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Torcida

Entrelinhas: Flamengo campeão; Flamengo campeão

Se quiserem apostar, ainda teremos o Mundial de Clubes. Melhor para quem não se envolve e apenas aproveita o futebol proporcionado pelo português mais flamenguista da terrinha

Aline Rocha

25/11/2019 15h36

Foto: Alexandre Neto/Estadão

Olavo David Neto e Petronilo Oliveira
[email protected]

Gente grande

Que fim de semana para os rubro-negros, ein? Campeão da América no sábado, e campeão da América Portuguesa no domingo. Confessamos nunca ter visto algo parecido antes. De um lado, desde o biênio 1962/63 um clube brasileiro não alcançava tal façanha, quando nada menos que o Santos de Pelé e Coutinho faturou Libertadores e o campeonato nacional; por outra ótica, imaginem quão rara é a oportunidade de conquistar um título em meio à comemoração de outro. Fica até mais em conta economicamente.

Redentores

Tanto quanto o monumento cristão que se abre como um cartão postal da antiga capital brasileira, Bruno Henrique, Gabriel e toda a companhia são redentores de todo um povo. No sábado, soltaram das gargantas rubro-negras um grito entalado por 38 anos. Sinceramente, enquanto contadores de histórias, não poderíamos pensar num roteiro melhor. Jogados 88 minutos da decisão, mais uma vez o Flamengo ficaria no tal “cheirinho”, fantasma de longos assombros para os urubus. Em que se pesem os méritos de um vice da Libertadores, e principalmente da temporada jogada pelo clube, essa torcida que parou o Rio de Janeiro é exigente por demais. Podem apostar que seria “uma temporada perdida”.

Insistentes

A jogada do gol de empate do Flamengo mostra muito deste time. Marcando na intermediária defensiva, Arrascaeta venceu uma disputa que por pouco não se configurou faltosa e arrancou. Bruno Henrique recebeu na frente, desacelerou, trouxe para o lado e esperou a zaga argentina se reestruturar para novamente quebrá-la com um passe magistral para o uruguaio da camisa 14, que invadiu e, de novo no limiar do encontro com o adversário, jogar-se no carrinho mais valioso de 2019. Gabriel, com faro apurado, apenas completou para o gol. Raça, cérebro, categoria e frieza. Esse é o Flamengo de 2019.

Foto: Divulgação/CR Flamengo

Gigantes

Pode-se argumentar várias coisas sobre a torcida do Flamengo, mas não há o que falar de presença. Maior média de público do Carioquinha, do Brasileirão e da Libertadores, sem desconversas ou poréns. Um show à parte nesta temporada que se encaminha para a disputa do quarto título oficial do ano rubro-negro. Além de tudo isso – e também do embarque do Urubu para Lima -, uma recepção digna de… Flamengo. Há coisas que só essa torcida é capaz de fazer, como encher cinco estádios Brasil afora.

Foto: Divulgação/CR Flamengo

Sintomas

A final da Libertadores foi dominada, em maior parte, pelo melhor time do continente. Com marcação espartana e ataques troianos, o River Plate conseguiu anular o melhor time do Brasil durante cerca de 75 dos 90 minutos decisão. Destaque para Pinola, que só não foi impecável porque bobeou no momento mais crucial da temporada, na frente de um 9 anulado por ele o jogo inteiro, e na frente do qual, ultimamente, não se pode bobear.

Foto: Nayra Halm/Fotoarena

Tende piedade de nós

A vergonhosa reação da cúpula de treinadores brasileiros quando da chegada de Jorge Jesus teve de ser engolida a seco. Com pouco menos de seis meses de trabalho, o comandante português levantou dois troféus de peso em 24h. Jogou na cara de alguns críticos medalhas que estes não conquistam há décadas, mesmo rodando por grande parte dos grandes clubes nacionais. Por sermos mal acostumados, quase mimados por nossa história futebolística, temos uma repulsa dantesca por quem vem de fora, sobretudo em posições de comando. Pela mostra de revolução proposta em pouco tempo, Jorge Jesus (assim como Jorge Sampaoli) merece, sim, lugar de destaque entre os donos de pranchetas. E que nos perdoe, pois há muito não temos noção do que fazemos.

Único desprezo

A simples ideia de uma final única no maior torneio das Américas provocou ojeriza nos sul-americanos mais bairristas e apaixonados. Sábado, porém, proporcionou a nós uma das maiores experiências futebolísticas deste lado de cá do globo. Sensacional o clima da decisão, mas lembrem-se: a final da Libertadores foi um sucesso apesar da Conmebol. Mesmo com as trapalhadas de uma entidade corrompida e entreguista, acostumada a dar vexame em condições normais de temperatura e pressão, tudo deu certo para cidade-sede, delegações e torcidas, sobretudo para a brasileira. Juramos que não entraria na coluna de hoje, mas não tem como levar na normalidade aqueles stormtroopers na entrada dos times. Simplesmente lamentável. Pelo menos a final, desta vez, foi na América.

Antis, vai ter mais…

O Flamengo zerou a temporada sul-americana de futebol, e agora – à exceção das brigas contra rebaixamentos e vagas internacionais – teremos jogos “para cumprir tabela” até, pelo menos, o Mundial de Clubes. De 11 a 22 de dezembro, os melhores times do mundo em 2019 se enfrentam pela coroação internacional, o título supremo do esporte. Bom que a euforia da torcida flamenguista fará frente à frieza dos europeus para com a competição. Para quem torce contra, mais uma chance de fazer o secador funcionar. Para tal, terão de torcer por Liverpool (Europa), Monterrey (Américas Central e do Norte), Esperánce (África), Hienghène (Oceania) e Al Sadd (Catar, país sede).

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