Menu
Política & Poder

Médico acusado de espalhar fake news sobre Lula tem arquivamento de investigação aprovado no Cremesp

No dia em que as mentiras se espalharam, o presidente estava descansando na Bahia. No dia seguinte, o petista foi a um jantar d

FolhaPress

17/05/2023 21h12

MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP

O Conselho Regional de Medicina do estado de São Paulo (Cremesp) aprovou o arquivamento do processo de sindicância que investigava o médico José Antônio Franchini Ramires por disseminação de notícias falsas sobre a saúde de Lula (PT).

O processo corre em sigilo. A reportagem teve acesso ao documento do conselho enviado à defesa do médico, que é liderada pelo advogado Sergei Cobra Arbex. “Este Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo […] aprovou o arquivamento da sindicância”, diz o ofício.

O episódio ocorreu em novembro de 2022.

De acordo com uma reportagem da revista Fórum, o médico teria enviado mensagens em um grupo de WhatsApp afirmando ter recebido informações de “fonte fidedigna” do Hospital Sírio-Libanês relatando que Lula estaria de novo se submetendo a um tratamento contra um câncer.

No dia em que as mentiras se espalharam, o presidente estava descansando na Bahia. No dia seguinte, o petista foi a um jantar de aniversário do vice-presidente Geraldo Alckmin.

Os textos creditados ao cardiologista diziam que o presidente eleito estaria com um “linfonodo jugulo carotídeo, com certeza recidiva loco-regional. Não quiz operar, não aceitou traqueostomia, agora… Carcinoma de base de língua agressivo estágio IV (Sic)”.

A mensagem afirmava também que, “antes tratado com quimioterapia”, Lula “continuou bebendo, voz muito rouca, disfagia, edema pós-radioterapia ou recidiva com certeza”.

Após a repercussão dos boatos no ano passado, advogados do grupo Prerrogativas encaminharam uma representação ao conselho pedindo que o órgão investigasse o caso.

A decisão do Cremesp foi dada em reunião de Câmara e em sessão plenária realizadas no início deste mês.

No processo, a defesa de Ramires argumentou que “a denúncia não fora instruída com qualquer prova hábil” e que cita “apenas e tão somente a transcrição de uma reportagem jornalística que descreve a suposta prática relatada na denúncia”.

“Ora, não se pode instaurar uma sindicância contra um médico, com base em meras conjecturas acerca de conduta que terceiro tenha a ele imputado -no caso o site ‘Revista Forum’. É necessário, para o prosseguimento deste procedimento, que haja indícios de materialidade e autoria dos fatos apurados”, seguiu a defesa do médico, que nega as acusações.

“A denúncia padece de indícios mínimos que vinculem o peticionário à prática de qualquer infração médica.”

Procurado, o Cremesp afirma que “a apuração segue em andamento e que, até o momento, não houve oficialização de arquivamento da denúncia sobre o caso em questão”.

“O Cremesp ressalta, ainda, que apura condutas que envolvam o ato médico, e que, como em todo processo investigatório, faz-se necessária a presença de indício de materialidade para seu prosseguimento. As investigações tramitam sob sigilo determinado por lei. Qualquer posicionamento adicional por parte do conselho poderá resultar na nulidade do processo.”

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado