Menu
Analice Nicolau
Analice Nicolau

Tumor cerebral: entenda a doença que deve levar à morte de mais de 9 mil brasileiros até o final do triênio de 2020 a 2022

A estimativa mais recente do Instituto Nacional do Câncer feita em 2020 previu 5.870 novos casos em homens e 5.230 em mulheres

Analice Nicolau

30/08/2022 13h00

A estimativa mais recente do Instituto Nacional do Câncer feita em 2020 previu 5.870 novos casos em homens e 5.230 em mulheres

Uma estimativa alarmante que pode se consolidar até dezembro de 2022: o diagnóstico de tumor cerebral em 11.090 brasileiros e a morte de 9.355. A estatística foi feita em 2020 pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), órgão pertencente ao Ministério da Saúde (MS), e considerou o período de três anos entre 2020 e 2022.

De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer, são esperados 11.090 novos casos diagnosticados durante o triênio; sendo 5.870 em homens e 5.220 em mulheres.


A estatística faz parte das Ações de Vigilância do Câncer, componente estratégico para o planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de câncer no Brasil. A base para a construção desses indicadores são os números dos Registros de Câncer e do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), ambos do MS.


De acordo com o Atlas de Mortalidade por Câncer, são esperados 11.090 novos casos diagnosticados durante o triênio; sendo 5.870 em homens e 5.220 em mulheres. Desse total, é esperado que 9.355 pessoas, sendo 4.787 homens e 4.567 mulheres não resistam à doença.
De acordo com Renvik Demauir, neurocirurgião oncológico pelo INCA, fellowship em neurocirurgia pela Universidade de Tübingen na Alemanha, neurocirurgião no Hospital Federal do Andarai, Rede D’or e em clínica particular, “o tumor cerebral é uma doença complexa, é uma lesão que se desenvolve no Sistema Nervoso Central, pode ocorrer no cérebro ou medula espinhal, e se origina de células que sofrem mutações, começam a se multiplicar e se desenvolvem desordenadamente.”
A doença na maioria dos casos não pode ser evitada, uma vez que as causas ainda não estão totalmente claras para os pesquisadores. Segundo o INCA, esse tipo de câncer do SNC representa de 1,4 a 1,8% de todos os tumores malignos no mundo, entretanto, cerca de 90% dos tumores afetam o cérebro. Dr. Renvik explica que “os sintomas estão relacionados à área cerebral afetada e ao aumento da pressão craniana conforme a lesão vai aumentando de tamanho. Podem ocorrer dores de cabeça, crises convulsivas, déficit neurológico, perda de força, dificuldade na fala, alteração visual, alteração auditiva, alteração do comportamento e desorientação”.

Renvik Demauir, neurocirurgião oncológico pelo INCA, fellowship em neurocirurgia pela Universidade de Tübingen na Alemanha, neurocirurgião no Hospital Federal do Andarai, Rede D’or e em clínica particular


A literatura explica que o tumor cerebral é uma doença multifatorial causada pelo somatório de várias alterações genéticas. Algumas dessas alterações são adquiridas ao longo da vida, por predisposição ou por exposição. Além disso, existem os casos em que os fatores de risco para o desenvolvimento dos tumores do SNC estão relacionados a condições hereditárias conhecidas, como a neurofibromatose e Síndrome de Li Fraumeni.


Segundo o Dr. Renvik, “os tumores cerebrais são divididos em primários e secundários; os secundários são aqueles que têm origem em outras regiões do corpo e as células metastáticas podem migrar até o SNC e desenvolver uma lesão. Os primários são aqueles que se originam no SNC. Essas lesões existem em diversos tipos, e os mais comuns são os gliomas, que se originam nas ‘células da glia’. Os tumores podem ser malignos ou benignos e vão receber o nome de acordo com a célula que o originou.”
Além dos tipos, os tumores cerebrais são classificados de acordo com alguns fatores como grau, alteração genética e localização, o que determinará o prognóstico e o melhor tratamento, que vai desde o acompanhamento às cirurgias. Segundo o neurocirurgião, “a cirurgia é indicada quando o paciente tem algum sintoma relacionado a esta lesão, é identificado um crescimento ou a característica da imagem revela uma lesão mais agressiva. A cirurgia ocorre quando o paciente tem sintomas neurológicos e quando há uma suspeita muito forte de lesões de alto grau que evolui e se multiplica muito rápido.”
Com o avanço da tecnologia, as neurocirurgias ficaram cada vez mais precisas. Atualmente, as microcirurgias contam com microscópios muito avançados, capazes de ampliar as imagens 100 vezes, o que é conhecido por realidade aumentada. Os neuronavegadores se tornaram grandes aliados dos cirurgiões porque funcionam como um GPS capaz de localizar o exato local da lesão. Outro recurso é a monitorarização neurofisiológica intraoperatória que conta com monitorização neural para evitar déficit neurológico no pós-operatório e proporcionar uma maior sobrevida do paciente.

Com o avanço da tecnologia, as neurocirurgias ficaram cada vez mais precisas


“Quando se trata de tumor cerebral, qualquer pessoa pode receber esse diagnóstico, entretanto, os profissionais precisam estar preparados para acolher, tratar e acompanhar esse paciente para que o tratamento evolua para bons resultados. Além de toda equipe multidisciplinar estar preparada, o paciente precisa de apoio familiar e psicológico para enfrentar o processo, porque a negação é ruim e o problema precisa ser enfrentado. Ao identificar esses sintomas, o indicado é procurar um médico o mais rápido possível. É preciso se comprometer com o tratamento para não entrar para as estatísticas, porém, a boa notícia é que em muitos casos, existe cura para o tumor cerebral benigno e uma sobrevida cada vez maior para pacientes com tumores malignos,” concluiu o médico.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado