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Saúde

Cólera aumenta em países pobres em razão da mudança climática

A doença contagiosa, que causou mais de 10.000 mortes no Haiti entre 2010 e 2019, voltou a ser detectada na ilha, com pelo menos 33 mortes

Redação Jornal de Brasília

24/10/2022 10h05

Foto: AFP

O cólera, doença que pode ser fatal em poucas horas e que reapareceu no Haiti, é uma catástrofe que mais uma vez abala os países pobres, principalmente devido às mudanças climáticas. 

A doença contagiosa, que causou mais de 10.000 mortes no Haiti entre 2010 e 2019 após ser introduzida pelos capacetes azuis da ONU, voltou a ser detectada na ilha, com pelo menos 33 mortes registradas até 19 de outubro, segundo as autoridades de saúde do país.

Infecção intestinal aguda

É uma infecção diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos, ou de água, contaminados por uma bactéria, o bacilo vibrio cholerae. 

Pelo menos 75% das pessoas infectadas não apresentam sintomas. Quando se manifesta, porém, pode ser muito virulenta em 10% a 20% dos casos, com diarreia severa e vômitos que provocam desidratação acelerada. 

Sem tratamento, o cólera é uma das doenças contagiosas mais rapidamente fatais: a morte pode ocorrer dentro de um a três dias. Nesse caso, a morte pode ser evitada somente com tratamento por infusão, com administração de sais de reidratação e antibióticos.

Origem indiana

Antes do século XIX, o cólera havia sido detectado apenas na região do delta do Ganges, na Índia.

A partir de 1817, a doença se espalhou para a Ásia, o Oriente Médio e a África Oriental.

Depois, em várias ondas pandêmicas, todas com origem no continente asiático, atingiu a Ásia Central, a Europa, as Américas e toda África. 

Pobreza e conflitos

Os países onde o cólera reapareceu são todos marcados pela pobreza, pela instabilidade e por conflitos armados. É o caso do Haiti, da Síria, da República Democrática do Congo, do Iêmen, entre outros.

“Existe uma relação estreita entre a transmissão do cólera e o acesso insuficiente a água potável e a instalações sanitárias”, explica a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Locais típicos de risco são favelas e campos para refugiados, segundo a OMS. A agência da ONU alerta que crises humanitárias, com deslocamento de populações para acampamentos inadequados e superlotados, aumentam consideravelmente o risco de surtos epidêmicos. 

Mudanças climáticas

As mudanças climáticas aumentam a intensidade e a frequência das inundações, dos ciclones e das secas. Isso dificulta o acesso à água potável e “cria um ambiente ideal para o desenvolvimento do cólera”, alerta a OMS. 

A organização observou um “ressurgimento preocupante” das epidemias de cólera em 2022, após anos de redução.

A OMS não publica números sobre mortes, devido à falta de estatísticas confiáveis nos países afetados. Mas um estudo americano de 2015 estimou o número de mortes por cólera entre 21.000 e 143.000 a cada ano. 

Vacinas insuficientes

Existem várias vacinas orais, e a OMS aconselha sua utilização “em áreas com cólera endêmica, em crises humanitárias com alto risco de cólera e durante surtos de cólera”.

A multiplicação de surtos no mundo limitou as reservas das vacinas, até chegar a uma situação de escassez, alerta a OMS. 

Em 19 de outubro, a organização anunciou que administraria uma dose única da vacina contra o cólera em vez das duas recomendadas, com o objetivo de alcançar um número maior de pessoas.

© Agence France-Presse

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