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Política & Poder

Ministro do TCU, Aroldo Cedraz, e seu filho, Tiago Cedraz, na mira da PGR

Denúncia deve ser recebida integralmente. Em memorial enviado ao STF, Raquel Dodge também pede afastamento cautelar de Aroldo Cedraz do cargo

Aline Rocha

24/06/2019 17h06

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Raquel Dodge, procuradora-geral da República, reforçou o pedido para que a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) receba, integralmente, a denúncia contra o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Aroldo Cedraz, seu filho, o advogado Tiago Cedraz e mais duas pessoas pelo crime de tráfico de influência.

Em memorial enviado pelos ministros por Raquel Dodge, ela rebate os argumentos das defesas dos acusados sobre a falta de elementos na denúncia que apontem para a prática do crime, como consta em conclusões de sindicância pelo TCU.

Ela reforça que as conclusões a que chegou o Plenário do TCU não condicionam exercício da opinio delicti por parte da PGR, nem o juízo de admissibilidade da imputação, a ser realizado pela Segunda Turma do STF. “A plausibilidade da denúncia deve ser aferida a partir dos elementos de informação que a instruem, colhidos ao longo da investigação, e não se sujeita às conclusões obtidas, em esfera diversa”, assinala. Segundo Dodge, a denúncia reúne todas as condições para ser admitida, com destaque para a presença de justa causa para a abertura de ação penal, ao contrário do que alegam as defesas.

Afastamento

Dodge defende que Aroldo Cedraz seja afastado do cargo de ministro do TCU. De acordo com a PGR, a medida é fundamental para que se possa garantir o regular funcionamento das instituições sem embaraços ou condutas indevidas, à luz do que dispõe a Constituição Federal. “A imposição de uma medida cautelar de afastamento do cargo de ministro do Tribunal de Contas da União revela-se como proporcional, necessária e fundamental para a garantia da proteção do interesse público e da própria sociedade, diante do risco concreto de manutenção no cargo de um agente que não mantém os padrões de conduta intrínsecos à sua atividade funcional”, argumenta.

Entenda o caso

Em outubro do ano passado, a procuradora-geral da República denunciou o ministro do TCU Aroldo Cedraz, seu filho, o advogado Tiago Cedraz, e outras duas pessoas pelo crime de tráfico de influência. A peça narra que – no contexto da realização de processo de licitação para a instalação da Usina Termonuclear de Angra 3 – diversas construtoras organizadas em cartel para frustrar o caráter competitivo de suas contratações com a Administração Pública Federal, em especial aquelas promovidas pela Petrobras, articularam-se com funcionários da Eletronuclear para excluir consórcios concorrentes na fase de pré-qualificação, direcionar a contratação e superfaturar as obras.

O valor total do contrato era de quase R$ 3,2 bilhões, montante que seria pago ao consórcio vencedor, que tinha entre os integrantes a construtora UTC. Os quatro foram acusados de negociar e receber dinheiro da empresa UTC Engenharia para influenciar o julgamento de processos referentes à Usina Angra 3, que estavam em andamento no TCU.

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