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Brasília

Combustível no DF aumenta mesmo com redução em refinarias

Sindicombustíveis explica que preço mais barato pode acontecer nos próximos dias. Valor mais baixo poderia ser de promoção em alguns postos

Vítor Mendonça

08/12/2022 15h59

Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Após reajuste do preço da gasolina e do diesel nas refinarias pela Petrobras na última terça-feira (6), o preço dos combustíveis no Distrito Federal deu ares de alta nesta semana. Alguns postos que praticavam preços abaixo dos R$ 5,00, desde ontem, estão com os valores mais altos.

Aos olhos do consumidor, a diferença pode parecer uma artimanha empresarial para lucrar mais e enganar o cliente. Entretanto, de acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e de Lubrificantes do DF (Sindivarejista), Paulo Tavares, não há como decifrar exatamente a estratégia de mercado de cada empresário, que altera o valor do combustível para mais ou para menos por diversas razões.

Segundo ele, o preço praticado anteriormente poderia ser uma estratégia de mercado, uma vez que estava sendo reduzido aos poucos a cada semana, mesmo sem nenhum tipo de reajuste feito pela Petrobras. Isso significa, segundo ele, que alguns empresários poderiam estar arcando com possíveis prejuízos por algum fator concernente a cada negócio.

“Aqueles que estavam vendendo por R$ 4,69 ou R$ 4,79, por exemplo, estavam vendendo praticamente no mesmo preço que as distribuidoras vendem a gasolina. Então na prática, ou não há lucro ou, se existe, é muito pouco, porque ainda têm as taxas de centavos das máquinas de cartão”, ressaltou Tavares. Portanto, de acordo com o presidente do sindicato, o aumento no preço da gasolina pode significar uma normalização ao preço anterior.

A última vez em que a Petrobras havia baixado o preço da gasolina foi em 2 de setembro, e do diesel em 20 de setembro. As reduções vistas recentemente, portanto, ficaram a cargo dos próprios empresários. A recente diminuição de R$ 0,20 na gasolina, passando de R$ 3,28 para R$ 3,08, e R$ 0,40 no diesel, passando de R$ 4,89 para R$ 4,49, pode chegar no bolso do consumidor final com redução de R$ 0,10 a R$ 0,15 por litro.

“Ainda assim, vamos depender do preço revendido pelas distribuidoras, que podem acatar completamente ou em parte essa redução. […] Elas ainda têm estoques que foram comprados com o preço anterior, então é possível que optem por se desfazer dele antes de aplicarem a diminuição que virá do próximo carregamento, com combustível novo”, explicou Tavares.

Para o gerente comercial de seguros, Luciano Souza, o preço da gasolina “está exorbitante”. “Precisávamos que fosse bem mais baixo [o valor]. Para mim, gasolina a mais de R$ 3,00 é um absurdo, porque é uma utilidade que todos usam para trabalhar [de carro ou de ônibus]. Hoje em dia, viver sem combustível é impossível até que sejam acessíveis novas formas de transitar”, opinou.

Ele explica que atualmente tem feito menos passeios com a família durante o fim de semana, escolhendo quais serão as saídas, a fim de economizar gasolina e garantir menos abastecimentos ao longo do mês. “No caminho para o trabalho não dá para diminuir [o gasto com a gasolina], mas às vezes a rotina pessoal a gente acaba reduzindo as saídas em prol da economia. No fim de semana preferimos ficar em casa, só se for um evento importante”, destacou.

Washington Silva, 49, assessor de gabinete, concorda que a gasolina está muito cara. Em um dos postos do Plano Piloto, ele abasteceu apenas R$ 20,00 para ter combustível suficiente para chegar em Ceilândia, cidade em que mora e onde a gasolina está mais barata, sendo vendida a R$ 4,85, segundo ele, ao invés de R$ 5,39 onde colocou o valor menor.

“É uma diferença muito grande entre as cidades. Trabalho de carro todo dia e esqueci de abastecer lá [em Ceilândia]. Daí estou colocando só R$ 20,00 aqui [no Plano Piloto], mas faz diferença entre abastecer lá e aqui. Dá pra sentir no bolso no fim do mês, de uns R$ 60,00”, finalizou.

Apesar de estar abastecendo no Plano Piloto, o empresário do ramo de oficinas, Carlos Agnaldo, 61, também opta pelos estabelecimentos com a gasolina mais barata para completar o tanque. Perto de onde fica uma das oficinas que tem, no Setor de Oficinas Norte, o combustível estava sendo vendido a R$ 4,69, segundo ele. Apesar do valor mais alto, o empresário afirma que não deixou de fazer planos e trajetos por conta do preço da gasolina.

Carlos está desacreditado quanto à possível redução do preço da gasolina nos próximos dias e meses. “Isso aí vai subir logo logo. A tendência é piorar. E acho que o próximo governo não vai ter condições de segurar o preço da gasolina”, finalizou. Para ele, a política não surtirá efeito nas bombas dos postos de combustível. Sendo assim, segundo ele, resta tentar organizar as contas com os preços que estiverem sendo praticados.

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