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Política & Poder

Lula chega a hospital para cirurgia no quadril

A previsão é a de que o petista fique na UTI (Unidade Tratamento Intensivo) por, no mínimo, um dia, como é de praxe em cirurgias deste tipo

Redação Jornal de Brasília

29/09/2023 9h59

Foto: EVARISTO SA / AFP

MARIANNA HOLANDA, RENATO MACHADO E ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA
BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O presidente Lula (PT) passa nesta sexta-feira (29) por uma cirurgia programada para tratar um problema na região do quadril, que tem ocasionado dores fortes e constantes ao mandatário. Lula chegou às 8h ao hospital Sírio-Libanês de Brasília.

A previsão é a de que o petista fique na UTI (Unidade Tratamento Intensivo) por, no mínimo, um dia, como é de praxe em cirurgias deste tipo. A Presidência da República informou que o procedimento é uma artroplastia total de quadril. Será instalada uma prótese no corpo do presidente.

Ele deve permanecer no hospital até a próxima terça-feira (3). Depois da cirurgia, a expectativa é a de que ele fique ao menos três semanas trabalhando de casa, o Palácio da Alvorada.

A cirurgia será feita por quatro médicos, que saíram de São Paulo, e acompanhada por Roberto Kalil Filho, médico do presidente, e Ana Helena Germoglio, médica da Presidência da República.

O procedimento em si deve durar cerca de duas horas, mas não há previsão de informes oficiais do início da cirurgia para não gerar ansiedade, segundo auxiliares palacianos. O governo busca evitar rumores sobre a saúde do presidente em caso de eventuais atrasos médicos rotineiros.

Todo o processo de internação deve durar entre três e quatro horas. No final do dia desta sexta-feira, o cirurgião chefe dará uma entrevista coletiva à imprensa com informações sobre o procedimento.

A previsão é de que a partir do dia seguinte ao menos dois boletins médicos sejam divulgados pelo hospital por dia.

O período de recuperação previsto é de cerca de um mês. O presidente já pretende despachar na próxima semana no Palácio da Alvorada.

O mandatário, no entanto, vai ficar de quatro a seis semanas sem realizar viagens. A próxima deve acontecer apenas no fim de novembro, para participar da COP 28, nos Emirados Árabes Unidos.

Apesar de receber anestesia geral durante o procedimento, não haverá transmissão de cargo para o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). O vice estará cumprindo agenda em Fortaleza nesta sexta-feira.

O Palácio do Planalto não explicou por que optou por não empossar Alckmin durante o procedimento.

“Não há previsão de o vice-presidente Geraldo Alckmin assumir a Presidência durante o procedimento cirúrgico do presidente Lula e no período pós-operatório”, informou a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), em uma breve nota.

Interlocutores do Planalto afirmam que seria simples realizar uma transmissão de cargo, mas optou-se por não fazer por um caráter simbólico, para deixar claro que se trata de um procedimento simples.

O governo considera que Alckmin estaria apto a assumir o cargo em caso de uma grande emergência ou urgência, para tomar as decisões necessárias.

Lula tem sofrido com as dores na região do quadril desde o período eleitoral do ano passado. Nesta semana, o presidente afirmou que optou por adiar a cirurgia para não dizerem que estava “velho”.

O presidente deve usar um andador ou muletas, mas afirmou que ninguém o verá com esses equipamentos. Lula ainda causou polêmica ao fazer uma relação entre beleza e o uso deles.

“Até lá [a viagem para a COP] vou ficar aqui em Brasília, não vou poder pegar avião. Vou trabalhar normalmente, vou trabalhar. O [secretário de Produção e Divulgação de Conteúdo Audiovisual, Ricardo] Stuckert não quer que eu ande de andador. Ele já falou ‘não vou filmar você de andador'”, disse.

“Então significa que vocês não vão me ver de andador, de muleta, vão me ver sempre bonito, como se eu não tivesse sequer operado”, completou.

O procedimento a que será submetido é considerado de baixo risco, embora o período pós-operatório seja considerado delicado. Lula também declarou nesta semana ter medo de anestesia geral, acrescentando que não gosta de ficar inconsciente.

A artrose é uma doença associada à perda de cartilagem, uma superfície que recobre as articulações para evitar o atrito entre os ossos.

“A articulação é um sistema quase perfeito de redução de atrito. Duas superfícies de gelo quando friccionadas têm mais atrito do que duas superfícies de cartilagem sadias”, explica Giancarlo Polesello, cirurgião do quadril do Hospital Sírio-Libanês.

As principais articulações afetadas pela artrose são as do quadril, caso de Lula, e joelho, segundo Polesello. No quadril, a artrose ocorre com o desgaste em cartilagens que revestem a cabeça do fêmur (um osso da coxa) e o acetábulo (parte da bacia ligada ao fêmur).

O estágio avançado da doença pode gerar sintomas como dor intensa na virilha, redução e comprometimento do movimento.

A enfermidade tem diferentes estágios, que podem ir do assintomático ao avançado. “Muitas artroses são completamente assintomáticas. Em estágios mais avançados, começa a haver dor por causa do atrito entre as superfícies ósseas”, afirma o médico.

De acordo com os especialistas, evitar o sobrepeso e fazer atividade física ajudam a prevenir os quadros graves da artrose. Estima-se que, a cada 100 mil habitantes, 40 tenham artrose sintomática no quadril.
Idade, alterações genéticas, doenças reumáticas e sequelas de fratura são alguns dos fatores que podem influenciar o desgaste das cartilagens.

Vinícius Ferreira Bueno, ortopedista do Hospital Israelita Albert Einstein e do Instituto Cohen, explica que a perda de cartilagem nas articulações é natural ao processo de envelhecimento.

“Já a artrose acontece quando a gente tem essa perda de cartilagem associada ao quadro clínico de dor e diminuição de movimento”, afirma.

São opções de tratamento o uso de analgésicos, anti-inflamatórios e fisioterapia. A infiltração -quando o médico injeta substâncias na articulação para hidratar e tratar a inflamação- é mais um recurso disponível, além da cirurgia.

Lula já suspendeu eventos de trabalho e fez infiltrações para mitigar o desconforto causado pela artrose.

Em julho, afirmou que sente dores diariamente. “Eu quero fazer a cirurgia porque eu não quero ficar com dor. Ninguém consegue trabalhar com dor o dia inteiro. Então, eu sinto que às vezes estou com mau humor com meus companheiros, eu chego de manhã para trabalhar, quando eu coloco o pé no chão dói.”

Segundo Bueno, do Albert Einstein, a infiltração serve para aliviar temporariamente a dor e melhorar a mobilidade. Estágios mais avançados da artrose podem requerer a cirurgia. Além de infiltrações, o presidente já realizou sessões de fisioterapia para mitigar a dor.

Colocar a prótese no quadril é a opção quando tratamentos anteriores não surtiram o efeito esperado.

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