Esta semana estava conversando com um colega psicólogo a respeito do valor de uma sessão de psicoterapia, e confesso que fiquei intrigado com seu posicionamento discordando do valor cobrado por uma profissional, também nossa conhecida. Segundo meu amigo, o valor era abusivo…
Seu posicionamento me fez refletir muito a este respeito. Em primeiro lugar por discordar de sua opinião e, em segundo por curiosidade, tentando entender o motivo de um mesmo profissional, com o mesmo tempo de experiência e formação semelhante com remunerações que diferem em mais de 6 vezes.
Qual motivo desta discrepância? Por que isso ocorre? O que um profissional tem ou faz que o outro não tenha, ou não faça?
A resposta, na verdade, é muito simples: cada profissional vale o que consegue realizar, ou melhor, vale o que entrega. Ocorre que a maioria dos profissionais, nas mais diversas áreas, não está qualificado tecnicamente para oferecer um serviço de alta qualidade.
Na psicologia em especial, ainda temos um fator histórico cultural, onde nas universidades não se ensina o psicólogo a ser empreendedor, muito pelo contrário, a impressão que ainda tenho a este respeito é de que durante sua formação o psicólogo é levado a acreditar que seu trabalho é de cunho estritamente social. Mesmo o conselho da categoria, divulgando uma tabela com valores de referência a ser cobrado pelos serviços, arrisco a dizer que mais de 80% dos psicólogos na ativa trabalham com remuneração pelo menos 25% menor do que o menor valor divulgado.
Muitos podem ser os fatores envolvidos neste fenômeno, entretanto, novamente arrisco dizer que mais da metade dos psicólogos com CRP ativo não possuem qualificação adequada para sua atuação. De acordo com o Conselho Federal de Psicologia, 83% dos psicólogos e psicólogas de todo Brasil possuem apenas graduação.
Talvez isso por si só, explique os baixos valores cobrados pela maioria dos profissionais da psicologia, afinal, o conhecimento é o pilar central de qualquer profissão.
Eu, particularmente sempre acreditei que o profissional que “vale mais” conhece vários assuntos, mas é ótimo num tema específico, ou seja, possui uma ou duas especialidades. Uma boa formação é essencial, em especial, para única área que entende profundamente a mente humana e seus comportamentos, a psicologia.
Assim, a indignação de meu amigo talvez não esteja canalizada para a verdadeira questão. A questão não é quando você cobra e sim, se o que você cobra é condizente com o que entrega.
E para a população que vai pagar pelos serviços prestados, vale a máxima popular: “o barato sai caro”.
Até a próxima…
E para saber mais a respeito da tabela referencia do conselho federal de psicologia, acesso o seguinte link (que, por sinal, no meu entender já se encontra defasado):
*Demerval Guilarducci Bruzzi – CRP 01/21380
