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Política & Poder

Novo ministro defende máscaras, mas evita contrariar bandeiras de Bolsonaro

Queiroga assume a Saúde no pior momento da pandemia, com o registro de mais de 2 mil mortes diariamente e com o governo sob forte pressão

Redação Jornal de Brasília

16/03/2021 18h55

Foto: Evaristo Sá/AFP

Escolhido para ser o quarto ministro da Saúde em plena pandemia, o cardiologista Marcelo Queiroga disse nesta terça-feira, 16, que vai trabalhar para ter “resultado mais desejável” no combate ao novo coronavírus. Apesar de ter recomendado, em fala à imprensa, o uso de máscara – medida simples, mas que contrasta com declarações do governo -, Queiroga não prometeu ruptura com bandeiras do presidente Jair Bolsonaro, como orientação de uso da cloroquina, medicamento sem eficácia comprovada para a covid-19, nem defendeu o isolamento social.

Em declaração ao lado do general Eduardo Pazuello, que deixa o cargo sob forte desgaste, o cardiologista afirmou ser preciso melhorar a “qualidade de assistência” nos hospitais, “sobretudo em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs)”. Ele defendeu ações da gestão Bolsonaro na área de saúde e disse que o ministério trabalha de forma “harmônica” com Estados e municípios para que as mais de 500 milhões de doses de vacinas para covid-19 previstas sejam aplicadas.

Queiroga assume a Saúde no pior momento da pandemia, com o registro de mais de 2 mil mortes diariamente e com o governo sob forte pressão. “Sozinho não vou fazer mágica”, disse o cardiologista.

O médico afirmou que irá se basear sempre “na melhor evidência científica”. O presidente Bolsonaro, no entanto, fez diversas afirmações sem lastro científico para questionar a eficácia de vacinas, máscaras, lockdown e outras medidas recomendadas para combater a pandemia. Queiroga ainda disse que é preciso atacar a pandemia, mas preservar a atividade econômica. “Para garantir emprego, renda e recursos”, declarou. O médico encerrou a declaração e não respondeu aos questionamentos da imprensa.

O general Pazuello estava ao lado de Queiroga e falou antes aos jornalistas. Ele defendeu a sua gestão e disse que não há uma “transição” em curso. “Continua o governo Bolsonaro, continua o ministro da Saúde. Troca o nome de um oficial general que estava organizando a parte operacional, gestão, liderança, administração. Agora vai chegar um médico com toda a sua experiência na área de saúde para ir além”, declarou Pazuello.

Mais cedo, Queiroga já havia sinalizado que não fará grandes mudanças em ações da Saúde, apesar de diversas regiões do País estarem em colapso pela pandemia. “A política é do governo Bolsonaro, não do ministro da Saúde. O ministro executa a política do governo”, disse Queiroga, ao chegar pela manhã no ministério para o começo da transição na pasta. Nos próximos dias, o médico e Pazuello devem cumprir agendas juntos. Eles participam na quarta-feira, 17, da entrega das primeiras doses da vacinas de Oxford/AstraZeneca envasadas pela Fiocruz, no Rio.

Estadão conteúdo

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