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Analice Nicolau
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Uso indiscriminado de descongestionante nasal pode gerar problemas cardiovasculares e causar vício

Medicação é uma das mais utilizadas no país, mas deve ser usada com orientação médica

Analice Nicolau

30/06/2023 14h00

Descongestionantes estão em terceiro lugar na lista de problemas causados por efeito colateral e uso incorreto de medicamento   Crédito: Pixabay

Uma das medicações mais utilizadas no Brasil são os descongestionantes nasais. Mas o que muita gente não sabe é que seu uso de forma indiscriminada pode ocasionar o vício e até mesmo problemas de saúde.
No inverno, muitas pessoas acabam optando pelo uso de descongestionantes nasais, uma vez que nesta estação se intensificam os quadros gripais, que prejudicam a respiração. Com fácil acesso em qualquer farmácia, já que o medicamento é comercializado sem necessidade de receita médica, ele caiu no gosto dos brasileiros.
Prova disso é que ele foi o segundo remédio mais vendido no Brasil em 2022, segundo levantamento feito pela IQVIA, empresa norte-americana especializada nos setores de tecnologia da informação de saúde.


Entretanto, apesar de seu sucesso, há um problema em sua utilização. De acordo com os especialistas médicos, o uso indiscriminado do descongestionante nasal, sem a devida orientação, pode trazer efeitos colaterais e riscos perigosos para a saúde.
“O descongestionante nasal é um vasoconstritor de ação muito rápida que diminui o edema de estruturas que ficam dentro do nariz. Por isso os pacientes utilizam tanto: eles pingam duas gotinhas, já abre o nariz e ‘está tudo ótimo’”, explica o Dr. Ali Mahmoud, otorrinolaringologista do Hospital Santa Catarina – Paulista. No entanto, existe o “efeito rebote” dessas medicações. “Cerca de meia hora ou 40 minutos depois do uso, esse edema volta e o paciente repete o uso. Por isso o descongestionante normalmente leva ao vício”, completa o Dr. Mahmoud.
O descongestionante nasal também pode acentuar problemas cardiovasculares por ser vasoconstritor, causando o estreitamento dos vasos sanguíneos. “O nariz é uma região muito vascularizada, então a absorção dessa medicação vasoconstritora é muito mais rápida do que engolir um comprimido, por exemplo. O efeito colateral disso é taquicardia e hipertensão: acelera a frequência cardíaca e sobe a pressão arterial”, afirma o Dr. Diego Gaia, cirurgião cardiovascular e coordenador da Cardiologia do Hospital Santa Catarina – Paulista.


O médico alerta que esses medicamentos podem ser perigosos para alguém que já sofre de hipertensão ou arritmia cardíaca, por exemplo, podendo causar complicações como infartos e derrame em casos extremos. “De acordo com uma estatística do CEATOX (Centros de Informação e Assistência Toxicológica), os descongestionantes estão em terceiro lugar na lista de problemas causados por efeito colateral e uso incorreto de medicamento. Este número é muito alto”, comenta o cirurgião cardiovascular.
Uma solução com menos riscos é a lavagem nasal com soro fisiológico. Ela remove secreção, ajuda com sintomas alérgicos, ajuda a melhorar o edema e melhora a obstrução com menos riscos e chances de vício do que o descongestionante. Na opinião do Dr. Ali Mahmoud, o descongestionante só deveria ser usado com indicação médica.
“O primeiro passo para o paciente que quer deixar de usar o descongestionante nasal é entender o motivo da obstrução, pois ela pode ocorrer por diversos motivos, tais como desvio de septo ou uma rinite alérgica. O ideal é diminuir, constantemente, o uso do descongestionante e substituir por opções menos perigosas como a lavagem nasal”, afirma o otorrinolaringologista.

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