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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Heleno nega golpe e distritais culpam Bolsonaro

Para ele, “as narrativas sobre as invasões de 8 de janeiro são fantasiosas e eu nunca participei de reunião com o presidente para discutir fechamento do Congresso ou do STF”

Eduardo Brito

01/06/2023 19h12

O general da reserva Augusto Heleno, indicado para ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), fala à imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, onde funciona o gabinete de transição de governo.

O general Augusto Heleno, ex-ministro da Segurança Institucional, negou nesta quinta-feira, 1º de junho, ter participado de qualquer planejamento de um golpe de Estado em janeiro.

“Um golpe de Estado, para ter sucesso, precisa de um líder principal que esteja disposto a liderar. O golpe só teria condições de acontecer se tivesse sido planejado. Não é simplesmente sair na rua e dar o golpe”, afirmou Heleno.

Para ele, “as narrativas sobre as invasões de 8 de janeiro são fantasiosas e eu nunca participei de reunião com o presidente para discutir fechamento do Congresso ou do STF”, completou Heleno.

Para o presidente da CPI, Chico Vigilante, apesar de escorregadio, o depoimento do general foi importante para mostrar o poder da CPI, como os militares do governo Bolsonaro veem hoje os civis e, principalmente, como os bolsonaristas avaliam pontos que estão sendo investigados desde o dia das depredações. Vigilante acha que está cada vez mais claro de quem é a culpa pelas invasões.

“Se Bolsonaro tivesse legitimado o resultado das eleições no dia em que foi divulgado e tivesse dito que dali por diante ele e todo o seu grupo iriam partir para a oposição no País, isso não teria influenciado o pessoal que resolveu montar acampamentos e fazer manifestações e atos antidemocráticos para mudar o resultado das urnas”, destacou o distrital.

Momentos de tensão

Embora a fala do general Heleno transcorresse em calma, houve momentos de tensão. Foi o caso de dois diálogos do ex-ministro com distritais de esquerda.

Quando Heleno afirmou que após deixar o ministério não se meteu mais em política o distrital Fábio Felix, do PSOL mostrou tuítes de bolsonaristas que incluíam um vídeo em que perguntavam a Heleno se “o senhor acha que ladrão pode subir a rampa?” e ele respondia “não”.

O general alegou que eram coisas corriqueiras e que ele tinha o direito de responder a um grupo que o parou na rua, sem que assim expresse qualquer apoio aos atos antidemocráticos. Fábio Felix comentou: “eu estou impressionado com sua forma de achar tudo tranquilo e natural”.

Heleno reagiu: “e eu estou impressionado com a sua criatividade “. Pior foi em seguida, quando o distrital petista Gabriel Magno voltou à história do vídeo para dizer que Bolsonaro, ele sim, além de ladrão apoiou a ditadura e trouxe de volta apoiadores da ditadura.

Heleno se irritou. Disse que “não foi uma ditadura, foi uma revolução” e que “a revolução de 1964 foi muito boa para o País, porque salvou o Brasil de ser hoje um país comunista”.

Aí, grupos organizados que estavam nas galerias começaram a vaiar, para constrangimento de Heleno e do próprio Chico Vigilante, que acabou sendo forçado a intervir.

Como presidente da CPI, pediu respeito, avisou que todos os depoentes vão ser tratados sempre com cordialidade e reiterou que embora existam pessoas que queiram acabar com a CPI, ele não permitirá baderna durante as sessões.

Teor golpista

Ao ser questionado sobre o que achava da apreensão de um documento com teor golpista na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres, Heleno fez uma defesa de seu ex-colega de governo. “Anderson Torres era muito leal e preparado.

Eu gosto muito dele. Esse tal documento foi uma página ruim da história de vida dele. Mas era um documento sem importância, tanto é que ele deixou na casa dele sem qualquer preocupação”, disse o general.

Questionado sobre sua avaliação a respeito das urnas eletrônicas, o general Heleno respondeu que confia “em termos” e disse que há uma série de questionamentos sobre as urnas. Mas o ex-ministros não ouviu apenas manifestações hostis.

A distrital Jaqueline Silva cumprimentou o general pelos relevantes serviços prestados ao País e o pastor Daniel de Castro questionou o general se ele havia recebido qualquer informação sobre ameaça de invasão dos palácios da República no dia 8 de janeiro e obteve uma negativa do general como resposta.

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