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Política & Poder

Mandetta sobre tratamento precoce: sem diagnóstico não há tratamento

Ex-ministro frisa que nenhum medicamento teve a eficácia comprovada contra o novo coronavírus, no mundo

Redação Jornal de Brasília

04/05/2021 14h53

Mateus Souza
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Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, que acontece nesta terça-feira (4), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta foi bastante questionado a respeito do tratamento precoce. O Senador Eduardo Girão (PODEMOS) afirmou que o tratamento precoce foi classificado como seguro por uma parte da comunidade científica. Na ocasião, Mandetta rebateu a afirmação e disse “acreditar nas bases da ciência” e que “sem diagnóstico não há tratamento”.

Girão ainda citou a epidemia de H1N1 e afirmou que, naquela época, o medicamento Tamiflu foi receitado de forma autônoma, na relação médico paciente, e gerou resultados positivos. Mandetta, por outro lado, disse que o Tamiflu foi receitado após um consenso entre as autoridades mundiais de saúde.

Ele citou medicamentos como ivermectina, remédios para tratamento de próstata, nebulização com cloroquina, entre outros fármacos, que foram utilizados como remédios contra a Covid-19 e que geram diversos efeitos colaterais aos pacientes. O ex-ministro frisa que nenhum medicamento teve a eficácia comprovada contra o novo coronavírus, no mundo.

“Aqueles que estão presos na verdade científica têm que demonstrar”, disse Mandetta. “Não se faz teste (de Medicamento) em ser humano”, completou.

Posteriormente, o senador Omar Aziz (PSD), presidente da CPI da Pandemia, afirmou que a comissão vai investigar casos de pacientes vítimas de efeitos colaterais após tratamento precoce, e que ele irá denunciar médicos responsáveis ao Conselho Federal de Medicina (CFM).

Governo sabia

Para Mandetta, médicos foram irresponsáveis: “Muita gente tropeçou no destino porque o princípio da cautela foi rompido”. Além disso, o ex-ministro afirmou que o governo sabia que fazia propaganda de remédios sem comprovação científica.

Mandetta também criticou a postura de Bolsonaro durante a pandemia:

“Cada vez que se conversava com o presidente ele compreendia”, disse Mandetta.

“Só que passava dois e três dias e ele voltava àquela situação de aglomerar e outras coisas”, completou.

Hidroxicloroquina

Durante a comissão, o senador Luis Carlos Heinze (PP) defendeu o uso da hidroxicloroquina como tratamento precoce. Ele afirmou que as mortes decorrentes da medicação com cloroquina decorreu da administração de altas dosagens do fármaco, muito acima do recomendado. Além disso, o senador afirmou que a hidroxicloroquina tem efeitos colaterais mais amenos, diferente da cloroquina.

O parlamentar afirmou que, em muitos estados e países, o uso da hidroxicloroquina tem gerado bons resultados. Ele deu como exemplo a cidade de Rancho Queimado-SC, de 2.748 habitantes, e afirmou que, no município, o uso do tratamento precoce é comum.

O parlamentar disse ainda que há uma queima de reputação de médicos que recomendam o uso da hidroxicloroquina, além de interesses políticos barrando a aprovação do uso do tratamento com o remédio.

Em resposta, Mandetta disse preferir as vacinas e a precaução para não expor as pessoas a contrair a doença.

“Seria muita inocência da nossa parte a gente achar que há um grande complô mundial contra medicamento A, B ou C”, disse Mandetta.

“Torço pela cura, não por uma substância”, completou.

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