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Olhar Strano
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Brasil vive explosão de novos casos de violência política

Números aumentaram em 400% em relação às últimas eleições, em 2018; redes sociais são campo para o bem e para o mal

Danilo Strano

17/10/2022 10h18

Foto: Divulgação

Na última semana, foi divulgado o estudo Violência política e eleitoral no Brasil, produzido pelas organizações de direitos humanos Justiça Global e Terra de Direitos. A pesquisa ocorreu no período entre 2 de setembro de 2020 e 2 de outubro de 2022, onde foram mapeados 523 casos ilustrativos de violência política envolvendo 482 vítimas entre representantes de cargos eletivos, candidatos(as) ou pré-candidatos(as) e agentes políticos no Brasil.

Em termos de comparação, os casos de violência política e eleitoral em 2022 aumentaram em 400% se comparados a 2018. Se nas últimas eleições presidenciais ocorria um caso de violência a cada oito dias, hoje são registrados, praticamente, dois casos por dia.

Para entender esse avanço, precisamos responder duas perguntas:

  1. Quem são os agredidos?
  2. Qual o tipo de violência sofrida?

A primeira resposta é: mais de 25% dos casos de violência foram sofridos por integrantes do PT e PSOL. A concentração é maior entre os agentes políticos que defendem pautas identitárias. Os líderes em ataques sofridos representam bem o perfil da vítima:

Beny Briolli (PSOL-RJ)
Mulher transexual, negra e ativista LGBTQIA+. Primeira vereadora transexual eleita em Niterói, foi alvo de oito episódios de violência.

Renato Freitas (PT-PR)
Homem negro, ativista antirracista. Vereador de Curitiba eleito em 2020, foi alvo de quatro episódios de episódios de violência.

A segunda questão é respondida ao verificarmos que mais de 60% dos casos de violência são oriundos de ameaças e ofensas, facilitados pelo falsa sensação de anonimato das redes sociais.

As redes sociais favoreceram o fortalecimento de grupos em defesa de direitos humanos, da população LGBTQIA+ e da pauta antirracista. A maior parte das novas lideranças políticas que abordam essas pautas tiveram algum destaque nas redes, assim possibilitando uma candidatura vitoriosa. Porém, assim como esses novos agentes políticos surgem nas redes, grupos que propagam ódio e violência também encontraram morada nesse meio.

A Justiça Eleitoral tem tentado aplicar penas com rapidez para evitar esse tipo de violência no ambiente digital, mas a sensação de impunidade ainda é grande, como verificado pelo estudo. Os agressores, mesmo com a fiscalização, não têm se sentido inibidos.

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