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Artista de Brasília cria esculturas de mãos feitas com arames; obras vão para Paris

A mostra conta com sete esculturas, em formatos de mãos, feitas de arames enferrujados que seriam descartados

Redação Jornal de Brasília

27/08/2021 20h01

Foto: Divulgação

Maria Paula Meira e Maria Tereza Castro
Agência UniCeub

As mãos serviram de inspiração para mais uma inventividade do artista plástico Manu Militão. Não só para produzir, mas também na concretização de uma exposição, a “Mãos Transparentes”. A mostra conta com sete esculturas, em formatos de mãos, feitas de arames enferrujados que seriam descartados. Ele pretende expor em locais abertos ainda a serem definidos.

As obras são elaboradas em um demorado processo, que consiste em desamassar e cortá-los em pequenas barras, que são, posteriormente, moldadas no formato da mão. Dentre as sete, uma delas tem proporções gigantes, e as outras seis, formando diferentes gestos, possuem 17 vezes (a maior) ou 1.7 vez (as menores) o tamanho da mão do artista.

Inicialmente, os trabalhos estão sendo apresentados a formadores de opinião nesta sexta e também no dia 3 de setembro, para um novo grupo. O artista recebeu um convite para fazer parte da Semana de Arte de Paris deste ano e são esses os trabalhos que ele pretende levar. Ele diz que a produção não irá parar e que a exposição voltará ao Brasil com mais obras.

A proporção das obras é baseada em um dado da Organização das Nações Unidas (ONU), afirmando que a humanidade utiliza, anualmente, 1.7 vezes os recursos disponibilizados pelo planeta para aquele ano.

Poluição e desperdício

Manu declara que seu propósito é trazer reflexões ao seu público, por isso, começou a fazer arte relacionada à natureza e à sustentabilidade, ele considera essa conscientização importante. “O país está sendo asfixiado, estamos gastando muito mais que sua capacidade, com a poluição e o desperdício”, afirma.

Segundo ele, os artistas são tradutores do seu tempo e o objeto da arte sempre possui uma função social. O ofício exige muito investimento e recursos, não só financeiros, mas também requer tempo. Todas as obras estão à venda, Manu acredita que o maior prazer de um artista é possuir sua obra na casa de alguém, em um lugar de destaque. Ressalta que suas criações não são uma descrição dele próprio, e sim do que vê.

Ainda afirma que os meios de divulgação da arte estão sucateados, pois o atual governo limita a liberdade criativa no seu meio. Ele acredita que o artista não tem direito de ser pessimista, portanto, o objetivo desta exposição é levar as pessoas até sua casa, para que percebam que ele luta contra a atual ofensiva intelectual em forma de arte.

“Vivemos um momento de grande escuridão intelectual neste país e a única forma de liberdade que ainda tenho preservada, é do portão pra dentro da minha casa”

Leia mais sobre o trabalho de Manu Militão

As obras dele já passaram por diversas exposições ao redor do mundo, em especial, ele cita uma que foi apresentada em Nova Iorque. Manu declara que o projeto, sobre o Dia Mundial da Síndrome de Down, fez com que se aproximasse muito mais da arte enquanto instrumento de conscientização social e reflexão.

Em um trabalho mais recente, “Border”, o artista foi até o Alaska para pintar as pessoas que viviam nas fronteiras. Essas obras foram expostas no Museu Nacional da República e viajariam por todo o país, o que foi impossibilitado pela pandemia.

Manu faz parte de um grupo de Miami, chamado Jada, com artistas metamodernistas de diversos países, que colocam a arte como instrumento de reflexão, traduzindo o seu tempo. “Apreciar a arte hoje é um ato de autoidentificação e altruísmo”.

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