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Longa Querô leva o universo de Plínio Marcos à telona

Arquivo Geral

23/11/2006 0h00

Querô, o longa dirigido por Carlos Cortez que estará na mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro na noite desta quinta-feira, vai para a tela, mas sai do teatro. O texto nasce do universo do dramaturgo santista Plínio Marcos e o protagonista  representa o abandono em seu limite, como o próprio dramaturgo já dizia: "Nem Deus olha pelos meus personagens".

Para Carlos Cortez, a dramaturgia de Plínio encontra-se num plano mais profundo do que o mero escárnio: leva o discurso a uma esfera de expressão humana. "Plínio Marcos foi o dramaturgo que deu voz a quem não tem voz", resume o diretor, que prefere optar por uma ótica de caráter mais solidário do que  uma narrativa violenta no filme.

Plínio Marcos escreveu Querô nos anos 70, totalmente ambientado em Santos. Na trama, narra a história de Jerônimo, filho de Piedade, prostituta que entra em desespero ao descobrir-se grávida. Ao dar a luz, decide se afogar numa lata de querosene, daí o apelido do garoto.

Adolescente, sobrevivente de uma camada social desfavorecida,  é seduzido pela marginalidade. Comete pequenos furtos, até ser internado num reformatório. Ao sair, sonha com uma vida melhor, tenta arrumar trabalho, mas acaba se envolvendo novamente no crime. Então, entram em cena dois policiais corruptos que o chantageiam, levando o menino – sem saída – a cometer um crime hediondo. No texto original, assim como no filme de Cortez, Querô, em seu leito de morte, conta a sua vida a um jornalista.

As buscas por locação e elenco ideais para compor Querô, filme de Carlos Cortez que será exibido hoje no 39° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (Cine Brasília), começaram pelas favelas santistas, algo semelhante ao que a O2 Filmes fez para elencar atores e criar cenários para Cidade de Deus.

O processo utilizado por Cortez para escolher um intérprete para o protagonista foi semelhante ao aplicado por Fernando Meirelles na composição dos personagens para seu blockbuster – de aproveitar adolescentes da comunidade local para compor o casting.

"No começo, estávamos procurando por um Querô (além do título é o nome do protagonista), então começamos a tentar outros meios, entrevistando mais de mil meninos, a maioria das favelas e da região portuária de Santos; depois, fizemos oficinas e escolhemos 45 atores", detalhou Cortez.

Mas Querô é um personagem difícil e precisaria de um ator que transcendesse o mero perfil físico, originalmente desejado. "O jeito que fiz o personagem exige que ele tenha muita tensão, seja explosivo, mas que, ao mesmo tempo, tenha uma doçura, seja uma figura carinhosa", imagina.

A influência de Cidade de Deus na produção de Querô foi direta, embora o cineasta afirme que as similaridades entre os dois filmes se limitem ao processo de formação dos atores e no roteiro, deixado em aberto, "para captar a intenção dramática dos meninos".

"Bati um papo com o Fernando Meirelles e ele abriu o jogo. Uma das dicas foi que eu abandonasse o roteiro. Em vez de partir do roteiro, eles foram encorajados a chegar até o roteiro", anota o diretor, que acabou por selecionar o jovem Maxwell de Sousa  para o papel principal.

O elenco é formado ainda por Maria Luísa Mendonça (O Vestido), que vive a mãe de Querô; Aílton Graça (Carandiru), como um amigo do protagonista; e Milhem Cortaz (A Concepção), colega de reformatório.

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