostras foram identificadas como o subtipo DENV-2. “No ano de 2022, o subtipo DENV-1 era o subtipo circulante, detectado em 1.397 amostras das 3.040 analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Distrito Federal (Lacen-DF), explica o boletim epidemiológico. Vale destacar que, 97% dos focos de dengue estão dentro das residências, enquanto 3% ficam em áreas públicas.

Apesar das ações de combate à reprodução e disseminação do mosquito transmissor, a secretaria acredita que a queda da incidência pode ser justificada também “pelo prazo de inserção das notificações no sistema”. Segundo a pasta, a dengue tem comportamento sazonal no DF e ocorre principalmente entre os meses de outubro a maio. Quando a ocorrência de casos é superior ao limiar endêmico, a situação deve ser avaliada, porque pode indicar o começo de uma epidemia ou de uma variação “inesperada”, que demande investigação e ações de controle.

“Peguei dengue em março do ano passado, quando estava viajando de férias e no penúltimo dia de viagem comecei a sentir muita dor na lombar. Achei que pudesse ser o colchão ou exercício físico, mas no dia de voltar para casa comecei a sentir um pouco de mal estar. Senti muito frio, tive febre e tentei ficar de repouso, mas os sintomas pioraram, a dor no corpo veio, a dor nos olhos, um pouco de enjoo e decidi fazer uma consulta. Tive o diagnóstico quando a enfermeira foi me atender e viu as manchinhas vermelhas pelo meu corpo”, contou Vanessa Ferreira, 28 anos, ao Jornal de Brasília.

A jovem, que trabalha com comunicação social em Brasília, explicou à reportagem que o seu índice de plaquetas estava baixo e que se sentia indisposta para fazer qualquer coisa. Vanessa disse que a recomendação era tomar muita água, mas com a fraqueza que sentia ela não conseguia nem ir até a cozinha para buscar. “Eu não tinha forças. Perdi o apetite completamente, passei uns três dias praticamente sem me alimentar. Foi horrível”, explicou. Por fim, Vanessa admitiu que tem medo de pegar o vírus novamente, porque para ela, foi a pior doença pela qual já teve que enfrentar, mesmo sendo uma sobrevivente da covid-19.

Em entrevista ao JBr, o médico Dalcy Albuquerque Filho, membro da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, destacou que a dengue varia ao longo dos anos, e que os especialistas da área não conseguem explicar exatamente o porquê. Entretanto, sabe-se que o vírus possui um ciclo natural, que tende a reduzir o seu pico epidêmico. “Por exemplo, as pessoas expostas à doença, que já tiveram um certo subtipo, não vão ter de novo. A pessoa desenvolve uma imunidade permanente. A pessoa que teve a doença também fica imune a todos os outros subtipos por um tempo”, afirmou.

“É esperado que o número de casos reduza de um ano para outro, mas provavelmente daqui dois ou três anos possamos ter um novo aumento de casos. É importante continuar com as medidas preventivas”, destacou Dalcy. Conforme explicou o médico, a população deve trabalhar em eliminar os criadouros, independente da presença de um agente de endemia. “A única forma efetiva é prevenir, eliminando o mosquito ou evitar que ele entre em nossas casas”, finalizou. Felizmente, não há registro de óbitos em decorrência da doença em 2023, enquanto em 2022, ocorreram 13 mortes nos primeiros seis meses do ano.

Entenda

O mosquito aedes aegypti transmite a dengue, a zika e também a chikungunya, mas no caso da dengue, os principais sintomas são a febre alta, manchas vermelhas no corpo, mal-estar e cansaço, dor abdominal, dor de cabeça e no fundo dos olhos. O combate ao mosquito gira em torno de evitar a água parada, local onde se reproduz. Vasos de plantas, calhas, lajes, tanques e garrafas podem acumular água, por isso devem ser observados e limpados constantemente. É recomendado colocar areia na borda dos pratos de vasos de plantas.

Barris, tonéis e caixas d’água devem permanecer sempre fechados para impedir que o mosquito entre. O lixo também pode atrair o mosquito, por isso, é importante mantê-lo tampado e envolto em sacos plásticos. Também é recomendado utilizar telas de proteção nas janelas, com buracos de no máximo 1,5 milímetros, usar repelente, fechar portas e janelas nos períodos do nascer e pôr do sol (quando o mosquito está ativo) e usar velas ou difusores de essência de citronela para afastar o inseto.

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