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Ana Moser, ministra do Esporte, diz que não irá investir em eSports

Ministra enxerga os esportes eletrônicos como entretenimento e compara atletas com cantores como Ivete Sangalo

Karol Scott Lucena

11/01/2023 13h36

Foto: Divulgação/Ministério do Esporte

Em uma entrevista recente ao portal UOL, a ministra do Esporte, Ana Moser, declarou que, no seu entendimento, os eSports não são esportes. Para Moser, a prática não se encaixa na indústria do esporte e sim na do entretenimento, como a música, por exemplo.

Ana Moser ainda comparou atletas a cantores, usando de exemplo a cantora Ivete Sangalo. Veja abaixo as falas da ministra:

“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. ‘Ah, mas o pessoal treina para fazer’. Treina, assim como o artista, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show, e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte. A questão do esporte eletrônico a nível federal ainda não é uma realidade. Não tenho essa intenção [de investir nisso]. No meu entendimento, não é esporte. A gente lutou, no ano passado, eu na minha vida pregressa, a frente da Atletas pelo Brasil, a gente fez uma ação muito forte junto ao Legislativo para o texto da Lei Geral [do Esporte] não ser aberto o suficiente para poder ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá protegendo o esporte raiz. Na definição de esporte, tinha sido dado uma abertura que poderia incluir esporte eletrônico, e a gente fechou essa definição para não correr esse risco. Lógico, risco sempre acontece, e é um trabalho constante.”

É claro que essas declarações seriam criticadas. Influencers como Gaules, Gordox, Felippe Corradini, Lucas Teles, Luis Peacemaker e muitos outros se posicionaram nas redes sociais, dando declarações apontando o erro de entendimento da ministra ou simplesmente sendo irônicos.

O UOL também ouviu Nobru, Gustavo Sacy, Jaime Pádua (confundador da FURIA), Paulo Neto, entre outros. Todos falaram algo em comum: isso é retrocesso.

O mercado de eSports, que movimenta cerca de US$ 196 bilhões, já tem sido visto e incluído em programas olímpicos em outros países. Alguns deles apenas como demonstrações, sem valer medalhas, e outros já pra valer, como foi o caso dos Jogos Olímpicos Asiáticos. Já na França, o presidente Emmanuel Macron declarou interesse em incluir os esportes eletrônicos nas Olimpíadas de Paris 2024.

O Brasil possui times excelentes e vem se destacado por sua qualidade e atletas diferenciados. Dentre eles, temos o Nobru, que já foi o melhor jogador do mundo. Não investir em um setor que tem crescido absurdamente nos últimos anos é ser ignorante e não ter visão de futuro de algo que pode salvar e mudar vidas, tal qual o futebol, o vôlei, a natação ou qualquer outro esporte que pode mudar a realidade de alguém. Uma declaração como essa é ultrapassada e até mesmo preconceituosa. Nos deixa claro a falta de conhecimento do cenário, por parte da ministra, e do que ele representa nos dias de hoje. Todo mundo sabe que os tempos mudaram, e isso se aplica a tudo, precisamos acompanhar e se atualizar. Mesmo sem ajuda do Governo, os eSports têm crescido aqui no nosso país e feito a diferença na vida de muita gente. Imagine o quão poderia crescer com auxílios? 

Vamos torcer para que a repercussão de suas palavras faça com que ela repense, respeite e volte atrás na ideia de não investir e não impulsionar algo tão frutífero quanto os eSports.

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