Em depoimento à CPI da Pandemia nesta quarta-feira (2), a médica infectologista Luana Araújo, ex-secretária extraordinária de Enfrentamento à Covid-19, exaltou o Sistema Único de Saúde (SUS). Para Luana, “é uma das maiores ferramentas públicas que existem no mundo”.
Perguntada se a atenção primária poderia ter ajudado mais no combate à pandemia de covid-19, Luana foi enfática: “Sem a menor sombra de dúvida”. “Nós temos um sistema de saúde pública que é invejado pelo resto do mundo. O SUS é uma das maiores ferramentas públicas que existem no mundo. É claro que tem problemas importantes de custo-efetividade, de qualidade de cuidado que a gente consegue oferecer e de tempo da qualidade desse cuidado, mas é um sistema que é excepcional”, comentou.
Para a infectologista, além de hospitais, a atenção primária também tem papel fundamental no combate à doença. “Quando a gente fala em combate à pandemia, principalmente para uma doença cujo tratamento farmacológico até esse momento é inexistente, a gente não pode considerar resposta a essa pandemia como algo focado na atenção terciária. Não posso focar toda minha estratégia de combate à pandemia em hospitais simplesmente porque eu já estou atrasada. Se eu penso só em fazer leitos de CTI, eu estou atrasada. O que eu preciso fazer é mudar o eixo de resposta para a atenção primária.”
“A atenção primária serve não só para um diagnostico precoce mas principalmente para educação aconselhamento e acompanhamento das pessoas. A atenção primária deve, e espero, ser utilizada de forma mais contundente daqui para frente na nossa resposta”, finalizou Luana.
Luana não chegou a ser oficialmente nomeada secretária executiva do Ministério da Saúde. No dia 11 de março, o ministro Marcelo Queiroga anunciou a chegada da médica à pasta, mas, dez dias depois, ele informou a ela que seu nome não havia sido aprovado. Segundo a infectologista, ninguém explicou detalhadamente por que ela foi descartada.