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Brasília

Aluno entrega esponja de aço como presente a professora negra; PCDF apura caso

O estudante entregou a esponja de aço alegando ser presente do Dia da Mulher. Secretaria de Educação repudia atos de preconceito

Redação Jornal de Brasília

14/03/2023 18h27

Foto: Reprodução

Marcos Nailton
[email protected]

Uma professora de português da rede pública de ensino do Distrito Federal foi alvo de um ataque racista dentro da sala de aula, no último dia 8 de março. Um aluno de 17 anos do 3º ano do Ensino Médio entregou um presente a docente, alegando ser em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no dia do acontecimento.

O caso ocorreu no Centro de Ensino Médio 9, em Ceilândia. Toda a ação foi filmada por colegas de turma do estudante, o vídeo teve grande repercussão nas redes sociais. A professora, ao abrir o pacote, percebeu que havia dentro uma esponja de aço.

Nas imagens, é possível ver a professora constrangida ao tirar a esponja de aço da sacola. “Olha só eu vou aceitar, porque tudo que vem, volta”, disse ela. Em seguida, os alunos se manifestam, alguns falam “eita”, com base na resposta da professora. Outra aluna diz, “não aceita não professora (o “presente)”.

Ainda constrangida, a professora agradece ao aluno que entregou a esponja de aço, enquanto alguns estudantes da classe dão gargalhadas. O vídeo causou grande revolta por parte das pessoas nas redes sociais, que se solidarizaram com a professora.

O que diz a Secretaria de Educação

Em nota enviada ao Jornal de Brasília, a Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal (SEE/DF), disse que “repudia qualquer tipo de preconceito e reforça o compromisso e empenho na busca por elementos que permitam o esclarecimento dos fatos, bem como o suporte aos envolvidos”.

De acordo com a secretaria, a equipe gestora do CEM 9 de Ceilândia informou que só tomou conhecimento do ocorrido nesta segunda-feira (13) e que, a partir disso, a direção da escola se reuniu com o estudante e seus responsáveis, além de já ter conversado com a professora envolvida no caso. A pasta ainda ressaltou que a escola tem autonomia para conduzir o ocorrido.

Foi informado ainda que a direção da escola realizará ações nas salas de aula, como rodas de conversa para instruir os estudantes sobre o assunto. “A Coordenação Regional de Ensino de Ceilândia informou ainda que acionou uma equipe de psicólogos e pedagogos da regional para que estes auxiliem nessas atividades que serão desenvolvidas também em outras escolas”, destacou a pasta.

A investigação em busca dos fatos será conduzida pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA 2), em Taguatinga. A PCF tomou conhecimento da situação após denúncia nas redes sociais. Segundo os investigadores, o fato de a vítima não ter procurado a delegacia não impede a instauração do procedimento por se tratar de ato infracional de injúria racial.

Sinpro-DF repudia atitude

O sindicato dos Professores do Distrito Federal (SINPRO/DF/) também repudiou a atitude do estudante, além disso, pediu rigor na punição do jovem.

“O Sinpro-DF vem a público manifestar toda a sua solidariedade à professora vítima de um ataque misógino e racista, […] É repugnante e intolerável a atitude do estudante que “presenteou” uma professora negra, no dia 8 de Março, com uma esponja de aço. A ação filmada e divulgada nas redes digitais demonstra o ódio à mulher e às pessoas de pele negra. Trata-se de um duplo crime – racismo e misoginia”, disse o sindicato.

O Sinpro considera misoginia porque o aluno “ofende a mulher na sua essência – quando ele dá a palha de aço, ele imprime a mensagem de que a mulher só serve para lavar a louça, estar na frente de um fogão e que não serve para ser professora e nem é digna de estar ali exercendo sua carreira magistério”, segundo a pasta.

Diante de todo o caso, o sindicato diz se colocar à disposição de todas as direções das escolas para apresentar propostas que visem à realização de um trabalho de enfrentamento ao racismo no ambiente escolar.

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