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Em manhã de protestos e golaços, Botafogo goleia a Cabofriense no Engenhão

Apesar de ter recebido uma liminar para comandar o Botafogo neste domingo, o técnico Paulo Autuori compareceu ao Engenhão, mas não ficou no banco de reservas

Marcus Eduardo Pereira

28/06/2020 14h35

Após muitos protestos dentro e fora de campo, o Botafogo retornou ao Campeonato Carioca contra a sua vontade e derrotou a Cabofriense com muita facilidade, pelo placar de 6 a 2, na manhã deste domingo, no Engenhão, pela quarta rodada da Taça Rio.

Os protestos por parte do time alvinegro começaram fora de campo. Apesar de ter recebido uma liminar para comandar o Botafogo neste domingo, o técnico Paulo Autuori compareceu ao Engenhão, mas não ficou no banco de reservas com o claro intuito de alfinetar a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), a quem fez duras críticas ao longo da semana.

O Botafogo entrou em campo com uma camisa com os dizeres ‘vidas negras importam’, em referência ao jovem João Pedro e a George Floyd, ambos mortos em ação da polícia, no Brasil e nos Estados Unidos, respectivamente. Antes da bola rolar, foi decretado um minutos de silêncio em homenagem às vítimas do novo coronavírus

Assim que o árbitro apitou o início do jogo, os jogadores do Botafogo esperaram dois minutos para se ajoelharem com a mão para o alto, em manifestação contra o racismo. Apenas um atleta da Cabofriense teve a mesma atitude.

O jogo recomeçou e o Botafogo abriu o placar no minuto seguinte. Luis Henrique avançou em velocidade pela esquerda, deixou o adversário para trás, invadiu a área e chutou cruzado. Pedro Raul chegou de carrinho para empurrar para o fundo das redes.

Apesar do ritmo intenso imposto pelo time da casa nos minutos iniciais, a partida caiu de produção com o decorrer do tempo. Sem o ritmo de jogo ideal, muitos atletas pediram atendimento médico. O Botafogo, no entanto, seguiu melhor e ampliou aos 38 minutos. Cícero arriscou de longe e contou com um desvio do zagueiro para fazer 2 a 0.

A Cabofriense foi colocar fogo na partida apenas no segundo tempo. Logo aos quatro minutos, Watson recebeu pelo lado direito e cruzou na medida para Emerson Carioca, que subiu sozinho para diminuir. A resposta, no entanto, foi imediata. Pedro Raul recebeu de Bruno Nazário e chutou sem chances para George.

O time visitante não desistiu e fez o segundo aos 15 minutos. Diego Sales invadiu a área e acabou sendo puxado por Luiz Fernando dentro da área. O próprio atleta foi para a batida e fez 3 a 2. Mas a superioridade seguiu sendo do Botafogo. Aos 29 minutos, Caio Alexandre deu lindo lançamento para Bruno Nazário, que teve dificuldade em fazer o domínio, mas chutou bonito para superar George.

Com a Cabofriense batida, o Botafogo ainda fez o quinto aos 34 minutos. Luis Henrique recebeu na esquerda, fez fila na defesa adversária e chutou forte na entrada da área para marcar. O sexto veio aos 44, em uma linda jogada de Caio Alexandre, que selou sua grande atuação na partida com um golaço.

Na próxima rodada, o Botafogo, terceiro colocado do Grupo A, com sete pontos, enfrenta a Portuguesa na quarta-feira, no Luso Brasileiro. No mesmo dia, a Cabofriense, lanterna, ainda sem pontuar, pega o Bangu, em Moça Bonita.

Protestos

A equipe entrou em campo com uma faixa com a frase “protocolo bom é o que respeita vidas”. Além disso, o técnico Paulo Autuori preferiu não participar do jogo, em sinal de protesto, e acompanhou a partida das cabines, deixando o auxiliar Renê Weber no gramado. O treinador havia sido suspenso pelo TJD do Rio de Janeiro por 15 dias após criticar a Ferj em uma entrevista, mas obteve liminar concedida pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para dirigir o time. Mesmo assim, preferiu ficar de fora.

“O Botafogo retorna triste, foram mil mortos ontem. A gente só ouve falar de futebol no Rio de Janeiro, todo mundo preocupado com a doença, nosso técnico sob protesto, não aceitando essa situação, jogadores preocupados… Vamos entrar em campo achando tudo muito esquisito, não é o futebol que estamos acostumados a assistir e acompanhar, é uma outra coisa”, desabafou Carlos Augusto Montenegro, ex-presidente e atual membro do comitê gestor do clube, em entrevista ao Sportv antes da partida.

O movimento “Vidas Negras Importam” também foi lembrado. Após o início do jogo, na primeira falta que o Botafogo teve para cobrar no campo de defesa, os jogadores se ajoelharam repetindo o gesto que vem sendo feito por personalidades do esporte em todo o mundo.

A atitude, no entanto, não foi combinada ou faz parte do protocolo como se tem visto em outros países. Prova disso é que os jogadores da Cabofriense e o árbitro foram pegos de surpresa e apenas um atleta adversário aderiu ao movimento, que durou poucos segundos.

Ficha técnica:

BOTAFOGO 6 X 2 CABOFRIENSE

BOTAFOGO – Diego Cavalieri; Marcelo Benevenuto, Ruan Renato, Cícero (Luiz Otávio) e Danilo Barcelos; Alex Santana (Caio Alexandre), Honda e Bruno Nazário (Lecaros); Luiz Fernando (Fernando), Luis Henrique e Pedro Raul. Técnico: Renê Weber (auxiliar).

CABOFRIENSE – George; Watson, Lucas Cunha, Fábio Amaral e Luan (Uelliton); Victor Feitosa, Gama (João Pereira) e Kaká Mendes; Diego Sales (Fabiano), Emerson Carioca e Pedrinho Menezes (Natan). Técnico: Luciano Quadros.

GOLS – Pedro Raul, aos três, e Cícero, aos oito minutos do primeiro tempo. Emerson Carioca, aos quatro, Pedro Raul, aos oito, Diego Sales, aos 15, Bruno Nazário, aos 29, Luis Henrique, aos 34, e Caio Alexandre, aos 44 minutos do segundo tempo.

ÁRBITRO – Luiz Claudio Regazone

CARTÕES AMARELOS – Cícero (Botafogo)

LOCAL – Engenhão, no Rio de Janeiro (RJ).

Estadão Conteúdo

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