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Brasília

“A gente precisa moderar o uso da palavra golpe”, diz general Augusto Heleno

Inicialmente, seu depoimento estava previsto para o dia 19 de abril. Porém, Heleno foi aconselhado por amigos e advogados a não comparecer

Camila Bairros

01/06/2023 11h16

Foto: Reprodução/YouTube

Na manhã desta quinta-feira (31), o general Augusto Heleno prestou depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa. Ele era o ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), e criticou o uso da palavra golpe para tratar de 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023.

Inicialmente, seu depoimento estava previsto para o dia 19 de abril. Porém, naquela ocasião, Heleno foi aconselhado por amigos e advogados a não comparecer.

O general chefiou o GSI de 1º de janeiro de 2019 a 31 de dezembro de 2022, sendo o responsável pelo órgão que faz a coordenação da área de inteligência do governo, sendo subordinado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A função do GSI é acompanhar questões com ‘potencial risco’ à estabilidade institucional, fazer a segurança pessoal do presidente da República e prevenir crises.

Em sua fala, Heleno disse que não foi articulador de nenhum dos atos antidemocráticos ocorridos entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023, e que, apesar de ser próximo de Bolsonaro, nada ele tinha a fazer além de aceitar o resultado das eleições.

Chico Vigilante, presidente da CPI, questionou ao general se a falta de falas de Bolsonaro ao término do processo eleitoral ajudou na formação do acampamento em frente ao QG do Exército, em Brasília. “Eu, como ministro, não poderia passar por cima do presidente e declarar uma coisa que era de competência dele. Cabia a ele decidir quando falaria sobre isso”, respondeu Augusto Heleno.

Ele ainda afirmou que não esteve no acampamento, mas que acreditava se tratar de um lugar sadio e de muitas orações. Em março, Jorge Naime, o ex-comandante de Operações da Polícia Militar do DF, disse em seu depoimento na CPI que o local era um ponto de tráfico de drogas, ambulantes, prostituição e de denúncia de estupro.

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Golpe

O general também criticou o uso da palavra golpe, utilizada para descrever os atos ocorridos em 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023 – quando manifestantes invadiram e depredaram o Congresso, Palácio do Planalto e o STF. “Esse termo não é adequado. Para ter sucesso, o golpe precisa de um líder principal, que esteja disposto a assumir o papel, não é uma atitude simples. Esse termo está sendo aplicado com vulgaridade”, afirmou.

Amigo pessoal de Jair Bolsonaro, o ex-ministro disse também que tanto ele como o ex-presidente sempre seguiram as diretrizes estabelecidas, jogando ‘dentro das quatro linhas’.

Anderson Torres

Questionado sobre Anderson Torres, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário da Segurança Pública do DF, e principalmente sobre a minuta de decreto de golpe encontrada em sua casa, o general disse gostar muito dele, e que acredita que o texto não tinha nenhuma credibilidade, descrevendo o ato como ‘uma página ruim da vida de Torres’.

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