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Política & Poder

Moro anuncia Pastore em sua equipe de conselheiros econômicos

Pastore disse que o Brasil deve permanecer por bastante tempo com um câmbio depreciado, fator que dificulta o combate à inflação

FolhaPress

17/11/2021 6h15

Cristina Camargo
São Paulo, SP

O ex-juiz federal Sergio Moro (Podemos-PR) disse em entrevista ao Conversa com Bial, na madrugada desta quarta-feira (17), que o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore faz parte de um grupo que ele reuniu para discutir os rumos econômicos do Brasil.

“É um dos melhores nomes do país”, afirmou. Segundo o ex-juiz, Pastore o assessora em relação à macroeconomia. “É importante controlar a inflação”.

Em afirmação recente, Pastore disse que o Brasil deve permanecer por bastante tempo com um câmbio depreciado, fator que dificulta o combate à inflação e que não resolverá sozinho o problema de falta de competitividade da indústria brasileira.

Pastore afirmou também que o país corre o risco de perpetuar alguns erros do passado caso reeleja o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ou o ex-presidente Lula (PT). Ele se declara otimista com uma terceira via social-democrata, com um modelo econômico de Estado provedor e que reduza desigualdades.

Moro preferiu não revelar outros nomes que fazem parte do grupo de economistas reunidos por ele. Alegou que é melhor manter o sigilo porque “o projeto ainda está sendo construído”.

O “projeto”, admitiu, é a sua candidatura à presidência da República em 2022. “Me sinto habilitado a construir esse projeto de país com a população brasileira”, respondeu sobre a disputa eleitoral.

Para Moro, é importante evitar que o país “caia no desespero de extremos”, referindo-se a Bolsonaro e a Lula.

Em um ping-pong no final da entrevista, o ex-juiz respondeu genericamente sobre seus planos para controlar o preço dos combustíveis. Segundo ele, é preciso fazer isso com “as políticas econômicas certas”. Moro disse ainda que uma das causas do aumento dos preços é a inflação e isso é responsabilidade do governo.

Ele também respondeu sobre mineração e exploração econômica em terras indígenas. Afirmou que no período em que foi ministro percebeu que há situações diferentes entre os indígenas, como os que vivem isolados e os que desejam ter atividades econômicas. Para Moro, é preciso ter amparo e soluções para cada situação.

Apesar de admitir a candidatura, o ex-juiz prega o diálogo com outras lideranças para encontrar pontos em comum. “Essa união tem que ser em cima de um projeto”, defendeu, afirmando que é preciso “colocar o Brasil nos trilhos”.

Pouco depois de sua filiação ao Podemos, na quarta-feira (10), Moro encontrou-se com o presidente do DEM, ACM Neto, e discutiu o apoio do partido à sua empreitada eleitoral.

Assim como fez no ato de sua filiação partidária, Moro defendeu o legado da Lava Jato na entrevista para o jornalista Pedro Bial e repetiu críticas a Bolsonaro e Lula.

Sobre o presidente da República, reafirmou que Bolsonaro boicotou o projeto de combate à corrupção que teria sido o motivo para ele aceitar ser ministro da Justiça. Em relação a Lula, negou ter questões pessoais contra o ex-presidente e garantiu que agiu apenas como juiz que aplica a lei nos processos que envolviam o petista.

“Durante o governo dele aconteceram os maiores escândalos, como o Mensalão e o Petrolão”, disse. “A Petrobras foi saqueada como nunca antes nesse país”.

O STF considerou Moro parcial nos processos em que atuou como juiz federal contra Lula. Com isso, foram anuladas ações dos casos tríplex, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato.

Para Moro, mudanças recentes de jurisprudência no STF enfraqueceram o combate à corrupção. Ele citou apegos a tecnicismos como causas dessas mudanças, que considera negativas.

“A verdade é uma só: Mensalão e Petrolão. E agora rachadinha”, afirmou, como um bordão de campanha.

A entrevista terminou com a repetição de uma pergunta feita por Bial em 2019, quando Moro foi entrevistado no programa, sobre o último livro que havia sido lido pelo ex-juiz. Na ocasião, o então ministro não lembrou.

Mais preparado, dessa vez ele citou a obra “O rio da dúvida”, sobre uma expedição de Theodore Roosevelt e Cândido Rondon na floresta amazônica.

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