Criou-se na Câmara Legislativa um climão em torno do distrital Daniel Donizet. Nesta terça-feira, 15, um advogado do Gama e um certo Instituto Libertar Mulher, com escritório em Samambaia, procuraram a Câmara para protocolar o que chamaram de “representação por quebra de decoro parlamentar com pedido de cassação de mandato e suspensão provisória do exercício do cargo” contra Donizet.
Alegaram que emissora de TV divulgou denúncia de garota de programa que se dizia agredida em um motel por assessor do distrital e que achava que o próprio Donizet estava no grupo.
Afirmaram ainda que Donizet silenciou desde o caso, ocorrido em 23 de março. Segue-se uma série de fofocas contra o distrital, citando que ele foi agressivo com uma administradora regional, sua adversária, e que foi acusado por sua suplente, que adotava o nome de Kelly Bolsonaro, de fazer rachadinha.
A entrega dessa representação coincidiu com manifestação de um grupo feminino que, sem falar de Donizet, foi à entrada da Câmara para protestar contra feminicídios. As quatro distritais foram, separadamente, ao encontro dos manifestantes.
A procuradora da Mulher na Câmara, deputada Jane Klébia, garantiu às ativistas que existe um compromisso do Legislativo ao priorizar o combate a esse tipo de crime. Logo depois começou um barraco para valer.
Dúvidas sobre o que está por trás
Na verdade, houve dois confrontos no meio desses protestos. A distrital Dayse Amarílio dialogava com as manifestantes quando foi interpelada por um ex-candidato a deputado, só depois identificado. Ele disse, por exemplo, que “vocês, distritais, não servem para nada”.
O presidente da Câmara, Wellington Luiz, comunicou que o ex-candidato estava proibido de entrar no prédio. Em seguida, duas funcionárias da Câmara foram fotografar a manifestação e foram ameaçadas por três homens que acompanhavam o ato.
Um assessor de Donizet foi defende-las, mas foi ameaçado de agressão pelos três. Aí a coisa se complicou de vez. Um deles, gravado, foi assessor do ex-distrital Reginaldo Sardinha. Vem a ser o suplente de Donizet. Se o atual titular renunciar ou for cassado, é Sardinha quem assume o cargo.
PSOL e PSB cercam colega
Após o PL, partido de Donizet, cobrar-lhe um posicionamento, a coligação PSOL-PSB da Câmara Legislativa cobrou rigor na condução das investigações e alegações relacionadas ao caso.
“As denúncias veiculadas pela imprensa são graves e precisam ser averiguadas, pois é intolerável que qualquer mulher seja submetida a assédio ou qualquer forma de violência”, dizem os distritais Dayse Amarílio, Fábio Félix e Max Maciel, integrantes da bancada.
Eles avisam: “Esperamos que as informações já solicitadas por esta casa referente ao caso cheguem o mais breve possível à Câmara Legislativa para que possamos dar prosseguimento às investigações, cumprindo nosso dever social, sobretudo no que diz respeito ao enfrentamento da violência contra a mulher”.
A verdade é que, para complicar tudo ainda mais, existe um inquérito policial a respeito e a procuradora da mulher, Jane Klebia, até cobrou sua apresentação. Só que, até agora, ninguém sabe e ninguém viu esse inquérito.