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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Como comunicar o outro sobre a não-monogamia

Foram muitos anos de relacionamentos com regras castradoras. Hoje, com novos estudos e informações, poder questionar os modelos é um grande privilégio

Lu Miranda

24/05/2023 11h28

Atualizada 25/05/2023 11h01

Arte: Lu Miranda

Demandas relacionadas à não-monogamia e aos modelos de relacionamento socialmente impostos têm sido cada vez mais comuns, pessoal e profissionalmente. São muitos anos de relações com regras castradoras e limitantes. Hoje, com novos estudos e informações, poder questionar os modelos é um grande privilégio. Todavia, precisamos fazer isso com bastante cuidado, já que o assunto afeta não só aquele que o faz, mas também quem está ao redor.

Falar de não-monogamia inclui várias temáticas: religião, ciúmes, posse, patriarcado, política, castração feminina, enfim… muitas coisas que afetam diretamente nossas relações — e quando estamos solteiros, inclui ainda conhecer e se deparar com várias realidades desconhecidas. Mas e aí?

No consultório, tenho recebido muita gente confusa e/ou se percebendo desatualizada e insatisfeita amorosa e sexualmente. Isso as leva a questionar modelos aprendidos dentro e fora de casa, relacionados não só a sexo, mas também a afeto, amor, fidelidade, lealdade, parcerias, modelos e papéis sociais. Afinal de contas, as coisas mudam, inevitavelmente, e não olhar para isso pode ser uma grande questão.

Conversar sobre assuntos delicados, contudo, é sempre complexo, e não existe necessariamente um momento certo para que isso seja feito. Ter sensibilidade e imaginar como a mensagem vai chegar à outra pessoa (ou às outras pessoas) é super importante. Isso quer dizer, na prática, que se sua parceria está passando por momentos de instabilidade emocional causada por depressão, ansiedade ou inseguranças diversas, falar sobre isso poderá gerar mais conflitos. E digo isso porque, infelizmente, muita gente tem usado da não-monogamia para “salvar” relações consideradas mornas. E pelo que vejo dentro do consultório, essa não é a forma mais eficiente de aprimorar uma relação, principalmente se o casal está em crise.

Mas existe uma coisa que me intriga nesse assunto: não somos monogâmicos em nenhuma ou quase nenhuma área da vida. Por que, então, seríamos na relação amorosa ou sexual?

Eu sei que é polêmico. Mas a questão é que está tudo bem questionar. Monogamia não é para todo mundo e não-monogamia também. E é isso.

Como diria um queridíssimo, relação aberta ou não-monogâmica não é só para quem quer, é para quem dá conta, e tá tudo bem também. É absolutamente relevante estarmos atentos e atentas aos limites pessoais. Além do mais, é necessário que haja consensualidade das partes envolvidas e bastaaante diálogo. Muito mesmo.

Não-monogamia demanda maturidade emocional, comunicação não-violenta eficiente, psicoterapia em dia, boa comunicação, sinceridade (ainda que isso frustre a outra pessoa, mas é fundamental numa relação) e, obviamente, responsabilidade afetiva e muito, muito respeito.

Não é bagunça, não é suruba, não é desrespeito. É entender que, por aí, existem pessoas incríveis que podem ser felizes de outras maneiras. E vale lembrar que a forma como lidamos com as coisas diz mais sobre nós do que aquilo que falamos sobre.

Sexualidade é muito mais do que transar, e conhecimento faz toda diferença.

Quer uma dica de como começar a falar deste assunto? Compartilhe essa matéria. Eu te ajudo, você me ajuda. Todo mundo se ajuda. Que tal?

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