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Atletas do DF acham adiamento de Jogos Olímpicos “sensato”

Comitê Olímpico Internacional adia evento para 2021 pelo coronavírus; esportistas da cidade concordam

Pedro Marra

25/03/2020 8h36

Atletas de Brasília sobre adiamento ddas Olimpíadas Fotos: aquivo pessoal

Com o anúncio oficial de adiamento das Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio 2020 para o ano que vem, o Comitê Olímpico Internacional (COI) levou em conta a evidente pandemia do novo coronavírus. Com isso, atletas do Distrito Federal acharam a decisão sensata na visão deles e relataram como têm se preparado fisicamente em casa neste período de isolamento.

Atleta de Marcha Atlética do Centro de Atletismo de Sobradinho (Caso-DF), Elianay Pereira comemorou o adiamento, mesmo afetando na rotina de treinos. “Eu confesso que fiquei feliz com o adiamento, porque se a Olimpíada fosse na data prevista inicialmente, em julho, eu não teria mais chance de ir. No mês passado, o tribunal arbitral do esporte falou que não tem como julgar os 50km entrar agora na Olimpíada. Com isso, pelo menos as atletas dos 50km que participam do mundial tínhamos que tentar vaga nos 20km. Fiz duas provas esse ano de 20km. A primeira eu estava gripada, não fui bem; e a segunda foi no começo desse mês fiz no Sul-Americano de Lima. Aí eu tentaria entrar no critério do ranking, onde estariam 60 atletas dos 20km. No começo do ano, eu estava em 68º, agora estou em 72º lugar”, relata.

Elianay conta que treinava fora de casa até a semana passada. “Eu estava treinando em horários mais cedo na rua, com tiros mais curtos. A minha esteira ainda queimou, e nem tenho como sair para arrumar. No final da semana passada eu comecei a treinar só em casa. Tenho um filho de 3 anos, um pai e mãe idosos. Então fico fazendo exercício funcional em casa com bola de pilates e fita de elástico. Faço alguns exercícios aeróbicos, e tento fazer uma rotina de 40 a 45 minutos de manhã e à tarde. Mas acabam sendo mais exercícios de força”, explica a marchadora.

Com duas medalhas de bronze nas Olimpíadas Rio 2016, o cavaleiro olímpico Sergio Oliva, 36 anos, conta que ainda treina ao ar livre de terça à sexta-feira com o cavalo Coronado Jmen, no Brasília Country Club, ao lado do Catetinho.

“O meu esporte exige que o cavalo não fique parado por questões de saúde, pois ele pode ficar doente e ter uma complicação como cólica por ficar muito tempo na baia. Tem que ter paciência, e sem ficar neurótico com tudo isso. Eu consigo treinar com exceção à regra. Não tem como preparar um atleta sem treinar. E não tem outra opção. Esse vírus afetou todo o mundo”, diz o paratleta, que tem paralisia cerebral e triplegia, além de uma lesão no braço direito devido a um acidente aos 13 anos.

“Já acreditava que não teria”

Colega de Elianay no Caso-DF, Caio Bonfim, 29 anos, esperava que os jogos não fossem ocorrer neste ano. “Já acreditava que não teria Olimpíada, e que iria ser adiada por conta de todo o cenário esportivo que a gente acompanha. Alguns países muito forte no esporte não teriam como mandar as delegações. Mas é claro que a gente já estava pensando em plano B de como seria a preparação. Sei que nós atletas íamos ser protegidos e teria um trabalho de vigilância muito forte. Mas foi melhor mesmo ser adiado (o evento) e a gente ficar tranquilo, por conta da sociedade e nós atletas que fazemos parte. E que a gente possa lutar contra o vírus agora. Acho que foi sensata (a decisão)”, opina.

Caio conta como tem feito o condicionamento físico em casa. “Eu tenho uma esteira em casa, e tenho feito um trabalho muito forte. Não tenho perdido a forma. E antes da quarentena, eu fiz alguns treinos no meio do mato sozinho. Meu pai mora no meu lote, aí fui eu e ele. Isso nos ajudou. Vai ficando mais massivo, mas a gente tem feito muitos treinos aqui. Eu tenho feito trabalho de piscina em casa, com alguns exercícios de fortalecimento. Não foi esse tipo de treino que me levou para a Olimpíada, mas a gente usa como auxílio. A gente consegue fazer uma preparação anual e se preparar para as Olimpíadas do ano que vem”, afirma.

Saiba Mais

O Comitê Olímpico do Brasil (COB) enviou aos atletas um manual com diversas recomendações para evitar o contágio da doença como base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, a cartilha contém dicas de treinamentos adaptados para esse período de isolamento em casa. “Estaremos todos juntos nessa luta contra um adversário perigoso. Usando da resiliência, coragem e trabalho em equipe, tantos valores que o esporte nos ensina, seremos capazes de vencer juntos o novo coronavírus”, afirmou o presidente do COB, Paulo Wanderley Teixeira.

O presidente do Comitê Paralímpico do Brasil (CPB), Mizael Conrado, também se pronunciou. “Eles (comitês) nos mostram que os valores do esporte são preservados, e o ser humano está sempre em primeiro lugar”, declarou.

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