Oito partidos se uniram e emitiram, neste sábado (10), uma nota contra ataques promovidos pelo presidente Jair Bolsonaro contra a democracia brasileira e o sistema eleitoral. As legendas que assinam o texto são de centro e de direita.
“A democracia é uma das mais importantes conquistas do povo brasileiro, uma conquista inegociável. Nenhuma forma de ameaça à democracia pode ou deve ser tolerada. E não será”, diz a nota. Os partidos ressaltam que, nos últimos 30 anos, houve alternância de poder e todos souberam conviver com isso, respeitando o voto da população.
“Temos total confiança no sistema eleitoral brasileiro, que é moderno, célere, seguro e auditável. São as eleições que garantem a cada cidadão brasileiro o direito de escolher livremente seus representantes e gestores. Sempre vamos defender de forma intransigente esse direito, materializado no voto”, afirmam as legendas. “Quem se colocar contra esse direito de livre escolha do cidadão terá a nossa mais firme oposição”, concluem.
Assinam a nota os seguintes nomes:
- ACM Neto (DEM)
- Baleia Rossi (MDB)
- Bruno Araújo (PSDB)
- Eduardo Ribeiro (Novo)
- José Luís Penna (PV)
- Luciano Bivar (PSL)
- Paulinho da Força (Solidariedade)
- Roberto Freire (Cidadania)
Leia na íntegra:
Partidos Nota Democracia 10jul2021 by Jornal de Brasília on Scribd
Lira
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), também emitiu nota neste sábado sobre o mesmo tema. Em discurso ameno, Lira disse que a Câmara avançará nas reformas a serem aprovadas e “não se deixará levar por uma disputa que aprofunda ainda mais a nossa crise”. Leia na íntegra:
Em uma hora tão dura como a que vivemos hoje, saibamos todos que o Brasil sempre será maior do que qualquer disputa política.
Tenhamos todos, como membros dos poderes republicanos, responsabilidade e serenidade para não causar mais dor e sofrimento aos brasileiros.
Reitero o meu compromisso; a Câmara avançará nas reformas, continuará a ser o poder mais democrático e plural do país e não se deixará levar por uma disputa que aprofunda ainda mais a nossa crise.
A Câmara será sempre a voz de um povo livre e democrata e sempre estará pronta para ajudar o Brasil a continuar a crescer e se encontrar com seu destino de país desenvolvido e socialmente justo.
Deixemos que o eleitor tenha emprego e vacina, que deixe o seu veredito em outubro de 2022 quando encontrará com a urna; essa sim, a grande e única juíza de qualquer disputa política.
O nosso compromisso é e continuará sendo trabalhar pelo crescimento e a estabilidade do país.
As falas vêm após os presidentes do Senado e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Luis Roberto Barroso, também se manifestarem contra os ataques de Bolsonaro. Nos últimos dias, o presidente vem insistindo em questionar o sistema eleitoral para sinalizar que talvez possa não aceitar uma derrota nas urnas.
Para a cientista política e professora doutora da Universidade de São Paulo (USP), Maria Tereza Sadek, a postura de Bolsonaro é uma resposta ao caminhar da CPI da Pandemia no Senado, que tem se aprofundado em denúncias de fraudes em compras de vacina contra a covid-19 por parte do governo federal. O presidente também estaria acuado frente às pesquisas de intenção de voto para presidente em 2022, nas quais o ex-presidente Lula lidera.
De acordo com a cientista política, Bolsonaro “tem atuado no sentido de atingir ao máximo todas as instituições e seguirá fazendo isso progressivamente se não houver uma reação das instituições e da sociedade à altura”. “Como ele sabe que está perdendo apoio popular, está jogando, mas de modo muito perigoso, colocando em risco o estado democrático de direito”, afirma Maria Tereza Sadek ao jornal O Estado de S.Paulo.