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Ciência da Psicologia
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Joca e outros descasos das autoridades que podem matar

Tragédias anunciadas –– e denunciadas como as do golden retriever –– repetem-se sob as vistas daqueles que deveriam zelar pela segurança.

Demerval Bruzzi (CRP 01/21380)

07/05/2024 16h46

Ilustração do cão Joca - morto em transporte da GOL, companhia aérea

Reprodução do Instagram: @jfantazzini.oficial

Recentemente, testemunhamos uma comovente história de sofrimento e negligência no caso do cachorro Joca. Parece-me um triste reflexo da realidade onde parece que as autoridades viram as costas para o que acontece ao seu redor.

Apesar de não ter relação direta, esse episódio doloroso ecoa o completo desdém das autoridades no recente concurso da Polícia Militar do Distrito Federal. Nele, candidatos reprovados devido a um exame psicotécnico fraudulento foram tratados com a mesma indiferença que a GOL demonstrou com o Joca –– como se fossem bagagem extraviadas.

A frieza da nota enviada pela companhia aérea ao programa Fantástico, da Globo, com meras desculpas e uma afirmação de que não trata os animais como bagagem, é um exemplo vívido da falta de empatia que só pode ser comparada ao descaso das autoridades de Brasília e demais entidades reguladoras e fiscalizadoras de concursos públicos.

Mas por que trazer a psicologia para a equação do caso Joca?

cão Joca - morto em transporte da GOL, companhia aérea
Reprodução do Instagram: @jfantazzini.oficial

Os animais de estimação desempenham um papel significativo na vida das pessoas em muitas culturas ao redor do mundo. Além de companheiros leais, eles também têm um impacto profundo na psicologia e bem-estar dos seus tutores. A relação entre humanos e animais de estimação é complexa e vai além da simples presença física, revelando muitos benefícios emocionais, sociais e até mesmo físicos que os animais podem proporcionar aos seus cuidadores.

Estudos demonstram que a presença de um pet pode reduzir significativamente os níveis de estresse e ansiedade. Fazer um simples carinho nesse bichinhos ajuda a aumentar a produção de hormônios associados à felicidade, como a serotonina e a dopamina. Isso não apenas promove uma sensação de calma e relaxamento, mas também combate a depressão e a solidão.

Os animais de estimação ainda são conhecidos pela habilidade em oferecer suporte social. Para muitas pessoas, especialmente aquelas que vivem sozinhas ou que têm dificuldades em formar laços sociais, um bichinho pode ser uma fonte valiosa de companheirismo. Os animais não julgam, não criticam e oferecem uma presença constante e reconfortante –– comportamentos, especialmente, benéficos para idosos ou indivíduos que estão passando por momentos difíceis.

A convivência com pets é, ainda, um incentivo a um estilo de vida mais ativo saudável, estimulando atividades físicas como passeios e brincadeiras, o que beneficia a saúde cardiovascular e ajuda no controle do peso corporal.

cão Joca - morto em transporte da GOL, companhia aérea - e seu tutor João Fantazzini
Cão Joca e seu tutor João Fantazzini. Reprodução do Instagram: @jfantazzini.oficial

Para crianças, ter um animal de estimação pode ser uma experiência educacional valiosa. Os pets ensinam sobre responsabilidade, empatia e habilidades sociais importantes. Crianças que crescem com bichinhos, frequentemente, desenvolvem um senso de cuidado e respeito pelos outros seres vivos.

A influência positiva dos animais na psicologia humana é tão reconhecida que, agora, são usados como parte integrante da terapia em muitos contextos. A terapia assistida por animais (TAA) é uma abordagem que se utiliza dessa interação como parte do tratamento de diversas condições, incluindo transtornos de ansiedade, autismo, e até mesmo problemas provocados por abusos e traumas.

Em resumo, os animais de estimação desempenham um papel multifacetado na psicologia humana, proporcionando suportes emocional, social e físico. Sua presença pode ter um impacto profundo na qualidade de vida das pessoas e, por essa razão, a relação entre humanos e pets é uma área de estudo cada vez mais importante na psicologia contemporânea.

Portanto, é imperativo que casos como o de Joca não sejam ignorados pela autoridades ou tratados com indiferença pelas empresas envolvidas. É hora de mais empatia e respeito pelos consumidores, e de que as autoridades assumam a responsabilidade pelos processos que envolvem vidas, sejam elas humanas ou não.

É crucial questionar se Joca fosse uma pessoa que fora assassinada por um PM do DF, aprovado erroneamente em um psicotécnico fraudulento, o caso teria atenção da mídia? Ou seria apenas uma reportagem sensacionalista que em uma semana seria esquecida?
Confesso que não sei dizer, mas Joca nunca será esquecido por seu dono.

Até a próxima…

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