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Política & Poder

Opinião: não podem mais silenciar a direita

Redação Jornal de Brasília

16/06/2020 5h51

manifestação

Por Carlos Arouck*

Até pouco tempo atrás, quem era de direita permanecia calado e quieto em um canto. Visto com maus olhos, caso resolvesse expressar sua opinião, seria taxado de homofóbico, racista, reacionário, golpista e até mesmo de fascista, por não partilhar o pensamento socialista da esquerda no poder. Apesar de descontente com o crescente desgaste do PT, o cidadão de direita não tinha coragem para organizar uma manifestação durante boa parte dos 8 anos de governo Lula.

Mesmo passado mais de meio século da implantação do regime militar, ser de direita ainda estaria vinculado à defesa dos valores daquela época. Esse artifício foi muito bem usado para calar os opositores da esquerda. Mas o desgaste do PT no governo Dilma, o abuso de poder revelado pela Lava Jato e a percepção da força das mídias sociais e de seu alcance estimularam a formação de um movimento voltado para a manifestação da ideologia conservadora e da direita política no Brasil.

Hoje, há homens e mulheres, jovens e velhos, além de segmentos antes somente tipificados como esquerda – estudantes, intelectuais, jornalistas e artistas – que defendem abertamente a ideologia e os ideais de direita, entre eles o liberalismo econômico, o conservadorismo, o individualismo, a supremacia da propriedade privada e da livre iniciativa, a valorização da ordem e da tradição, o militarismo e a defesa da segurança nacional, o crescimento econômico, o anticomunismo. Na dimensão econômica, pregam, ainda, menor intervenção e regulamentação estatal. O conservador não gosta dos rótulos usados pela esquerda para classificar as pessoas de forma étnica, cultural e sexual. Tampouco é favorável ao aborto, à legalização das drogas, à laicidade, ao feminismo, às cotas.

O esquerdista, por sua vez, o acusa de intolerante com a diversidade, uma tentativa de desacreditar a onda direitista. Partidos de esquerda, coletivos, ativistas e grupos independentes buscam desacreditar tudo que possa estar associado com ser de direita, chamando-os de extremistas, radicais, autoritários. Esquecem seus próprios feitos no passado, como as invasões do MST, as ocupações nas universidades federais, as marchas com atos de vandalismo, os desvios e a corrupção dos governos de esquerda.. Esquecem que o aumento do conservadorismo encontrou espaço graças ao vácuo moral, ético e político deixado pelo PT. Apostam no fracasso das iniciativas governamentais e investem na desestabilização. É comum ver parte da mídia tradicional anunciar que a economia não vai decolar, o desemprego e a criminalidade não vão diminuir, o governo não vai ter sucesso com suas políticas públicas, além das constantes ofensivas visando ridicularizar o chefe do Executivo e seus ministros.

Como se não bastasse, as manifestações favoráveis ao governo são agora consideradas antidemocráticas, podendo ser enquadradas na Lei de Segurança Nacional, sob alegação de intimidação aos ministros do Supremo, de desrespeito à Constituição e de ameaça à democracia e ao Estado de Direito. Para conter o crescimento dessa direita que agora não se intimida mais, intensificam as medidas de repressão. O ativismo desses atores sociais, que há décadas não participavam da arena pública, se fortalece a cada dia. Não é mais possível pensar a agenda política e social brasileira sem a presença da direita brasileira.

* Policial federal, Carlos Arouck é formado em Direito e Administração de Empresas, instrutor de cursos na área de proteção, defesa e vigilância, consultor de cenários políticos e de segurança pública.

*Esse artigo não expressa a visão do Jornal de Brasília

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