O amor pelo esporte é algo de família para os atletas da equipe Academia GKT no Guará II que vão competir no IX Campeonato Mundial de Artes Marciais 2024 em Buenos Aires entre os dias 25 a 27 de outubro. O grupo de sete esportistas vai incluir a delegação do Brasil, que, ao todo, inclui 39 pessoas. Na reta final para a competição que começa na próxima semana, o grupo está em busca de apoio para alcançar o sonho de trazer as medalhas para o país.
O certame vai contar com a participação de 35 países, com mais de 200 escolas do mundo todo. Em média um total de 2.000 atletas estarão competindo. A participação da equipe da Academia GKT no concurso se deu através da Federação de Artes Marciais Educativas do DF (Fame – DF). O grupo é formado pelo mestre Rômulo Neres, 44 anos, a professora Paula Monteiro, 42 anos, Rhenzo Neres, 16 anos, Rhian Neres, 16 anos, Carolina Galvão, de 13 anos, Patrícia Galvão, 39 anos e Roberto Oliveira, de 51 anos.
O mestre Rômulo Neres, 44 anos, explicou que a competição é um campeonato aberto com representantes de todas as artes marciais. “É praticamente um MMA (Sigla em inglês de Artes Marciais Mistas) com esportistas do kung fu, karatê, kickboxing, muay thai e outros”. Para algumas modalidades, a regra para que todos possam lutar é chamada de Point Fight, uma luta por pontos. O professor explica que neste caso, quem acerta o primeiro ponto, os juízes dão o ponto para técnica perfeita. Um outro tipo de modalidade que as disputas vão contemplar, são as lutas com uma arma específica, como a katana ou o bastão.
O torneio também conta com a categoria musical, que Rômulo destaca se tratar do show do evento.
“São movimentos de luta com coreografia no ritmo de uma música, e nós vamos ter uma representante esse ano, na categoria de faixa preta, em que os professores e mestres do mundo todo que estão participando, competem naquela mesma categoria lá fora”.
Ele complementa que na categoria master, o atleta Roberto Oliveira vai representar a equipe GKT.
Iniciantes na competição
É a primeira vez dos adolescentes de 16 anos, os estudantes Rhenzo Neres, Rhian Neres e Carolina Galvão, de 13 anos, neste concurso internacional. Carolina pratica as artes marciais desde os cinco anos, apesar de ter parado no período da pandemia. “Eu voltei a fazer karatê com 10 anos, por causa do meu irmão”, contou. A caminho do mundial na Argentina, a karateca está muito feliz. “É uma coisa muito incrível que a gente nunca pensa que vai acontecer, mas é uma honra muito grande poder representar o lugar onde a gente mora”.
Quando Carolina iniciou no esporte, sofreu bullying por ser uma menina fazendo arte marcial. Entretanto, ela está conhecendo o mundo do Karatê e pode interagir com outras garotas que praticam o esporte. “E também lutando não não tem isso de bullying por ser menina, eu me sinto muito bem. Me sinto acolhida nessa equipe porque somos uma família muito grande, eu me sinto muito bem e muito forte”. A atleta acredita que todas as pessoas deveriam fazer exercícios físicos e praticar algum tipo de esporte, não necessariamente na arte marcial, apesar de ser algo que ela recomenda bastante, principalmente o kickboxing e o karatê. “Eu acho interessante como funcionam as técnicas de luta, como cada ponto vale em cada lugar do corpo que você acerta”.
Rhian frisou que está bem ansioso para ir ao mundial representando Brasília. Rhenzo, irmão gêmeo de Rhyan, destacou que os dois lutam desde pequenos, incentivados pelos pais, os professores Rômulo Neres e Paula Monteiro. “E nós fomos crescendo e aprendendo cada vez mais a lutar, evoluindo muito mais e agora vamos representar a capital nesse campeonato fora do país”.
A atleta Patrícia Galvão, 39 anos, nunca se imaginou dentro desse mundo das artes marciais, mas através da filha Carolina e do filho mais novo, Miguel, se viu inserida nesse universo. “Esse esporte é minha força e alegria de viver”. Para Patrícia, as artes marciais são um estilo de vida, não só questão de exercício físico, mas de filosofia e aprendizado. “Eu estou muito feliz de fazer parte disso”. Ela também está participando pela primeira vez do torneio.
Incentivo ao esporte
Mas nem tudo são flores, já que como apontou a professora e atleta Paula Monteiro, 42 anos, a maior dificuldade para quem pratica uma arte marcial, é a questão do custeio. “Quando temos uma viagem dessa para fora do Brasil, esbarramos com essa dificuldade, porque todos os pagamentos são em dólar e o custo fica bem elevado”. Ela vai participar das provas com a equipe, assim como o marido Rômulo e os filhos Rhenzo e Rhian, e destacou que ninguém da equipe é atleta profissional. São todos atletas educativos e amadores, que precisam pagar para se inscrever e lutam pelas medalhas e colocações, mas não recebem nada por isso. “Tem essa diferença quando as pessoas querem ajudar com patrocínio”.
Mas o professor Rômulo faz questão de apontar que mesmo com as barreiras financeiras, existe o apoio da Secretaria de Esporte do Distrito Federal com o programa Compete Brasília, que ajudou os esportistas com as passagens para ir até o evento. “Um programa que nos ajudou, assim como a outras equipes de Brasília que estarão competindo também”. Mas ele frisou que existem outros gastos como de hospedagem e uniforme. O grupo está com duas vaquinhas em aberto para ajuda solidária da população. Rômulo afirma que quem quiser contribuir pode entrar em contato através dos links e das redes sociais da Academia.