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Política & Poder

Lula deve apoiar democracia e direitos humanos na Venezuela, diz Guaidó

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e outros governos de esquerda da América do Sul precisam apoiar os direitos humanos e a democracia na Venezuela

FolhaPress

02/05/2023 17h24

Foto: Agência Brasil

Thiago Amâncio

Washington, EUA

O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e outros governos de esquerda da América do Sul precisam apoiar os direitos humanos e a democracia na Venezuela, disse nesta terça-feira (2) Juan Guaidó, um dos líderes da oposição ao regime de Nicolás Maduro, em passagem por Washington.

“Não se pode pretender hoje limpar a barra de um ditador. Estou falando do governo do Brasil neste caso. Quando se aproxima de um ditador, corre-se o risco de usar as mãos de sangue”, afirmou ele em resposta a pergunta da Folha de S.Paulo sobre o apoio político na região.

A situação de Guaidó mudou drasticamente nos últimos meses, com a ascensão de governos de esquerda na América Latina. Se presidentes como Jair Bolsonaro (PL) e o colombiano Iván Duque chegaram a considerá-lo o líder legítimo da Venezuela, o cenário mudou drasticamente com a ascensão ao poder de Lula e Gustavo Petro.

Um resultado muito prático dessas mudanças se viu na última semana, quando ele disse ter sido expulso da Colômbia horas após entrar no país de maneira irregular, a pé e sem passar pela imigração. O país vizinho sediava uma conferência para tratar da situação venezuelana, mas nem Guaidó nem Maduro foram convidados.

O governo Gustavo Petro levou o oposicionista ao aeroporto pouco após sua chegada no país, e ele embarcou rumo a Miami, nos Estados Unidos.

Nesta terça, Guaidó afirmou que “houve uma ameaça direta” da Colômbia de que poderiam deportá-lo de volta a Venezuela, “entendendo o risco que representa para um opositor voltar a Caracas”. “Eu não esperava nem sequer gentileza, esperava um trato simplesmente digno, como qualquer ser humano merece, mas lamentavelmente encontramos hostilidade e ameaças”.

Na ocasião, o órgão colombiano responsável pelo setor de migração afirmou que Guaidó não foi expulso nem deportado e que todos os seus direitos foram respeitados, de modo que o venezuelano foi submetido às mesmas exigências feitas a qualquer viajante. “Simplesmente entre com seu passaporte e peça asilo. Com muito prazer lhe ofereceriam”, tuitou Petro em referência ao episódio.

A Colômbia é o país que concentra a maior quantidade de refugiados venezuelanos do mundo, segundo dados da ONU –do total de 7 milhões de pessoas que fugiram da ditadura, 2,5 milhões estão na nação vizinha. A título de comparação, cerca de 420 mil migrantes venezuelanos se estabeleceram no Brasil.

Lula e Petro retomaram as relações com a Venezuela assim que assumiram seus governos. O presidente colombiano tem acionado líderes globais para pressionar pelo fim das sanções contra o regime Maduro, como fez em discurso na Assembleia-Geral da ONU e em reunião com Joe Biden na Casa Branca no mês passado.

Guaidó participou brevemente nesta terça de evento organizado pelo Council of the Americas na sede da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde foi recebido pelo secretário-geral da organização, Luis Almagro. A Venezuela de Maduro se retirou da OEA em 2017, e Almagro foi um dos grandes articuladores das pressões pelo fim do regime chavista.

Nos Estados Unidos, Guaidó vai se encontrar com parlamentares americanos e espera também se reunir com o governo Joe Biden, disse nesta terça. Questionado se pretende pedir asilo no país, ele afirmou que está “de visita”, mas afirmou que “para voltar à Venezuela, é preciso proteção e segurança”.

“Hoje nossa vida corre risco no país, como corre risco a vida de 300 presos políticos, como corria risco a vida de Fernando Albán [opositor morto em 2018], assassinado pela ditadura. Assim que o objetivo no curto prazo é precisamente buscar apoio para proteger não só uma pessoa, mas a democracia.”

Embora Biden não tenha a mesma postura agressiva que seu antecessor, Donald Trump, tinha quanto ao regime Maduro, o governo americano segue fazendo pressão. Washington já se disse disposta a retirar as sanções contra Caracas, mas não sem a contrapartida da realização de eleições livres no ano que vem. A Cara Branca quer a divulgação de um calendário eleitoral, o registro de eleitores e o convite a observadores eleitorais acompanharem o pleito.

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