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Política & Poder

PF diz ao TSE que redes bolsonaristas reeditam estratégia de Trump e usam fake news e ‘polarização’ para antecipar campanha e desqualificar urnas

De acordo com o documento, a rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro replica uma estratégia atribuída a Steve Bannon

Redação Jornal de Brasília

18/08/2021 6h43

Foto: EVARISTO SA / AFP

A Polícia Federal enviou um relatório ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em que descreve como páginas bolsonaristas teriam usado as redes sociais para promover ataques e desinformação sobre as urnas eletrônicas. De acordo com o documento, a rede de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro replica uma estratégia atribuída a Steve Bannon, que foi estrategista do ex-presidente americano Donald Trump nas eleições de 2016.?

O caminho indicado pela PF seria a combinação de mensagens polêmicas, que incentivam a polarização, emitidas por influenciadores com autoridade diante de seus seguidores. Em paralelo, a imprensa é constantemente desqualificada.

“Quanto mais polêmica e afrontosa às instituições for a mensagem, maior o impacto no número de visualizações e doações, reverberando na quantidade de canais e no alcance do maior número de pessoas, aumentando a polarização e gerando instabilidade por alimentar a suspeição do processo eleitoral, ao mesmo tempo que promove a antecipação da campanha de 2022 por meio das redes sociais”, escreve a delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que assina o documento. Ela foi responsável pelas apurações sobre os atos antidemocráticos realizados em abril do ano passado e comanda a equipe de investigação do inquérito das fake news.

O discurso reproduzido, via de regra, é falso ou tem apenas ‘fragmentos da verdade’, afirma a Polícia Federal. O documento explica ainda como essas redes falseiam os limites entre o que é informação e o que é opinião. “Esta rede pretende, entre outros objetivos, diminuir a fronteira entre o que é verdade e o que é mentira”, diz o relatório.

O objetivo por trás da estratégia seria, segundo a PF, o lucro financeiro obtido através da exploração do discurso político. “A prática visa, mais do que uma ferramenta de uso político-ideológico, um meio para obtenção de lucro, a partir de sistemas de monetização oferecido pelas plataformas de redes sociais. Transforma rapidamente ideologia em mercadoria, levando os disseminadores a estimular a polarização e o acirramento do debate para manter o fluxo de dinheiro pelo número de visualizações”, expõe outra parte do documento.

O material foi encaminhado na semana passada ao ministro Luís Felipe Salomão, corregedor do TSE, no âmbito do inquérito administrativo aberto para apurar os ataques de Bolsonaro ao sistema de votação. A Polícia Federal sugere que, para enfrentar o fenômeno, o tribunal deve chamar à mesa representantes das plataformas de redes sociais e proibir a monetização de conteúdo político-ideológico. Depois disso, Salomão determinou a suspensão imediata de subsídios financeiros a uma lista de páginas indiciadas na investigação.

Estadão Conteúdo

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