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Política & Poder

Resiliência de Marçal faz Bolsonaro agora ensaiar ‘pés em duas canoas’

Na semana passada, o ex-presidente distribuiu em seu canal no WhatsApp, no qual soma mais de 1,2 milhão de seguidores, um vídeo resgatando falas controversas do e Marçal

Redação Jornal de Brasília

29/08/2024 23h07

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Foto: AFP

São Paulo, 29 – Mesmo depois de Jair Bolsonaro (PL) reforçar o apoio formal ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), candidato à reeleição, aliados do ex-presidente veem sua atual postura na eleição municipal de São Paulo como uma estratégia para manter “um pé em cada canoa” na disputa pela cidade que concentra o maior colégio eleitoral do País. Enquanto ressalta e divulga a aliança oficial com Nunes, inclusive com a expectativa de aparecer no horário eleitoral do prefeito, Bolsonaro decidiu levantar a bandeira branca para o influenciador Pablo Marçal (PRTB), com quem ensaiou uma rivalidade recentemente.

Na semana passada, o ex-presidente distribuiu em seu canal no WhatsApp, no qual soma mais de 1,2 milhão de seguidores, um vídeo resgatando falas controversas do e Marçal na eleição de 2022. No mesmo dia, Bolsonaro respondeu, de forma irônica, a um comentário do influenciador em sua publicação.

Ontem, no entanto, os sinais foram na direção oposta: Bolsonaro gravou um vídeo abrindo espaço para Marçal participar do ato de 7 de setembro e seu “filho 02”, o vereador Carlos Bolsonaro (PL), foi às redes sociais anunciar que resolveu seus problemas com Marçal após uma conversa com o influenciador por telefone.

‘Muro’

Um aliado próximo do ex-presidente resume o momento como uma situação “em cima do muro” de quem apostou “no cavalo errado”. Na visão desse aliado, o entorno de Bolsonaro percebeu que as chances de Marçal chegar ao segundo turno são reais e concluiu que era melhor evitar um rompimento com o influenciador, que pode virar o adversário de Guilherme Boulos (PSOL) na etapa final da eleição paulistana.

O recuo da família Bolsonaro ocorreu no mesmo dia em que a pesquisa Quaest mostrou que a campanha negativa do ex-presidente e seu círculo contra Marçal não teve o impacto esperado. A Quaest foi a campo entre os dias 25 e 27 de agosto, ou seja, depois que o clã Bolsonaro abriu uma guerra contra Marçal nas redes sociais. Aliados do ex-presidente esperavam que a ofensiva resultasse num derretimento do influenciador nas pesquisas, mas isso não aconteceu.

O resultado da Quaest está alinhado com o último Datafolha, que mostrou Marçal tecnicamente empatado com Nunes e Boulos – embora as duas pesquisas não sejam diretamente comparáveis, pois adotam metodologias diferentes.

Também influenciaram a mudança de tom de Bolsonaro a relação desgastada com Nunes – que, na visão de pessoas próximas ao ex-presidente, não tem acenado suficientemente às pautas bolsonaristas – e as duras críticas que a família Bolsonaro recebeu de seus apoiadores nas redes sociais por causa da aliança com o prefeito.

Vice

O núcleo mais próximo de Bolsonaro, contudo, considera improvável que ele rompa com a campanha de Nunes para apoiar Marçal, especialmente porque o vice na chapa de Nunes, o coronel Ricardo Mello Araújo (PL), foi indicado pelo ex-presidente.

Além disso, pesa o fato de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ter se tornado o principal articulador da candidatura do prefeito. A indefinição da corrida eleitoral paulistana também força Bolsonaro a evitar um rompimento tanto com Nunes quanto com Marçal.

Após o vaivém do ex-presidente, o diretório municipal do PL em São Paulo, comandado por Isac Félix, aliado de Nunes, divulgou nota reafirmando o apoio à candidatura do prefeito.

A eleição na capital paulista não é a única que Bolsonaro enfrenta dificuldade. No Rio de Janeiro, seu reduto eleitoral, Alexandre Ramagem (PL) apareceu com 9% na última pesquisa Quaest, que reforça o favoritismo do prefeito Eduardo Paes (PSD), que tem 60%.

‘Palavra’

A instabilidade do ex-presidente já era esperada pela campanha do prefeito. No entanto, há incertezas sobre a realização de agendas conjuntas entre Bolsonaro e Nunes. Na manhã de ontem, durante a agenda na zona leste, o prefeito disse que não se incomodou com o fato do ex-presidente ter insinuado um convite para Marçal participar do 7 de setembro.

“(Bolsonaro) Jamais vai apoiar alguém que foi condenado, preso, principalmente por fraudar e tomar dinheiro de aposentados em golpes de banco e alguém que está envolvido até o nariz com pessoas do seu partido ligadas ao Primeiro Comando da Capital (PCC), com uma quadrilha em torno do candidato.” Para Nunes, “Bolsonaro é um cara de palavra”.

Estadão Conteúdo

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