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Brasília

Com o início do Ramadã, brasileiro adepto do Islamismo explica como rotina se altera

O período refere-se ao nono mês do calendário lunar islâmico e é considerado sagrado, marcado pela realização de jejuns e obras de caridade

Agência UniCeub

10/03/2024 16h23

Por Natalia Francescutti e Henrique Sucena Agência UniCeub/Jornal de Brasília 

“Como vocês conseguem ficar o dia inteiro sem comer?”. “É impossível ficar sem beber água! Eu jamais conseguiria!”.

Essas são algumas reações que o jornalista brasileiro Fernando Celino, de 42 anos, adepto do islamismo, costuma ouvir quando explica a importância do Ramadã.

O período refere-se ao nono mês do calendário lunar islâmico e é considerado sagrado, marcado pela realização de jejuns e obras de caridade. Em 2024, o mês está programado para se iniciar neste domingo (10) de março e ir até o dia 8 de abril, mas pode mudar dependendo das fases da lua.

Mudança de rotina

O jornalista brasileiro, que vive no Rio de Janeiro, afirma que a rotina dele durante a Ramadã é bem diferente. Fernando acorda cedo, antes do nascer do sol, e faz um café de manhã um pouco mais reforçado que se chama Suhur, com o objetivo de ajudar no dia de jejum que vai começar. Quando o sol nasce, faz a Oração da Alvorada, a primeira das cinco diárias e assim inicia, de fato, o jejum.

“Minha rotina de afazeres em si não muda muito. Na prática, continuo com todas as minhas atividades normalmente, com a diferença de que as faço em jejum do nascer ao pôr do sol, conforme a regra islâmica”, diz o jornalista.

Após o pôr do sol, ele costuma se reunir com os irmãos na mesquita para o jantar coletivo de quebra do jejum, o Iftar, e começar orações coletivas. Ele descreve o período como uma época de muita alegria e que aumenta os laços de irmandade entre os muçulmanos. Quando chega em casa, Fernando faz um lanche leve antes de dormir.

Cada pessoa dá uma certa importância diferente ao Ramadã. Para Fernando, é a parte espiritual. Como é um mês sagrado, a grande maioria faz boas ações e deixam de cometer pecados nessa época.

O jornalista faz algo um pouco diferente, procurando fazer uma autoanálise de sua vida e ver os pontos principais que pode melhorar, além de orar mais, ler mais o Alcorão e, claro, fazer mais atos de caridade e boas ações, conforme o Islã recomenda.

“Como uma escola”

“A intenção é encarar o Ramadã como uma escola, de modo que possamos aprender com ele a eliminar nossas falhas/defeitos, aprimorar nossas qualidades e nos tornarmos seres humanos melhores, para que nos acostumemos às boas práticas do Ramadã de tal forma que possamos mantê-las em todos os meses, e não apenas neste mês especial”, diz o brasileiro.

Ele lamenta que boa parte dos brasileiros não conhece o que é Ramadã e não são familiarizados com o que prega o islamismo. Fernando diz que, quando comenta sobre o jejum, as pessoas costumam ter dois tipos de reações.

Outras reações

Além da reação de espanto, outro comentário, segundo ele, frequente, seria de admiração, entendendo o comprometimento da relação dos fiéis com Allah.

“A própria palavra Islã, que nomeia a nossa religião, quer dizer ‘paz’”‘. O nosso cumprimento é “Assalamu Aleikum”, que significa “Que a paz esteja com você”. O Alcorão, nosso livro sagrado, traz bons ensinamentos como qualquer outra religião”.

Fernando reitera que a religião islâmica fala de amor, incentiva bons valores e repudia injustiças, agressões e ataques a pessoas inocentes. Então, se um indivíduo ou um grupo que se diga muçulmano pratica algo errado, eles devem ser responsabilizados, e não a religião como um todo.

“Pessoas de outras religiões também erram e também cometem crimes, e se ninguém associa esses erros/crimes às suas religiões, não faz sentido culpar o Islam quando algum muçulmano faz algo errado”.

Supervisão de Luiz Claudio Ferreira

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