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Justiça suspende jogo entre Palmeiras e Flamengo após surto de Covid no time carioca

O Flamengo tem 36 funcionários ou dirigentes infectados pelo novo coronavírus, sendo 19 jogadores.

Redação Jornal de Brasília

26/09/2020 18h47

Foto: Alexandre Vidal / Flamengo

Decisão do TRT-RJ (Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro) adiou a partida entre Palmeiras e Flamengo, marcada para este domingo (27), às 16h, no Allianz Parque, pelo Campeonato Brasileiro. A equipe carioca tem um surto de Covid-19 entre empregados, dirigentes e jogadores.

A liminar foi assinada pelo juiz Filipe Olmo e aconteceu a pedido do Sindeclubes (Sindicato dos Funcionários de Clubes do Rio), presidido por José Pinheiro dos Santos, funcionário da segurança do Flamengo. A entidade entrou com o pedido na última sexta-feira (25). A multa para o descumprimento da decisão é de R$ 2 milhões.

O Flamengo tem 36 funcionários ou dirigentes infectados pelo novo coronavírus, sendo 19 jogadores.

O clube carioca já havia feito a mesma solicitação ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), mas o pedido foi indeferido. Os advogados da agremiação entraram com recurso. O mesmo apelo feito à CBF, organizadora do Campeonato Brasileiro, também foi negado.

“Apesar dos protocolos estabelecidos pela CBF e pelo 2º réu, é público e notório, pelos documentos e notícias juntadas aos autos, que há um surto focalizado entre os empregados e jogadores do Clube de Regatas do Flamengo. Em razão dos eventuais resultados falso-negativos e da possibilidade de haver infectados dentro do período de incubação, não há garantia de que os empregados saudáveis não terão contato com outros empregados que possam estar infectados”, escreveu o juiz em seu despacho.

De acordo com o UOL, a CBF recebeu com irritação a liminar que suspende o confronto. Nos bastidores, a entidade fala em “tentar de tudo” para derrubar a decisão judicial. Para se precaver de uma derrubada da liminar, o Flamengo manteve sua programação pré-jogo e embarcou para São Paulo.

A Folha de S.Paulo questionou CBF, Flamengo e Palmeiras sobre da decisão da Justiça, mas não obteve uma resposta até o momento.

Para negar o pedido da equipe rubro-negra na última quinta-feira (24), a CBF apontou que a agremiação “dispõe de elenco suficiente para a realização da partida” e adotou o que chamou de “medida mais adequada e isonômica” -solicitações semelhantes foram anteriormente indeferidas, e atender à do atual campeão agora seria problemático.

Não houve empatia por parte do Palmeiras. O presidente Maurício Galiotte disse que o protocolo estabelecido para a competição prevê esse tipo de situação.

Seus jogadores foram além e divulgaram uma nota desautorizando o próprio Sindicato dos Atletas de São Paulo, que havia publicado um texto exigindo a proteção dos palmeirenses e ameaçando medidas judiciais em caso de confirmação da partida. O elenco disse não ser representado pela associação e declarou “muita confiança nos protocolos”.

O Flamengo já tinha vivido uma situação de indefinição nesta semana, na Copa Libertadores. Na tarde de terça (22), poucas horas antes do embate com o Barcelona-EQU, em Guayaquil, autoridades equatorianas chegaram a informar que o jogo estava cancelado e o estádio Monumental, interditado. ?

Antes de ter um surto de coronavírus no clube, o Flamengo foi um dos principais incentivadores da volta do futebol em julho, após cerca de três meses de paralisação.

Apesar da contrariedade de outros clubes, como o Fluminense, por exemplo, a equipe se aliou à Ferj (Federação do Estado do Rio de Janeiro) para que o estadual fosse finalizado.

O elenco voltou a treinar em 20 de maio, em sigilo, mesmo sem autorização do governo estadual do Rio. Imagens da Rede Globo mostraram os atletas em atividades no campo. A agremiação alegou que foram feitos exames médicos.

Alinhada com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a diretoria do Flamengo também defende a volta do público aos estádios. O time tinha a esperança de que isso ocorresse na partida contra o Athletico, no próximo dia 4.

De acordo com o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, o Maracanã poderia receber 20 mil pessoas porque a partida de futebol seria uma alternativa à praia, que ficaria esvaziada.

Durante a semana, o Ministério da Saúde aprovou um plano da CBF para retorno da torcida em 30% da capacidade e aumentos graduais. Mas deixou a decisão final para os estados e prefeituras.

Favorável ao retorno dos torcedores aos estádios, a entidade que comanda o futebol do país decidiu consultar o governo de São Paulo sobre a possibilidade de público nos jogos do Brasileiro e no confronto da seleção contra a Bolívia, pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2022, na Arena Neo Química, em outubro, mas recebeu uma negativa da gestão do governador João Doria (PSDB) na última quarta-feira (23).

A entidade, então, realizou uma vídeoconferência com os clubes da Série A e integrantes de federações estaduais, no dia seguinte, para saber a posição de cada um sobre o assunto. No encontro virtual, apenas os representantes do Flamengo e da Ferj disseram que aceitariam a volta do público nos jogos do Brasileiro antes da liberação para todas as cidades. Os demais são favoráveis ao retorno, mas apenas se a regra valer para todos.

Em nova reunião com os times da Série A, neste sábado (27), a entidade ratificou o pensamento das equipes à respeito da isonomia do campeonato e vetou o retorno do público. Contudo, vai reavaliar a situação daqui a duas semanas. A informação, do GloboEsporte.com, foi confirmada pela Folha com participantes do encontro virtual.

O Flamengo foi o único dos 20 times da Série A a não participar da videoconferência. Em nota, o clube diz ter declinado do convite por acreditar que a decisão da volta dos torcedores aos estádios seja de competência apenas das administrações locais, o que exclui a vontade da CBF e demais agremiações.

“O tema em pauta é estranho à competência dos clubes e da CBF, não havendo nada a sugerir, nem decidir, em matéria cuja atribuição é privativa das autoridades públicas locais, conforme, inclusive, já decidiu o Supremo Tribunal Federal”, escreveu a equipe em trecho do comunicado.

As informações são da FolhaPress

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