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Política & Poder

Flávio Dino diz que vai procurar Cláudio Castro para solucionar caso Marielle

Flávio Dino afirmou que vai procurar Cláudio Castro para oferecer uma parceria na investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco

Redação Jornal de Brasília

04/01/2023 15h41

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou nesta terça-feira, 3, que vai procurar o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), para oferecer uma parceria na investigação do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Dino disse que a pasta está analisando o caso e reiterou que a federalização é uma opção.

“Nós estamos fazendo análise técnica, colhendo os dados das investigações e das ações penais já existentes”, contou. “Em um primeiro momento, nosso caminho vai ser a busca de cooperação com o Estado do Rio de Janeiro. Eu próprio irei procurar oficialmente o governador Cláudio Castro para oferta dessa parceria da Polícia Federal com as polícias estaduais.”

Dino explicou que há duas formas de federalização do caso. Uma delas é por meio de um instrumento jurídico chamado Incidente de Deslocamento de Competência. O instituto foi criado pela Emenda Constitucional 45/2004 e possibilita a transferência de investigação processo para a Justiça Federal em casos de grave violação de direitos humanos.

Segundo o ministro da Justiça, neste caso, a “legitimidade ativa compete ao procurador-geral da República (Augusto Aras) e o julgamento compete ao STJ (Superior Tribunal de Justiça)”. “Essa é uma via”, disse Dino.

Outra opção, disse, é que ele próprio determine à Polícia Federal que entre no caso. “Nós estamos tratando de um crime que envolveu um agente político com ampla repercussão nacional e internacional, então nós temos a possibilidade legal do ministro da Justiça determinar à Polícia Federal que também atue”, afirmou.

“É um conjunto de caminhos possíveis. No primeiro momento, é essa oferta de cooperação porque nós queremos ir além da chamada autoria imediata, ou seja, não basta saber quem matou Marielle, é fundamental saber quem mandou matar Marielle e por quê.”

Flávio Dino ressaltou que a solução do caso “é uma questão transindividual”, pois “envolve o caso dessa vítima e de sua família, mas envolve também o funcionamento do sistema institucional em um importante Estado da federação que é o Rio de Janeiro”.

Ao assumir o cargo na segunda-feira, 2, Flávio Dino prometeu usar todos os esforços para solucionar o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco. O ministro disse que é “questão de honra do Estado brasileiro” descobrir quem foi o mandante do crime. A irmã da vereadora, Anielle Franco, também compõe o governo como ministra de Igualdade Racial.

Marielle foi assassinada a tiros em março de 2018, quando era vereadora do Rio de Janeiro. O carro em que ela estava foi seguido e alvejado no bairro Estácio, na região central da cidade. O motorista Anderson Gomes também foi morto. A única sobrevivente foi uma assessora da então vereadora.

As primeiras prisões aconteceram um ano depois. Em março de 2019, a Polícia Civil do Rio prendeu o policial reformado Ronnie Lessa, apontado como atirador, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, que seria o motorista do carro na perseguição a Marielle. Ambos estão presos em penitenciárias federais fora do Rio de Janeiro e vão a júri popular.

Na mesma semana das prisões, a polícia fizeram a maior apreensão de fuzis da história do Rio, na casa de um amigo de infância de Lessa. Eram 117 armas novas, do tipo M-16, desmontadas em caixas O policial reformado foi apontado como dono do material e condenado por comércio ilegal de armas. A principal hipótese é a de que as armas seriam vendidas a milicianos e traficantes.

Passados quase quatro anos, a investigação alega ter encontrado aos executores e esclarecido a dinâmica do crime, mas não conseguiu chegar ao mandante do atentado. A motivação do assassinato também é desconhecida. Além disso, a arma usada do crime nunca foi encontrada. A principal suspeita é a de que tenha sido jogada no mar depois que Ronnie Lessa foi preso.

Em maio de 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para transferir a investigação sobre os mandantes do assassinato para a esfera federal. Os ministros da Terceira Seção entenderam que não havia indicativos de inércia das autoridades estaduais para tentar resolver o atentado. Na época, a família de Marielle foi contra a federalização do inquérito.

Estadão Conteúdo

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