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Brasília

As guerreiras nomeadas: o dia-a-dia das mães concurseiras do DF

Ao longo da sua vida, Fernanda Barboza conciliou a maternidade de duas filhas e a vida de concurseira. Hoje, como coordenadora de um cursinho, ela inspira outras mães que querem construir novas carreiras

Redação Jornal de Brasília

08/05/2022 5h00

Foto: Arquivo Pessoal

Por Gabriel de Sousa
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O Dia das Mães é uma das datas mais importantes do nosso calendário anual, em que nos recordamos da dedicação diárias das nossas mamães, que entregam tudo de si para fornecer uma vida de qualidade para os seus filhos. Essa realidade é enfrentada pelas mães concurseiras, que passam dias e noites cuidando dos seus pequenos, além de pegarem firme nos estudos para conquistar carreiras que podem trazer uma qualidade de vida essencial para a construção das suas famílias.

A história de Fernanda Barboza, enfermeira por formação e mãe de Maria Fernanda e Ana Ester, foi de constantes lutas durante a maternidade e trajetória de estudos, tendo uma história de vida única, que nos ensina como o amor de mãe pode ser essencial para a dedicação pela tão sonhada vaga como servidora pública.

Especializada em saúde, antes de se formar em Enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), Fernanda passou no seu primeiro concurso público do DF conseguindo uma vaga na Rede Sarah, e por lá trabalhou até o nascimento de Maria Fernanda, sua primeira filha, que nasceu em 2007.

Após o nascimento da sua primogênita, Fernanda decidiu continuar estudando para conseguir uma vaga com uma escala de horário melhor, pois, de acordo com ela, o trabalho na Rede Sarah fazia com que o tempo dedicado à Maria Fernanda fosse muito pequeno. Além disso, as pretensões de um futuro melhor, tanto para ela quanto para sua filha, a motivaram a continuar estudando para novos certames.

“Quando eu trabalhava no Sarah, eu voltei a ser concurseira visando um propósito maior, que era a questão de ter um futuro de longo prazo resolvido. Foi um esforço muito grande conciliar o trabalho de plantão no Sarah com os estudos”, afirma a enfermeira.

Para conseguir passar em um novo concurso público, Barboza teve que separar o seu tempo diário entre o emprego, a maternidade e os estudos. O caminho não foi fácil, e no percurso até o seu objetivo, a concurseira ouviu até mesmo críticas de outras colegas de trabalho, que criticavam a sua sua “falta de amparo” à sua filha pequena.

“Existem muitas barreiras, e a mais difícil delas é a culpa. Uma vez uma colega me disse que eu dedicava muito tempo para estudar e pouco tempo para a minha filha. E eu nunca esqueci desse sentimento de culpa”, relembra Fernanda.

Para unir os estudos com a maternidade, Fernanda sempre visou manter um contato com suas filhas, separando horários para uma dedicação exclusiva às suas pequenas, e estipulando momentos que seriam dedicados para a sua rotina de aprendizado. “O mais importante não é a quantidade de tempo que a gente passa com o filho, sabe? É sobre você estar perto de fato. Porque quando a gente está do lado, mas está pensando em outras coisas, mexendo no celular, a gente acaba não dando valor a aquele momento”, observa a mãe.

O objetivo de Fernanda chegou em 2013, quando a enfermeira passou no concurso do Ministério Público. Junto com a tão esperada nomeação, veio mais uma filha, Ana Ester, que nasceu um ano antes da sua nova conquista, aumentando a família e a pretensão de sucesso e estabilidade da concurseira.

As aprovações dela não pararam por aí, a concurseira sempre esteve visando uma melhor estabilidade financeira e uma escala de tempo que permitisse um maior contato com suas filhas. Após continuar estudando, graças ao apoio do seu companheiro, Fernanda foi nomeada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e atualmente é enfermeira e consultora legislativa na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

“Eu tive sempre o apoio do meu esposo, que sempre me fez enxergar que isso era para o futuro da família, e que não era uma coisa só para mim. Hoje, eu tenho uma escala de trabalho boa. Valeu a pena”, diz Barboza.

O sucesso da mãe é motivo de orgulho e inspiração para as suas filhas, que cresceram vendo a luta da mãe por uma vida mais estável da família através do serviço público. Hoje, Ana Ester e Maria Fernanda enxergam a mãe como um espelho, e podem trilhar o mesmo caminho dos concursos no futuro.

“Elas ainda não definiram a profissão futura delas. Aqui em Brasília acontece que elas têm um contato com concursos de forma muito precoce, ainda mais ao longo da vida delas, elas estarem me vendo estudando para concurso. Eu incentivo, ser servidor é muito bom”, conta.

Inspiração para outras mães

Além de uma consolidada carreira como servidora pública, Fernanda Barboza também é coordenadora de Saúde do Gran Cursos Online, onde além de acompanhar a preparação dos estudantes que desejam ingressar na área, também auxilia outras mães que dividem a vida materna com a dedicação para os processos seletivos: “Na enfermagem, 80% a 90% [dos alunos das turmas do cursinho] é formado por mulheres, então eu recebo muitas mensagens e muitas fotos delas assistindo aulas com os bebezinhos no colo”.

Como conselho às mães que desejam prestar concursos públicos, Fernanda explicita que o essencial da conquista do sucesso é perseverar, não desistindo daquilo que pode trazer ótimas consequências no futuro. “Primeira coisa é que elas devem ter um propósito bem claro na cabeça delas do que elas querem, porque quando a gente coloca na cabeça o que a gente quer e o porquê que a gente está estudando, não sendo só pela gente, mas por eles também, a gente consegue se livrar do sentimento de culpa e tirar forças de onde não tem”, afirma.

Outro conselho é estipular os “combinados”, isto é, horários pré-definidos para dar uma atenção única aos filhos, que deve ser feito de forma intensa e exclusiva. Além disso, também deve haver momentos próprios para os estudos, que devem ser introduzidos e respeitados pelos pequenos, de forma que tanto as tarefas maternas e o aprendizado diário estejam presentes no dia-a-dia das concurseiras.

“A maioria das crianças com mais de quatro anos já conseguem entender os combinados, e nesses combinados elas devem deixar claro o horário que podem ficar com elas. Nesses horários, é bom evitar ficar com o celular na mão, evitar estar com um livro na mão, para de fato apoiar a criança naqueles momentos”, diz a enfermeira.

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