Cena um: noite de sábado, hall do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Uma mulher grita e briga com os seguranças, funcionários e bilheteiros porque não pôde entrar no espetáculo de Márcia Rubim, no projeto Dança Brasil 2003. O evento estava marcado para as 21h, e ela disse ter chegado às 21h05 ao local. Na bilheteria, não conseguiu seu dinheiro de volta. O CCBB lhe ofereceu ingresso para o outro dia.
Cena dois: Ribamar Araújo, ator brasiliense, encena um monólogo quando uma senhora no meio da platéia atende o celular e conversa com seu interlocutor. Desconcentrado, Ribamar resolve brincar com a espectadora. Desce do palco, caminha em sua direção e lhe toma o celular. Tudo com muito humor, no clima do espetáculo.
Esses são apenas dois exemplos do que vêm acontecendo insistentemente em diferentes salas de espetáculo de Brasília. O público, segundo o próprio público, está muito mal-educado.
Adelmo Marinho, desenhista, fala com conhecimento de causa. Diariamente, ele vai a algum evento cultural: abertura de exposição, teatro, cinema, apresentação de dança, vernissage, lançamentos de livros, não importa.
Para ele, a pior situação é no cinema. “Como o público é mais heterogêneo, os celulares tocam freqüentemente, e as pessoas falam muito durante a exibição do filme”, diz Adelmo Marinho.
Liana Justus, educadora paranaense e professora de um curso sobre formação de platéia, acredita que o mais importante é ir para um espetáculo sabendo o que vai acontecer. “Cada tipo de apresentação requer um tipo de reação. Por isso, o comportamento em uma ópera é diferente da postura exigida em uma apresentação de teatro”, explica Justus.
Segundo ela, devemos não só aprender a sermos educados, mas também a aplaudir, a ouvir, a sentir e a ver. “O público é parte do show”, afirma a educadora.