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Torcida

Com transmissões compartilhadas com TV, Fortaleza e Ceará ampliam alcance e geram receita no YouTube

Essa ampliação das receitas se dá,em duas frentes: a obtenção de novos patrocinadores – ou a renegociação de acordos em vigor – e o apoio financeiro da própria torcida

Redação Jornal de Brasília

22/07/2020 12h33

A volta aos gramados de Fortaleza e Ceará contou com uma novidade. Na última semana, os dois primeiros jogos dos clubes na retomada do Campeonato Cearense foram exibidos nos respectivos canais do YouTube dos rivais. A iniciativa contribui para ambos manterem ativo o relacionamento com os torcedores enquanto as arquibancadas dos estádios estão fechadas, além de produzirem novas receitas financeiras.

Aos mais desavisados, a ação pode parecer com a ocorrida no futebol do Rio, onde jogos também foram exibidos na plataforma diante da interpretação sobre uma medida provisória a respeito dos direitos de transmissão e o posterior rompimento do acordo, mas no futebol cearense foi bem diferente, com os clubes obtendo o aval da TV Diário, que possui contrato para transmitir o Campeonato Cearense, para disponibilizar a imagem e a transmissão – os times só ficaram responsáveis pelo pré e pós-jogo.

A ideia de Ceará e Fortaleza foi aquela que tem se consolidado entre especialistas de marketing e na transmissão dos jogos: a de que o streaming não é concorrente da transmissão pela televisão, mas um complemento. E pode facilitar o contato com os torcedores, estimulando a ampliação da associação.

Tem sido assim com os rivais. O Fortaleza, por exemplo, se tornou, com a transmissão dos jogos contra Guarany e Ceará, o clube do Nordeste com mais inscritos no YouTube – 153 mil, até a última segunda, 40 mil a mais do que o apresentado em estudo divulgado pelo Ibope Repucom em 7 de julho.

Apenas durante essas transmissões, o time ganhou cerca de 20 mil seguidores, sendo que o Clássico-Rei teve pico de 54 mil acessos simultâneos. E os vídeos dos dois jogos contabilizavam cerca de 940 mil reproduções, somadas, até a última segunda-feira. O clube também preparou ações para arrecadar fundos, como o sorteio de camisas autografadas, sendo que apenas na primeira dessas partidas, diante do Guarany, angariou R$ 39.236,01 em doações de torcedores.

A exibição dos jogos foi apenas mais um passo dado pelo Fortaleza em ações digitais, pois o clube já possuía diversas ações nesse tipo de plataforma, tanto que lançou filmes no YouTube, Netflix e Hotmart. E é visto como uma oportunidade de gerar receitas que aproximem o clube dos valores arrecadados por outros times com a negociação dos direitos de transmissão.

“O Fortaleza já tinha uma cota de TV muito baixa, em comparação com todos os outros 19 clubes da série A. É uma relação injusta, que foge às regras do próprio mercado, já que clubes com audiência igual ou inferior têm ganhos maiores. A iniciativa então nos abre uma janela de oportunidade, porque historicamente podemos contar com a nossa torcida como sustentáculo do clube”, afirma, ao Estadão, Marcel Pinheiro, diretor de marketing do Fortaleza.

Essa ampliação das receitas se dá, em sua opinião, em duas frentes: a obtenção de novos patrocinadores – ou a renegociação de acordos em vigor – e o apoio financeiro da própria torcida. “Podemos melhorar a relação com os patrocinadores atuais e com isso melhorar os contratos. Além disso, as transmissões atraem novos patrocinadores. Favorecemos também a interação com o torcedor, através de ingressos virtuais, sorteios de prêmios e venda de produtos. Também é plano futuro restringir parte do conteúdo para sócios torcedores, valorizando assim quem tem um compromisso mensal com o Fortaleza”, diz.

No Ceará, o impacto das transmissões também foi grande. O clube exibiu em seu canal no YouTube as partidas diante de Barbalhas e Fortaleza. Somadas, até a última segunda, contavam com quase 450 mil exibições. E o time teve crescimento expressivo nas inscrições no seu canal no YouTube. Eram 93.330 de acordo com estudo divulgado pelo Ibope Repucomm em 7 de julho, passando a 120 mil até a última segunda.

As transmissões são vistas pelo Ceará como estratégia para aproximar o torcedor do clube quando a presença nos estádios se tornou impossível. E um estímulo para que o time receba um apoio financeiro em um período de crise e redução de outras receitas. “Tem sido importante para trazer o torcedor para perto. Foram quatro meses sem jogos, e voltamos com duas transmissões sendo uma delas a de um clássico. Mostra como o torcedor ama o clube, com as doações, seja pelo ingresso solidário ou pelo super chat”, afirma João Costa, gerente de marketing do Ceará.

O crescimento dos clubes cearenses no YouTube se dá em um contexto de ampliação do engajamento de torcedores brasileiros com a plataforma de vídeos, tanto que o Ibope Repucom apontou que foram agregados 1,1 milhão de novos seguidores no último mês aos 50 principais times do País, valor cinco vezes maior à média histórica de crescimento.

Pesou para isso, a transmissão das partidas por campeonatos oficiais, de jogos-treino, como realizaram recentemente Vasco e Atlético Mineiro, e um foco maior dos clubes para a plataforma. “O streaming deve ser usado pelo patrocinador para se conectar aos fãs, para que se tornem fãs das marcas. Tão importante quanto o jogo é o que se faz durante a semana. E aí o clube precisa criar conteúdo para fomentar a paixão e o consumo do torcedor. E isso se faz com conteúdo de fã, de bastidores, de gamificação”, afirma José Colagrossi, diretor-executivo do Ibope Repucom.

Estadão Conteúdo

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